O Corinthians atrasa salários e não tem como dar garantia bancária que vai pagar um jogador que custa pouco mais de R$ 10 milhões. O Atlético-PR vende os melhores jogadores e quase nada contrata. O Grêmio enxuga o elenco e também tenta vender desesperadamente sua principal revelação. O Internacional se reforça a conta-gotas.
Esses quatro clubes têm, além da penúria atual, algo em comum. Os quatro foram os principais clubes brasileiros que se aventuraram na missão de erguer milonárias arenas (o Palmeiras escolheu um modelo diferente, em que não investiu recursos próprios no Allianz Parque, construído por uma empreiteira que vai explorar o estádio por mais de 20 anos).
E a conta começa a bater agora, em situação agravada com as arenas longe de serem o farto manancial de recursos que prometiam.
O Corinthians até hoje não conseguiu vender os "naming rights" de seu estádio, em Itaquera. Os camarotes também estão encalhados, assim como os assentos mais nobres. O clube tinha o sonho de acelerar o pagamento do empréstimo do BNDES, de cerca de R$ 750 milhões. A ideia era pagar até R$ 100 milhões por ano, mas o clube terá dificuldade até de quitar os R$ 5 milhões mensais, cujo primeiro lote de parcelas vence em julho.
Isso mesmo canalizando todas as rendas dos jogos para essa dívida, deixando assim o clube com menos recursos para o futebol, ao ponto de ter dificuldades para fechar acertos com jogadores modestos, como Jonas, do Sampaio Correa, e ficar distante de Dudu por não ter como pagar um sinal à vista de menos de R$ 5 milhões exigidos pelo Dinamo de Kiev.
Atlético-PR: dívida de quase R$ 70 mi por Arena
Situação ainda mais crítica vive o Grêmio. Até 2014, o clube pagava R$ 18 milhões anuais para a empreiteira OAS por sua nova arena, que nunca enche. O clube resolveu dar um passo à frente e comprar o estádio de forma integral. O plano é aumentar as prestações para R$ 24 milhões a partir deste ano - ainda não saiu do papel pelo envolvimente da OAS na Operação Lava Jato).
E, assim, Luiz Felipe Scolari terá que se virar com um time de garotos. O clube dispensou veteranos, como Zé Roberto e Pará, não renovou contratos com jogadores como Dudu, tenta se livrar de astros como Marcelo Moreno e Kléber e procura uma oferta por sua principal joia, o meia-atacante Luan - quem o clube avalia em 12 milhões de euros.
Com uma dívida de R$ 240 milhões para ser paga até o final do ano, o Inter é outro que não conseguiu fazer o novo Beira-Rio render. Camarotes também seguem empacados, e nada de venda de "naming rights". Assim, o clube, que se notabilizou por ser um dos maiores gastões do futebol brasileiro nos últimos anos, agora se reforça de forma modesta.
Corinthians tem conta alta com sua Arena
O Atlético-PR, segundo seu presidente Mario Celso Petraglia, tem uma dívida de quase R$ 70 milhões com o BNDES pela reforma da Arena da Baixada. E 2015 não promete ser um grande ano para o time, que pouco se reforçou, ao contrário das vendas.
O clube vendeu para um fundo de investimento, que repassou o jogador ao Flamengo, o atacante Marcelo Cirino por cerca de R$ 13 milhões. Antes, havia vendido Douglas Coutinho para o mesmo fundo, que agora tenta colocar o jogador no mercado europeu.