As categorias de base do Corinthians conquistaram dois títulos no último fim de semana – a BH Cup, diante do Flamengo, e a Copa de Altura, vencida na Bolívia e com ampla repercussão no país vizinho. Para Fernando Alba, que comanda o departamento amador do clube, o sucesso dos pratas da casa só não é repetido com mais frequência na equipe profissional em função da política de contratações do clube.

“Não é questão de estar certo ou errado. Cada time tem o seu perfil. O Corinthians possui um poderio financeiro maior e tem a cultura de investir em contratações, o que diminui o aproveitamento dos garotos na equipe de cima. Outros times não fazem isso simplesmente porque não têm dinheiro”, comentou Alba, em conversa com a Gazeta Esportiva.

O diretor observou que, ainda assim, os jogadores revelados pelo Corinthians “são os que mais movimentaram dinheiro nos últimos anos”. Mencionou o zagueiro Marquinhos e o meia Willian, assíduos na Seleção Brasileira de Dunga, como exemplos de revelações de sucesso. Ambos atuaram pouco no time profissional do clube do Parque São Jorge e hoje estão no Paris Saint-Germain, da França, e Chelsea, da Inglaterra, respectivamente.

Último prata da casa a ganhar destaque no Corinthians, o atacante Malcom também já é alvo do interesse de clubes europeus e poderá deixar o clube sem ter as oportunidades de trabalhar com Tite e de disputar a Copa Libertadores da América.

“O Malcom é um reflexo do que estou falando. Ele teve a chance de surgir como titular dos profissionais porque o Nilmar não veio. Se viesse, seria melhor? Não dá para saber. O Corinthians poderia ter sido campeão brasileiro ou ficado mais atrás na tabela. Mas isso não muda a qualidade do Malcom. É a mesma”, argumentou o diretor de futebol da base.

Além de Malcom, o técnico Mano Menezes aproveitou o lateral esquerdo Guilherme Arana, o zagueiro Pedro Henrique e o atacante Gustavo Tocantins no dia a dia do CT Joaquim Grava em 2014. Fernando Alba espera que mais dois ou três atletas vindos da base possam colaborar com o Corinthians na próxima temporada, porém evita fazer maiores projeções.

“A ideia é sempre colocar bons valores à disposição. Agora, um novo técnico vai chegar, e as coisas dependerão dele.

Geralmente, os treinadores preferem que cheguem a reforços já prontos a ter de trabalhar com os meninos”, ressalvou. “Para mim, dizer que você vai revelar tantos jogadores em determinado período é uma utopia, uma bobagem. Isso depende de uma série de fatores. O importante é ter qualidade, e isso nós temos”, complementou.

Enquanto não encontra um novo Malcom, portanto, o Corinthians se encarrega de aumentar a sua galeria de troféus no departamento de base. Após conquistar a BH Cup com o time sub-15 e a Copa Altura com o sub-17 – além de ter quebrado um jejum de 17 anos no Campeonato Paulista com o sub-20 –, o clube mira a sequência do Campeonato Brasileiro sub-20 e a próxima Copa São Paulo de Juniores, da qual é o maior campeão, com oito títulos.

“Vencemos campeonatos fortes no fim de semana. A BH Cup é praticamente o Brasileiro da categoria. Na Bolívia, a molecada teve de lidar com a altitude e ainda fez um jogo duro com o Palmeiras nas quartas de final. Mas isso não é muita novidade para nós. É só a sequência de um trabalho”, minimizou Alba, prometendo times competitivos para os próximos torneios. “E conquistas e revelações são coisas que caminham juntas”, lembrou.

Ao menos fisicamente, o Corinthians diminuirá a distância dos seus times de base para o profissional no ano que vem. O centro de treinamento das divisões inferiores, vizinho ao CT Joaquim Grava no Parque Ecológico do Tietê, está recebendo grama e deverá começar a ser utilizado até março. “A estrutura ainda não estará instalada, mas os campos já ficarão à disposição”, concluiu Fernando Alba.