Em sua participação no "Arena SporTV" o ex-técnico do Vasco Joel Santana, comentou os problemas de formação de jogadores no Brasil. O treinador acredita que a mentalidade de trabalho no país precisa ser mudada. Ele citou, inclusive, a forma de trabalhar dos atletas argentinos, considerada por ele como mais profissional
- Antes havia muito talento, então você resolvia os problemas rapidamente. Hoje se não tiver planejamento, principalmente disciplina e organização, você não chega a lugar nenhum. Se fala muito da Alemanha, mas vamos falar dos argentinos aqui do lado. Eles estão jogando muito bem. A cabeça dos argentinos é mais profissional, mais que a nossa. Infelizmente tenho de dizer isso.
O Guiñazú é profissional, não chega atrasado, não fica acima do peso. O brasileiro tem que mudar lá embaixo a cabeça do garoto. Antigamente a gente achava bonito, hoje não é mais. Temos que entender que o nosso navio tá assim, não vai ficar à deriva porque aqui é Brasil. Mas se não abrirmos os olhos... Série B estamos aí - analisou Joel.
Sobre a falta de estrutura para se trabalhar nas categorias de base, o treinador citou o futebol carioca. Para Joel Santana, o Rio de Janeiro passa por uma crise neste sentido.
- O futebol carioca vive uma crise. Não pode uma equipe de manto, de bandeira forte, como são as do Rio, não ter um centro de treinamento. Não para o time principal, mas para as equipes de base. Futebol hoje não é feito para colocar o amigo.
Ex-jogador é bom, foi craque, mas ele é formado? Tem curso? Sei que isso vai machucar muita gente.
Você sabia que eu trabalhei cinco anos com categoria de base? Foi nos Emirados Árabes e no Vasco. Fiz o Vasco ser campeão nas categorias de base depois de 12 anos. Na única vez que os Emirados foi à Copa, tinha seis jogadores meus. Mesmo com esse meu inglês. Futebol é universal - disse.
Joel Santana defende um trabalho mais profissional na base
Por falar em inglês, Joel Santana fez bastante sucesso com comerciais que protagonizou utilizando uma forma própria de falar o idioma. O treinador não acredita que isso o tenha transformado em um personagem caricato.
- Eu sou rodado um pouquinho. Estive na Arábia Saudita em quatro clubes, estive nos Emirados, na seleção da África do Sul, no Japão. Aí teve aquela polêmica do inglês.
Agora todo mundo estudou em Oxford, em Londres, em Nova York... todo mundo fala inglês. O que aconteceu? Eu dei uma virada nessa situação e fiz uma propaganda que é sucesso.
Eu nem sabia que ia ter jeito para esse negócio, que é muito difícil. A primeira foi a propaganda do refrigerante, do "pode to be", e foi escolhida a melhor propaganda do ano. Isso é muito bom, cara.
Você acha que o Mourinho não faz propaganda?
Que o técnico do Bayern de Munique não faz propaganda? Todos os jogadores de basquete dos Estados Unidos fazem propaganda. Que mal tem fazer uma propaganda de xampu? - argumentou o treinador.