Se há algo em que Andrés Sanchez se especializou desde que entrou no Corinthians, é trabalhar nos bastidores. Foi costurando acordos, tramando e negociando, que ele conseguiu, por exemplo, passar a perna em Juvenal Juvêncio para tirar a Copa do Mundo do Morumbi são-paulino e tornar realidade o sonho corintiano de ter um estádio próprio.

Nos primeiros anos como presidente do clube também se destacou por se cercar de pessoas competentes em áreas capitais para o momento que o Corinthians vivia, na Série B de 2008, sem credibilidade nem crédito no mercado. No marketing, nomeou Luis Paulo Rosenberg; no jurídico, Sergio Alvarenga; e no financeiro, Raul Correa da Silva (que só passou a ser combatido internamente anos depois).

Mas ele mesmo como gestor do futebol do Corinthians – que comandou com Mário Gobbi e Mano Menezes – tomou algumas decisões que ameaçaram o equilíbrio do clube. Até, talvez, por ser “ousado” demais, um termo que ele mesmo usou ontem, ao pedir coragem aos candidatos a presidente. Uma delas, a de não encaminhar à Receita Federal os tributos e impostos que eram deduzidos dos salários dos jogadores durante toda a sua gestão. Só essa decisão aumentou em quase R$ 100 milhões – valor calculado pela Justiça – as dívidas do Corinthians em apenas quatro anos de gestão, entre 2008 e 2011.

É fato que não há boa gestão no futebol ou em qualquer setor sem uma dose de ousadia, mas o momento financeiro do clube também exige cautela. Muita cautela. Principalmente depois de um ano em que o clube começou a atrasar salários, o que não acontecia há tempos. Principalmente pela dívida de quase R$ 1 bilhão que o clube tem para pagar o estádio que ele, Andrés, construiu e fez acontecer.