Ele chegou com a missão de reformular uma equipe envelhecida, que vinha de um resultado bem distante do esperado. Conseguiu renovar o time e montar uma base para o futuro, mas tropeçou bastante nesse caminho: foi eliminado precocemente de sua primeira competição, duramente criticado por imprensa e torcida após partidas ruins, e massacrado depois de perder em um torneio que parecia ganho. E justo em seu melhor momento, quando parecia que havia acertado a forma de jogar, teve a saída anunciada.
É claro que o técnico referido acima é Mano Menezes. Mas estamos falando de sua segunda passagem pelo Corinthians, encerrada no último sábado após a vitória por 2 a 1 sobre o Criciúma, ou de seu tempo na Seleção Brasileira? Os dois trabalhos interrompidos do treinador guardam várias semelhanças, e também têm em comum o sentimento de tristeza despertado no técnico ao ver que não teria chance de colher os frutos após "roer o osso" da reformulação.
"Sempre não terminar trabalhos gera pelo menos um sentimento de que você queria mais, exatamente porque pensa e acredita que os trabalhos têm estágios, que em um primeiro momento é muito mais duro e desgastante. É mais honesto para a relação quando você deixa que alguém pegue o osso mais duro, que faça o trabalho mais pesado, mais desgastante, mais antipático, que uns não querem, que deixe o segundo momento também para este profissional. Mas não é a primeira vez que acontece, também não vai ser a última", reclamou Mano no último sábado.
O treinador deixou o Corinthians criticando o imediatismo na cobrança por resultados e a forma rasa com que o futebol é analisado no Brasil. "Essa é a avaliação do trabalho, ninguém tem paciência para esperar o término, avaliam trabalho como resultado apenas, e se precipitam nas avaliações, como aconteceu na Seleção também", disse. Para que o paralelo com a Seleção fique completo, só falta mesmo o próximo técnico vencer o Campeonato Paulista... com a base montada por Mano.