O time que se acostumou a ter uma das melhores defesas do Brasil conviveu com duas duras goleadas nos extremos da temporada 2014. Os 5 a 2 sofridos diante do Fluminense, domingo, no Maracanã, frustraram os planos do Corinthians - apesar de classificado para a Taça Libertadores do ano que vem, passou 2014 sem títulos, sem se garantir na fase de grupos da competição internacional e com o futuro do técnico Mano Menezes em dúvida.
O trabalho que praticamente termina com goleada também começou com uma: 5 a 1 para o Santos, no terceiro jogo do Corinthians nesta temporada. O Timão não perdia de cinco por duas vezes no mesmo ano desde 1961, época em que a equipe, mal das pernas, era tratada com o jocoso apelido de “Faz-me rir”.
Entre os dois resultados negativos, muitas mudanças. A reformulação promovida por Mano após aquele jogo rendeu oito saídas entre os 14 jogadores que participaram da derrota na Vila Belmiro. Era o que a diretoria do clube queria, mesmo sabendo do risco de ter um ano magro após conquistas de nível continental e mundial com o antecessor de Mano, Tite.
Mano cumpriu parte de seus objetivos. Trocou muitas peças e fez o time jogar bem em alguns momentos da temporada – inclusive na série de quatro vitórias consecutivas antes da derrota para o Fluminense. Por outro lado, teve momentos ruins que aumentaram a desconfiança da torcida e parte da diretoria. Além das duas goleadas, há a eliminação da Copa do Brasil contra o Atlético-MG: 4 a 1, no Mineirão.
As contestações se refletem nos ânimos em campo. No domingo, Mano discutiu com um torcedor que o hostilizava na arquibancada do Maracanã. Fato que não é inédito para o técnico em 2014. O nervosismo também provocou sua expulsão. As reclamações aos árbitros são frequentes, ainda que o técnico não veja problemas de maturidade em sua equipe.
- Tem muitas equipes maduras que também sofrem neste momento. Quando você se sente desrespeitado de forma frequente dentro do mesmo jogo, aqueles que são ganhadores se revoltam mais porque não aceitam isso. Não é normal. Acontecer a mesma coisa durante 90 minutos não é normal - disse o técnico.
Mano chega ao último jogo da temporada, sábado, contra o Criciúma, com poucas chances de continuar no cargo em 2015. As dúvidas internas entre os candidatos à presidência do clube aumentaram após a goleada. O atual mandatário, Mário Gobbi, busca um consenso com os candidatos à sua sucessão – as eleições serão apenas em fevereiro de 2015. Tal consenso, hoje, não passa pela permanência de Mano no Corinthians.