Em campeonatos longos, com muitos jogos, é muito difícil chegar em uma reta final, em uma semana decisiva, sem desfalques por suspensão ou contusões. O Corinthians que o diga. Dia 1º de dezembro é sinônimo de quebra-cabeça. De como resolver um problema. De mistério. Assim foi em 2005 e 2011, às vésperas de jogos que dariam o tetra e o penta do Campeonato Brasileiro ao Timão.
Há nove anos, não havia muito segredo. Betão, um dos zagueiros titulares, estava suspenso para o jogo contra o Goiás, no Serra Dourada, na última rodada. O técnico Antônio Lopes abriu o jogo sem cerimônias: Wendel seria o substituto, e Marcelo Mattos, volante, seria recuado para a zaga.
Nada que abalasse o clima de confiança. No dia 1º de dezembro de 2005, cerca de 500 torcedores foram ao Parque São Jorge dar apoio e ver o treino da equipe alvinegra – o Corinthians ainda não tinha o CT Dr. Joaquim Grava, inaugurado em 2010.
Já no CT, em 2011, o mistério era grande. O técnico Tite tinha dois desfalques para o clássico decisivo contra o Palmeiras, no Pacaembu: Danilo e Ralf. O meia já tinha substituto, que era Alex. Mas havia muitas dúvidas sobre quem jogaria no lugar de Ralf. O treinador deu a entender que seria Moradei, volante de ofício. Mas no treino do dia 1º de dezembro daquele ano, o zagueiro Wallace, improvisado, foi o escolhido.
Para completar os problemas de Tite, naquele dia, o atacante Emerson foi suspenso por um jogo pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) por conta de um pisão no jogador Daniel, em um confronto contra o Avaí. O mais provável era que Jorge Henrique assumisse o lugar vago na equipe.
Mistério também rondava o Corinthians no dia 1º de dezembro de 1990. O técnico Nelsinho Baptista preparava a equipe para o segundo jogo das quartas de final contra o Atlético-MG, no Mineirão. Na ida, deu Timão por 2 a 1. Com a vantagem do empate, o treinador tinha um problema e tanto: Neto, o principal craque do time, estava suspenso. E, além de Nelsinho, ninguém sabia quem o substituiria.
Sem mistérios
Segredos não fizeram parte do ambiente corinthiano no dia 1º de dezembro dos anos de 1998 e 1999. Há 16 anos, o assunto do momento era as reclamações do técnico corinthiano, Vanderlei Luxemburgo. Após o primeiro jogo da semifinal contra o Santos, na Vila Belmiro – em que o Corinthians perdeu por 2 a 1 –, o treinador questionou a recepção da torcida santista, que não foi muito calorosa, já que Luxa havia deixado a equipe praiana para comandar o Timão em 1998.
No ano seguinte, o clima era de paz e concentração. O Corinthians vinha de uma vitória emocionante sobre o São Paulo por 3 a 2, no primeiro jogo das semifinais, no Morumbi. O Timão iria viajar para Barueri, onde iria ficar concentrado durante toda a semana até a segunda partida – naquela época, os mata-matas eram disputados em melhor de três confrontos.
O capitão do Corinthians em 1999, Rincón, alertava para os perigos de Raí, que havia perdido dois pênaltis na primeira partida, com duas grandes defesas de Dida. “Com sua experiência, vai transformar o aborrecimento de ter perdido dois pênaltis no último jogo em motivação. Teremos de marca-lo mais forte”, falou.
Ao contrário de todos esses anos, em 2012, o ambiente (ainda) não era de decisão. O Corinthians se preparava para o clássico contra o São Paulo na última rodada do Brasileirão, no Pacaembu. O foco, na verdade, era a preparação para o Mundial de Clubes da FIFA, no Japão. No último treino antes do embarque, o técnico Tite escalou o time com Cássio; Alessandro, Chicão, Wallace e Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Douglas e Danilo; Emerson e Guerrero. “O Mundial será reflexo do nosso trabalho aqui, dos treinos e dos jogos do Brasileiro”, disse o treinador em 1º de dezembro daquele ano.
Campeão Paulista de 1928
Dia 1º de dezembro também foi dia de gritar “É campeão!”. Tudo bem que isso ainda não deveria ser uma prática em 1929. Há 85 anos, o Corinthians goleava fora de casa o Palestra Itália – futuro Palmeiras – por 4 a 1 e conquistava o sétimo título paulista da história do clube alvinegro, o bi depois de ganhar também em 1928.