12/11/2014 08:18
'Festival' de trocas de mando obriga Corinthians a viajar 7 mil quilômetros
Corinthians volta a sofrer com ‘festival’ de trocas de mando de campo no Brasileirão. Timão visita Goiás em Belém (PA) e chega a quase 7.000 quilômetros extras percorridos*
O Goiás quis, o Governo do Pará se interessou e a CBF deu aval. E o Corinthians voltou a se prejudicar por conta do “festival” de trocas de mando de campo na atual edição do Brasileirão. Esmeraldinos e alvinegros se enfrentam no próximo dia 19 em Belém (PA), no Estádio do Mangueirão.
Pela quarta vez no campeonato, o Timão será obrigado a fazer deslocamentos maiores por conta de fatores externos. São 6.915 quilômetros extras de viagem devido a trocas de mando de campo (terceira maior marca entre os 20 clubes da Série A).
Como itinerante, o Corinthians jogou em Uberlândia (MG), Manaus (AM) e Cuiabá (MT). Encerrará a saga em Belém (PA).
Os motivos que impulsionaram as trocas de mando na atual temporada giram em torno da Copa do Mundo, das novas arenas e de punições impostas pelo STJD. O Corinthians, por exemplo, mandou jogo contra o Vitória na Arena Pantanal (em estado que não tem clube nas duas principais divisões do futebol do país) e visitou o Atlético-MG no Estádio João Havelange por conta de punições.
Por outro lado, foi à Arena Amazônia (outra herança da Copa) sob mando do Botafogo, que lucrou para levar o jogo para Manaus.
Sem grandes pretensões na reta final do Brasileirão, o Goiás quer lucrar com a venda de ingressos, já que a torcida do Corinthians é a segunda maior na Região Norte, só atrás do Flamengo (28% a 12%). Para o meia Petros, a intenção de ganhar dinheiro com bilheteria não justifica mandar o jogo em Belém.
– Complicado. É um desgaste muito grande. A gente viaja demais. É melhor então botar o jogo aqui na Arena (Corinthians) com renda deles, vão faturar muito mais, não há necessidade de tanto deslocamento – reclama o camisa 40 do Timão.
– A gente não tem nada contra viajar, mas o desgaste é grande. Jogar domingo a domingo é uma coisa, mas um jogo seguido de viagem, não vai nem para casa... É o calendário brasileiro. Quem paga é o jogador – comentou o meia Renato Augusto.
* Levantamento foi feito sobre a diferença entre onde o time deveria jogar e onde de fato jogou
CONFIRA ABAIXO A TABELA DO 'BRASILEIRÃO DE ITINERANTES'**
CLUBE DISTÂNCIA (KM) LOCAIS 'ANORMAIS' ONDE JOGOU
Botafogo + 10.200 Juiz de Fora, Presidente Prudente, Brasília (2) e Manaus (2)
Flamengo + 6.981 Brasília, São Paulo, Uberlândia, Cuiabá e Manaus
Corinthians + 6.915 Uberlândia, Manaus, Cuiabá e Belém
Atlético-PR + 3.397 Florianópolis, Brasília, Uberlândia e Maringá (2)
Goiás + 3.116 Brasília, Itumbiara, Juiz de Fora, Cuiabá e Belém
Atlético-MG + 1.889 Uberlândia, Cuiabá e Ipatinga (2)
Santos + 1.516 Londrina e Cuiabá
Fluminense + 1.277 Barueri, Ipatinga e Brasília (2)
Figueirense + 1.194 Barueri, Londrina, Araraquara e São Paulo
Bahia + 951 Barueri (2) e Brasília
Palmeiras + 838 Araraquara e Presidente Prudente
Cruzeiro + 826 Uberlândia (2) e Brasília
São Paulo + 766 Uberlândia (2) e Brasília
Vitória + 579 Cuiabá
Coritiba + 426 Maringá
Chapecoense + 121 Maringá
Internacional 0 -
Sport 0 -
Criciúma – 3 Itumbiara e Ipatinga
Grêmio – 286 Florianópolis
** Levantamento do L!Net levou em consideração mudanças de mando de campo com distâncias superiores a 200 km. Botafogo mandar jogo em Volta Redonda, por exemplo, não entra na conta.
A distância extra (contida na tabela acima) é a diferença entre a distância que a equipe percorreu nos jogos com mandos anormais e a distância que a delegação do clube deveria ter percorrido se os mandos fossem nas cidades previamente estabelecidas.
CURIOSIDADES
Beneficiados: O festival de trocas de mando de campo foi benéfico para dois clubes na atual edição do Brasileirão. Grêmio e Criciúma se deslocaram menos do que se deslocariam normalmente.
Neutros: Apenas dois clubes não foram afetados de forma alguma pelas trocas de mando. Internacional nem Sport jogaram em estádios diferentes daqueles previstos pela CBF antes do início
do Brasileirão.
À vontade: Alguns clubes pareceram não ter se incomodado com as mudanças de mando de campo. Botafogo, Goiás, Atlético-MG e Atlético-PR foram as equipes que mais pontos somaram jogando em “mandos anormais”: 12, nove, oito e oito respectivamente.
POR QUE BOTAFOGO É O MAIOR VIAJANTE EXTRA?
Não à toa o Botafogo é o clube que mais vezes se deslocou na Série A por conta de trocas de mando de campo. Os alvinegros vivem grave crise financeira e precisam de dinheiro das bilheterias para pagar salários de jogadores e funcionários.
Em 2013, o Bota saiu do Ato Trabalhista, tendo 100% de sua renda penhorada. Ademais, o clube evita mandar jogos no Maracanã desde que uma ação de Joel Santana na Justiça obriga a renda obtida no estádio a ser penhorada.
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