No fim de 2012, o Corinthians, que acabara de conquistar o Mundial Interclubes, estava prestes a se tornar uma das marcas mais poderosas do futebol mundial. Passados quase dois anos, porém, o clube está atolado em dívidas e bem longe, dentro de campo, de repetir as façanhas recentes.

Nem por isso, o clube diminuiu seus gastos. Pelo contrário, os cerca de R$ 10 milhões mensais na folha de pagamento são o maior valor desembolsado por uma equipe brasileira na folha de pagamento do departamento de futebol.

Segundo o conselheiro Roque Citadini, o Corinthians embarcou na ilusão de que os investimentos no futebol, por causa da Copa do Mundo, iriam prosseguir após o evento.

Some-se a isso, o fato de o Corinthians, mesmo antes do Mundial, apresentar queda de receitas em relação ao ano anterior. Pelos dados da Pluri Consultoria, em 2103, as receitas caíram 12% em relação ao ano anterior, chegando a R$ 316 milhões. Para agravar, os gastos somente no futebol aumentaram em 6%, chegando R$ 248,2 milhões. A Pluri informa que se trata do maior valor destinado a este setor por uma agremiação no Brasil.

— A Copa passou e a conta ficou. O Corinthians estava gastando muito, contratando jogadores, pagando salários altos, a cada dia, praticamente, há novas notícias de dívidas.

O conselheiro afirma que neste caso a dívida relativa ao estádio não tem influência. Tudo que tem entrado no caixa do clube, referente à bilheteria, tem ido para o Fundo que administra a arena, do qual o Corinthians nem é o proprietário.

— O Corinthians atravessa uma grave crise financeira independentemente do estádio. Gastou demais no futebol, abriu um buraco nas contas e agora utiliza soluções perigosas, como empréstimos bancários, antecipação de receitas e de cotas de televisão. A solução é dolorida: cortar gastos com o futebol e tentar desta maneira manter uma equipe competitiva. O Corinthians não vai conseguir eternamente gastar mais do que arrecada.

A dívida do Corinthians subiu 17% entre 2012 e 2013, passando a R$ 193,7 milhões. E o clube se mostra estagnado na busca de recursos vindos do marketing. Iniciativas, como a contratação de Ronaldo, ficaram em um passado recente, onde a entidade ainda tinha um rastro de criatividade para aproveitar o potencial de sua marca. No marketing, houve perda de receitas de 18%. E o valor das cotas de TV caiu 33%.

— O futebol antes da Copa vivia um momento de euforia. Agora isso arrefeceu. O país não está crescendo e as empresas estão cortando gastos, deixando de investir no esporte. Ontem, pelo Campeonato Brasileiro, vários clubes jogaram sem anúncio nas camisas.

Citadini diz que os seguidos déficits são comuns em todas as grandes equipes, mas garante que o Corinthians está pagando um preço mais alto do que a média.

— No caso do Corinthians o buraco é maior. A exigência no clube é enorme e os gastos passam ainda mais do limite.