Jogador que é convocado para a seleção brasileira é o que corre maior risco de virar bode expiatório quando o clube em que ele atua não está bem. O exemplo mais recente deste fenômeno é o volante Elias, que tem sido bastante criticado por diretores, aliados do presidente Mário Gobbi.

Das tribunas do Itaquerão, não faltou dirigente para cornetar a atuação do jogador, no último sábado (1). Muitos reclamavam, buscando livrar a responsabilidade da diretoria, que o jogador não estava voltando para marcar, acusando-o até de estar fazendo corpo mole. Outros diziam que ele estava mais preocupado em jogar pela seleção brasileira.

Elias, depois de ficar de fora da Copa, tem sido convocado pelo técnico Dunga e teve boa atuação nas últimas duas partidas, contra Argentina e Japão, quando começou como titular. Ele também reestreou pelo Corinthians somente no segundo semestre, por ter sido inscrito tardiamente e após ter ficado um tempo parado por causa de questões burocráticas com o seu ex-clube o Sporting, de Portugal.

Enquanto os dirigentes soltavam suas cornetas, os jogadores do Corinthians saíam de campo insatisfeitos com o empate em casa, contra o Coritiba, por 2 a 2. Elias acabou gesticulando, pedindo para torcedores, que gritavam contra ele, ficarem quietos.

Certamente ele não faria o mesmo com os dirigentes ensandecidos contra sua atuação. Por outro lado, depois do término da rodada, no domingo (2), o Corinthians se manteve no G-4. E se por acaso o clube se classificar para a Libertadores, com a ajuda de Elias, serão os dirigentes que ficarão quietos.

E, como se não tivessem falado nada, aplaudirã o jogador, não se cansarão de dar tapinhas nas suas costas e, sem cornetas, irão bradar para todos ouvirem. "Viu o rapaz, fui eu que o contratei!"