6/10/2014 08:38

Do uniforme ao paletó, Alessandro se adapta a nova rotina no Corinthians

Ex-lateral fala sobre aprendizado como dirigente do Timão e admite que clube precisa trabalhar para revelar mais jogadores nas categorias de base

Do uniforme ao paletó, Alessandro se adapta a nova rotina no Corinthians
As camisas, calções, meiões e chuteiras deram lugar a roupa social e sapatos. A “resenha” com os companheiros de elenco virou relação profissional. O número 2 na parte de trás uniforme hoje não é de ninguém. Alessandro deixou de jogar futebol, mas continua no convívio diário do Corinthians. Em uma função, ele próprio assegura, muito mais desgastante.

Os dez meses como coordenador técnico do Timão o levaram para uma realidade que era próxima, mas completamente desconhecida. E a palavra mais repetida pelo ex-jogador diz muito sobre o novo dia a dia: aprendizado.

Capitão nas históricas conquistas da Taça Libertadores da América e do Mundial de Clubes, em 2012, Alessandro não tem mais a concentração – da qual não gostava – como parte da rotina. Porém, as horas de trabalho aumentaram. Reuniões, viagens, planejamento...

O contato diário com o gerente Edu Gaspar e com o diretor de futebol Ronaldo Ximenes, para cuidar do departamento de futebol profissional, é somado com a principal função para a qual foi designado: cuidar da transição de jogadores das categorias de base para o time principal. Os quilômetros corridos em campo se transformaram em horas de escritório.

Eu sempre falo aos atletas: vocês não têm noção do tanto de trabalho que tem do outro lado. Quando eu jogava, chegava uma hora antes, treinava e ia para a minha casa.

Todos os outros funcionários do departamento chegam muito cedo. É muito trabalho, bastante desgastante. Um jogo acaba meia-noite, você sai após a coletiva do treinador e chega aqui cedo no outro dia. É um tempo de trabalho muito maior.

Estou buscando uma rotina, mas ela não existe. Você não concentra, mas viaja toda hora. O envolvimento é completo. É um desafio muito grande. Como atleta, eu nunca imaginei isso – contou, em entrevista ao GloboEsporte.com.

A voz ativa do lateral que orientava um time que entrou para a história do Corinthians hoje é mais comedida.

No CT Joaquim Grava, Alessandro prefere ouvir e observar os outros dirigentes para aprender mais sobre a função.

Após se aposentar, ele chegou a buscar professores e profissionais do esporte para iniciar cursos relacionados à rotina administrativa, mas não encontrou tempo suficiente. Além das preocupações imediatas, com os resultados do Timão em campo, o ex-lateral também tem de planejar as temporadas seguintes.

- Minha base é o departamento profissional. Convivo com o Edu e o Ronaldo no dia a dia, e todos os outros. Fazemos reuniões sobre futuras contratações, renovações, projetos para o clube. E tem a base também. Estamos buscando ver jogos do sub-20, conhecer todos os profissionais das categorias. A questão é fazer um elo para o atleta subir, treinar, participar de um jogo...

Tento passar informações para o Mano sobre características de jogo de cada atleta - explicou.


Alessandro em seu último jogo: salvo por Cássio

Até mesmo os encontros com a filha Ana Clara tiveram de se adaptar à nova rotina de Alessandro. Divorciado, ele vive sozinho em São Paulo, enquanto a garota fica no Rio de Janeiro. Nos fins de semana em que o Corinthians joga na capital paulista, o dirigente aproveita para recebê-la e matar as saudades.

Além das horas no centro de treinamento, ele ainda vai aos estádios para assistir a jogos dos times amadores e buscar novos talentos para o Timão.

- É muita gente. São muitas categorias. Sub-13, 15, 17, 20... Tenho de estar atento para aumentar o conhecimento. A falta de não ter revelado um atleta não é um problema pontual.

Grandes clubes passam por isso, até com quem tem uma base maior que a nossa. A minha figura não é para resolver todos esses problemas. Eu só estou aqui para ajudar - afirmou.

No início da temporada, o técnico Mano Menezes promoveu cinco atletas da equipe vice-campeã da Copa São Paulo de Juniores: o lateral-esquerdo Guilherme Arana, o zagueiro Pedro Henrique, o volante Fabiano, o meia Zé Paulo e o atacante Malcom.

Os dois primeiros ainda não ganharam chances na equipe profissional, o terceiro e o quarto acabaram emprestados, e apenas Malcom levou a melhor na disputa por espaço no elenco: diante da carência de atacantes do Corinthians, o garoto de 17 anos respondeu positivamente à chance na formação principal e se tornou titular ao lado de Paolo Guerrero.

Após tantas cobranças como jogador, Alessandro hoje ouve apelos diferentes dos torcedores. “Contrata fulano”, “Sicrano é ruim, manda embora”... Atento aos corintianos, ele admite que é necessário fazer com que as categorias de base rendam mais – especialmente quando o centro de treinamento dedicado ao futebol amador, anexo ao CT Joaquim Grava, ficar pronto.

- Há uma expectativa muito grande para que o Corinthians revele um atleta. Neste ano tivemos cinco atletas que subiram após a Copa São Paulo e apenas um jogando. Queremos aumentar isso. Mas é só com trabalho mesmo. Vamos terminar de construir o CT agora, e com certeza evoluir.

Alessandro acredita que o fim de carreira em alta com a torcida e a sequência como dirigente do Corinthians só foram possíveis por conta de um lance, ocorrido aos 18 minutos do segundo tempo do jogo contra o Vasco, no dia 23 de maio de 2012, pelas quartas de final da Libertadores.

Após erro do lateral, que chutou a bola em cima de Diego Souza, o meia do time carioca partiu sozinho em direção ao gol, mas acabou detido por Cássio.

Àquela altura, a partida estava empatada sem gols, e o Timão precisaria de dois gols para se classificar. Se a bola tivesse entrado, o então lateral alvinegro acredita que o final dele no clube seria outro.

- Com certeza aquilo mudaria minha história. Um lance isolado geraria nossa desclassificação na competição que mais desejávamos conquistar. Seria um peso muito duro sobre a minha figura. Aquilo mudaria minha carreira e meu futuro. Talvez fosse a minha última partida pelo Corinthians.

Não sei se teria a oportunidade de dar a volta por cima. O cara lá de cima me iluminou naquele momento para que eu continuasse no clube - disse, aliviado.

Definitivamente, a história para o jogador Alessandro terminou bem. Da Série B, em 2008, ao Mundial, ele ganhou oito títulos no Corinthians e viu o clube ressurgir do pior momento de sua história para chegar ao ponto mais alto que um clube pode atingir.

O primeiro troféu como dirigente ainda não veio, mas ele se mostra paciente. Afinal, o foco do momento é aprender.
- Não tenho planos de ocupar um alto cargo de dirigente. Para mim, é tudo aprendizado mesmo.


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6579 visitas - Fonte: GloboEsporte.com

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