5/10/2014 07:54

Democracia Corinthiana: o movimento que ajudou a construir o Brasil democrático

Sócrates comemora um dos seus gols na decisão do Paulista de 1982 contra o São Paulo

Democracia Corinthiana: o movimento que ajudou a construir o Brasil democrático

É fim de semana de eleições. Neste domingo (05), o povo brasileiro irá às urnas para votar no primeiro turno do pleito para Presidente da República, governadores, senadores e deputados federais e estaduais. O direito de exercer a democracia é fruto da luta de muitos cidadãos que tornaram capaz a liberdade de expressão e a possibilidade de eleger democraticamente os nossos representantes. E o Sport Club Corinthians Paulista foi o primeiro clube brasileiro a levantar essa bandeira, de entrar na luta pela redemocratização no país. O Corinthians.com.br relembra em a parceria com a Placar esse movimento histórico.

Em meio ao desgaste da ditadura militar e a ascensão do pensamento democrático, o Corinthians foi pioneiro. Criou um movimento que prezava pela democratização das resoluções administrativas do clube. Assim, diretor e roupeiro tinham o mesmo poder de decisão.

Com a eleição de Waldemar Pires à Presidência, o Corinthians viveria novos tempos. Somando-se os maus resultados da temporada de 1981, a saída do presidente Vicente Matheus e o anseio pela liberdade no período da redemocratização da política brasileira, o cenário era mais do que favorável. Sob o slogan de Democracia Corinthiana, criado pelo publicitário Washington Olivetto, o clube entrava de vez numa experiência revolucionária para o meio futebolístico.

O então presidente Waldemar Pires nomeou o jovem sociólogo Adílson Monteiro Alves como diretor de futebol. Inexperiente como cartola, o novo dirigente deu voz a jogadores politizados como Sócrates, Wladimir e Casagrande. As mudanças sociopolíticas foram profundas dentro do Parque São Jorge, desde a discussão sobre o autoritarismo nas relações sociais de trabalho até a necessidade real das conhecidas “concentrações” pré-jogo, que afastavam os jogadores da vida social.

No que diz respeito às atitudes dos próprios atletas, o movimento provou a importância do engajamento de ídolos das grandes massas. Além de combater o conservadorismo que regia os clubes brasileiros, os líderes da Democracia Corinthiana se tornaram porta-vozes da liberdade de expressão no país.

A Democracia Corintiana ocorreu em meio às manifestações populares pelas Diretas Já. Sócrates e outros jogadores corintianos participaram de comícios em favor das eleições diretas à Presidência da República e outros cargos. Nos jogos, o time entrava em campo ostentando, nas camisas, mensagens de incentivo ao voto e à participação política. Era 1982, e, naquele ano, foram realizadas as primeiras eleições diretas para eleger os governadores dos estados desde o golpe militar, em 1964.


Adílson Monteiro Alves e Casagrande na comemoração do titulo Paulista de 1983.

Os frutos dessa gestão visionária, corajosa e inovadora foram, para o Corinthians, dois títulos do Campeonato Paulista (1982 e 1983) e um respiro financeiro que veio com a quitação de todas as dívidas do clube. Para o Brasil, a Democracia Corinthiana foi além: ao entrar em campo com seus dizeres em prol da democracia política, o Timão reacendeu a massa na luta para a liberdade e o fim do regime ditador.

Para ilustrar melhor a atmosfera que o clube vivia naquele período, nada melhor do que um depoimento de uma das cabeças pensantes do projeto, o sociólogo Adílson Monteiro Alves. O que era, de fato, a Democracia Corinthiana?

Adilson explicava: “Fazemos reuniões em grupos, tomamos opiniões das bases, ouvimos realmente quem entende de futebol. Nossa meta é transferir a cada um a responsabilidade do trabalho e acabarmos com o paternalismo. O jogador de futebol geralmente é visto por dois extremos: como criança ou como um bandido. Para nós, o jogador é um trabalhador comum, mas de um talento diferente, um artista”.

No livro “Coração Corinthiano”, o autor Lourenço Diaféria faz uma análise sobre a Democracia Corinthiana que sintetiza a real essência do movimento, quando ainda não existia uma unanimidade quanto à importância desse período para o clube e para o país.

“Um dia, quando esse fenômeno for examinado dentro do fenômeno maior chamado Corinthians, com tranquilidade e coração frio, ficaremos sabendo se a Democracia Corinthiana foi um sonho esgotado – ou será o grande projeto para vigorar num país todo ele democrático, mais justo, mais esclarecido, mais límpido e menos poluído pela ignorância, pela miséria e pela irresponsabilidade. Então saberemos se a Democracia Corinthiana valeu ou não valeu de fato. E se valeu, se ela foi apenas um clarão que iluminou o Corinthians no passado, ou se servirá para tornar a iluminá-lo no futuro. O tempo – e os espíritos desarmados – terá então a última palavra”, diz o trecho.

Certamente, mais de 30 anos, é possível dizer: a Democracia Corinthiana valeu. Valeu muito, de fato. O Corinthians e o Brasil agradecem.



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5352 visitas - Fonte: Agência Corinthians

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