29/9/2014 18:55
Gobbi banca Mano, pede paciência, mas "exige" vaga na Libertadores
Presidente se pronuncia após duas derrotas consecutivas do Corinthians, fala de reformulação e assegura técnico, mas diz que classificação "é o mínimo" para o ano
Mario Gobbi viu a entrevista de três jogadores e depois também concedeu coletiva (Foto: Rodrigo Faber)
O presidente Mário Gobbi decidiu dar uma resposta aos questionamentos feitos pela torcida do Corinthians pela instabilidade da equipe no Campeonato Brasileiro. Após duas derrotas consecutivas, com o Timão fora do G-4, o mandatário bancou Mano Menezes no cargo de técnico até o final do ano, voltou a pedir paciência à Fiel e disse que o elenco está em processo de montagem, mas com certeza colherá os frutos do próprio trabalho na próxima temporada. Segundo Gobbi, as críticas a ele são injustas, tendo em vista tudo o que ele fez em prol do clube do Parque São Jorge. O presidente, no entanto, classificou a vaga na Libertadores como obrigação.
Foram exatos 42 minutos na sala de coletivas do CT Joaquim Grava. Com anotações em mãos, o presidente repetiu diversas vezes o fato de estar no Corinthians há muito tempo e também os títulos conquistados em sua gestão. Para ele, as cobranças feitas até aqui são imediatistas e mostram que muitos torcedores se esquecem dos últimos anos vencedores do Corinthians, que saiu da Série B, em 2008, para conquistar o Mundial de Clubes, em 2012.
– É difícil montar uma equipe nova com todo mundo jogando, quarta e domingo. Você tem de dar o crédito. Não sou marinheiro de primeira viagem. Se eu detectasse, aqui no departamento de futebol, algum problema que estivesse causando esses altos e baixos você não tenha dúvida que eu já teria agido. O grupo é unido, coeso, a qualidade técnica é excelente. A qualidade de caráter e profissionalismo também. Tão competente também é toda a comissão técnica. Precisa ter um pouco menos de ansiedade, controlar isso. Dar um pouco de tempo para que as coisas voltem a dar frutos – analisou o presidente.
A vaga na Taça Libertadores da América é tratada como obrigação por Mário Gobbi. Ao longo da temporada, a diretoria já deixou claro ao técnico Mano Menezes e aos jogadores que disputar a principal competição continente em 2015 é o mínimo que o Timão pode fazer, levando em conta os prejuízos que o clube teve neste ano por não estar no torneio.
No momento, o Corinthians é o sétimo colocado do Brasileirão, com 40 pontos, e está nas quartas de final da Copa do Brasil. Faz o jogo de ida nesta quarta, às 22h (horário de Brasília), contra o Atlético-MG, na Arena em Itaquera.
Veja os principais assuntos abordados por Gobbi:
Montagem da equipe
Sempre deixei muito claro que seria um ano de reformulação e montagem de um novo grupo. Isso teve que ser feito no curso do campeonato paulista para frente. Não se monta time em cinco meses. O futebol é imediatista, mas quem trabalha no futebol sabe perfeitamente que a história do Corinthians nos últimos sete anos mostra que você monta um grupo no mínimo em um ano. Você monta uma estrutura, no ano seguinte acrescenta detalhes que faltaram e passa a ter um time campeão. Foi dessa forma que o Corinthians ganhou todos os títulos nos sete anos. Não foi demitindo treinador que o Corinthians chegou aonde chegou. Em sete anos foram dois técnicos. Essa questão de troca de treinador ficou bem firmada quando o nosso grupo assumiu o poder no Corinthians. Assim não fosse, o Tite não daria sequência na carreira dele porque sairia na época do Tolima. Há duas semanas, a torcida do Internacional pediu a saída do Abel. Foram ao aeroporto, tudo que vocês sabem o que ocorre no futebol. A diretoria do Inter acertadamente manteve o Abel, e hoje é o segundo colocado do campeonato.
Altos e baixos na temporada
O time oscila porque está sendo montado. É um time forte, já chegamos a um patamar alto. Eu fiz uma comparação com o ano passado, quando tínhamos uma equipe já vencedora e campeã. Uma seleção mesmo aqui. Na mesma rodada do Brasileiro do ano passado, onde gastamos, para montar aquele time, em 2013, 70 milhões, estávamos com 34 pontos e em nono lugar. Terminamos o campeonato a quatro pontos da zona de rebaixamento. Esse ano sempre estivemos no G-4, saímos há duas rodadas e estamos a só três pontos do terceiro colocado. Além disso, estamos nas quartas de final da Copa do Brasil. Temos o Atlético na quarta-feira. Sendo que no ano passado, saímos nas oitavas de final, no Rio Grande do Sul (Nota da redação: na verdade, o Corinthians caiu nas quartas de final, para o Grêmio) É difícil montar uma equipe nova com todo mundo jogando, quarta e domingo. Você tem de dar o crédito.
Não sou marinheiro de primeira viagem. Se eu detectasse, aqui no departamento de futebol, algum problema que estivesse causando esses altos e baixos você não tenha dúvida que eu já teria agido. O grupo é unido, coeso, a qualidade técnica é excelente. A qualidade de caráter e profissionalismo também. Tão competente também é toda a comissão técnica. Precisa ter um pouco menos de ansiedade, controlar isso. Dar um pouco de tempo para que as coisas voltem a dar frutos. E voltarão.
Compromisso do Corinthians em 2014
O Corinthians ganhou todos os clássicos no Brasileiro. Clássicos brasileiros, não só paulistas. Perdeu para o Grêmio, mas jogou muito melhor e dominou o jogo. Todos os times acima do Corinthians perderam para o Corinthians. São nuances, detalhes, peculiaridades que ocorrem no futebol. O time está sendo formado, já existe uma estrutura pronta para colocar três ou quatro nomes no fim do ano e ter um time verdadeiramente campeão no ano que vem, não tenha dúvidas. Isso é trabalho e mérito da equipe técnica que o Corinthians tem. Claro que queremos ser campeões. Vamos buscar enquanto a matemática permitir. Caso não dê, a vaga na Libertadores é o compromisso mínimo, que tenho lá no clube e com todos aqui dentro. Temos de recolocar o Corinthians na Libertadores. É um trabalho nosso.
Quedas repentinas de técnicos
A seleção (brasileira) é a maior prova disso. Pegaram uma geração que tinha que ganhar Sul-Americana, Olimpíada, “pife-pafe”, xadrez e queria ganhar Copa do Mundo. Nós realmente somos muito bons. Certo estamos nós, que a cada três meses mudamos. Errado está o futebol de fora, que veio aqui e deu show. Ano que vem não estarei aqui, mas vocês verão um time campeão, com trabalho e estrutura de uma base. Assim que faremos ano a ano.
Críticas à presidência
No futebol só se olha o ponto. Perdeu do Atlético-PR, se esquece tudo o que ficou por trás. Eu vim aqui, assumi a reformulação e banquei. Porque gera esse desgaste, eu que não merecia passar isso, merecia respeito pelo que fiz no Corinthians nos últimos 12 anos, mas estou passando isso em benefício do Corinthians. E com caixa baixo. Chegou no Brasileiro, é esse time. E vai até 31 de dezembro. A comissão técnica, tudo. Foi por isso que a reformulação do Corinthians este ano foi feita no transcurso de um campeonato para outro. Quem vier terá o privilégio de ter uma base pronta, um grupo montado. Não que não precise de mais peças. Todo final de temporada se põe três, aumentando a qualidade técnica, e aí você vai montando um time campeão.
Planejamento
Se quiser voltar para o faz-me-rir, a cada três meses trocar técnico, podemos trocar. Não comigo. Com esse currículo de títulos, não vou voltar. O Corinthians tinha uma rotina de cinco técnicos por ano, e eu não vou fazer isso. É um desserviço. Na única vez em que mantivemos dois técnicos em sete anos, chegamos ao topo do mundo. Ao Japão. Eu lembro o que o Andrés sofreu para manter o Tite no Tolima. Todos que pediram “Fora, Tite” pediram “Fica Tite”. As pessoas têm de ter bom senso. Eu estou indo embora, mas tenho de passar essa cultura ao torcedor.
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