20/9/2014 10:48

Concentração, ainda um tabu: Júnior e Renato Gaúcho relembram histórias

Ex-jogadores, ao lado de Zenon, contam como lidaram, em diferentes épocas, com uma prática que é hábito ainda hoje no futebol brasileiro

Concentração, ainda um tabu: Júnior e Renato Gaúcho relembram histórias
O recente corte de Maicon da seleção brasileira trouxe à tona, mais uma vez, um tema quase tabu no futebol: a concentração. O lateral da Roma foi desligado entre os amistosos contra Colômbia e Equador, nos EUA, após se atrasar na reapresentação ao técnico Dunga depois de uma folga. O tempo passa, as coisas mudam, mas velhas questões permanecem no futebol. Hoje comentarista, o ex-jogador Júnior, recordista de jogos com a camisa do Flamengo, com 874 partidas, relembra as diversas mudanças ocorridas no esporte ao longo das três décadas em que defendeu o clube, entre 1970 e 1990.

- Naquela época, estou falando dos anos 70, quando comecei, para a gente era um prazer ir para a concentração, porque nós tínhamos todo tipo de diversão, uma comida excelente e, principalmente, não concentrávamos em hotel. A gente concentrava numa casa, onde você chegava, botava seu calçãozinho, sua sandália e ficava ali até o outro dia - relembra ele, para em seguida citar os anos mais vitoriosos do clube rubro-negro, na década de 80.

- O período de 80 é que já começa uma modificação, a galera um pouco mais profissional. Um pouco não, com a cabeça muito mais bem feita do que nesse período (de 70). Inclusive o Carlos Alberto Torres, nosso treinador no Campeonato Brasileiro, tirou a concentração e falou: “A concentração é facultativa”.


Ao lado dos jovens, Júnior orientava na hora de
se manter focado na equipe (Foto: Agência Estado)


O Maestro foi jogar na Itália. No Torino de 1984, a concentração era obrigatória. Já no Pescara, em 88, havia flexibilidade. Júnior voltou ao Brasil para brilhar de novo no Flamengo, no começo dos anos 90. Ali, já era o "vovô" da turma, e os conselhos a um time repleto de jovens foram importantes.

- Peguei uma geração no Flamengo de Júnior Baiano, Marquinhos, Marcelinho, Piá, Rogério, os garotos que foram campeões da Copa São Paulo de Juniores. Naturalmente, tinham uma visão diferente da minha, que tinha 38, 39 anos. “Só vou contar história triste pra vocês, de gente que chegou aonde vocês chegaram e não deram continuidade”. Então eles passaram a ser meus amigos, até hoje.

À medida em que o futebol se tornava cada vez mais profissional, entre uma época e outra, o comportamento dos jogadores também passava por mudanças. Júnior se lembra da época em que a casa que servida de concentração do Flamengo, hoje desativada, mais parecia casa de família. Por outro lado, guarda boas histórias de anos de amadorismo.

- Fizeram a primeira reforma na concentração do Flamengo nos anos 60, e disseram que quando foram quebrar as paredes, elas estavam cheias de garrafas de conhaque escondidas ali. Mas isso é coisa de 1950, onde imperava mais o amadorismo. Essas histórias, na verdade, ficaram bem pra trás.


Zenon fez parte de um Corinthians que aboliu a
concentração e foi vencedor (Foto: Agência Estado)


Para abandonar conceitos antigos, um contemporâneo de Júnior também fez parte de um time vitorioso. Zenon era um dos destaques da equipe de Sócrates, Casagrande e Vladimir no Corinthians. Juntos, eles ajudaram a criar um movimento que foi chamado de Democracia Corintiana.

- Jogadores, comissão técnica e diretoria tiveram essa ideia e se uniram para criar esse projeto, e realmente não existia concentração: os casados ficavam em casa e os solteiros iam para a concentração porque, afinal, iam para um baita de um hotel e ficavam bem tranquilos.

Com jogadores politizados, mas também rebeldes, muitos temiam que a liberdade prejudicasse o rendimento da equipe. Não foi o que aconteceu: "Nós conquistamos o bicampeonato paulista, fomos para um terceiro título em 84 que não conseguimos, chegamos a duas semifinais de Campeonato Brasileiro. Então, veio provar que o projeto era vitorioso".

Também na década de 80, uma história se transformaria em uma das maiores polêmicas do futebol brasileiro: o corte de Renato Gaúcho, no auge da carreira, da Copa do Mundo de 1986.


Renato Gaúcho se recorda de corta na Seleção
após demora em folga (Foto: Reprodução / SporTV)


- Faria tudo de novo, até porque fui para ajudar um amigo, enquanto vários jogadores foram embora. Vi a situação do Leandro que, naquele momento, não era tão boa, e falei para todo mundo: 'vamos ficar com ele, vamos arrastar de volta?'. Todo mundo foi embora e eu fiquei. Na época, nós estávamos há praticamente um mês fechados e tivemos uma folga das 10, ou 12h, até às 22h, e nós chegamos algumas horas depois. É lógico que tinha que pagar por um erro que cometi, não com um corte, até porque a Copa do Mundo estava ainda muito longe
O hoje técnico se mostra bem diferente do polêmico jogador, e lembra que na Europa a realidade é bem diferente justamente diante da consciência que o jogador do Velho Continente tem. Bem diferente do que se vê por aqui.

- O europeu é, digamos, muito mais consciente das coisas, o jogador brasileiro ainda não. Muito mais comprometido, muito mais, muito mais responsável. O jogador brasileiro não está preparado.


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