O primeiro tempo do clássico na Vila foi daqueles para se esquecer. Com 30 minutos de bola parada, 7 cartões e 22 faltas, o cenário foi típico do tão criticado futebol brasileiro: a cobrança é vencer, não jogar bem. Para isso, o jogador usa de artimanhas como parar o jogo, simular falta e tudo o mais.
O tal do “atraso”, na verdade, é muito mais uma consequência cultural. Mesmo porque, Corinthians e Santos vieram montados em esquemas atuais: Mano usou o 4-4-1-1 que privilegia o drible e a movimentação de Romero; Oswaldo manteve o 4-2-3-1, com Damião na frente e Robinho aberto pela esquerda.
No tempo em que a bola rolou, o Santos foi melhor. Com Robinho, o time ganhou opções no organizado ataque. Cicinho abria pela direita e dava profundidade no campo, permitindo a Thiago Ribeiro recuar para armar: ou invertia para Robinho, que entrava na área “em facão”, ou acionava o camisa 4, que cruzava.
A expulsão de Alisson ainda no primeiro tempo foi o alerta para deixar o jogo menos pegado e mais jogado. E deixou, novamente com Robinho como destaque. Oswaldo quis ver como o Corinthians se portava e ousou recuando Lucas Lima e posicionando Damião e Robinho juntos num 4-4-1.
A ideia era contragolpear: o 4-4-1-1 de Mano precisou buscar jogo com Petros e Jadson cortando e buscando jogo no meio. Quase um 4-2-2-2, mas com intensidade e meias fechando os lados. Funcionou na posse, não no ataque: o Santos continuou melhor.
Na chance mais cristalina, Robinho e Damião inverteram. Sem o camisa 9, Robinho foi um atacante de movimentação e puxava a rápida transição santista que fechava espaços em duas linhas, como no frame, e buscava o 7 em velocidade.
Mano trocou Guilherme por Ferrugem e lançou Renato Augusto pela direita. Por lá, saíram boas chances onde Robinho não voltava, mas que terminavam em cruzamento. O gol de Gil saiu assim, assim como boas chances do time de Mano que defensivamente é completo, mas ainda falta o acerto ofensivo.
Acerto que, para o Santos, pode ter ficado mais fácil com Robinho. Damião engessava o 4-2-3-1 que fluía com Gabriel e Cícero no primeiro semestre. Com Robinho, o camisa 9 pode fazer boa dupla e Lucas Lima abrir pelo lado, formando duas linhas como quer Oswaldo.
A vitória foi corinthiana, com méritos. Mas o desempenho animador foi santista e pode ajudar em um time ainda em montagem.