Diversos torcedores corintianos chegaram em suas casas revoltados depois da partida contra o Bahia, na nova arena, em Itaquera. Eles foram embora mais cedo, perderam um pedaço do jogo, não assistiram ao último gol, de Renato Augusto, e muitos ainda tiveram que se virar para encontrar um jeito de voltar para as suas casas. O assunto tem dividido opiniões.

O primeiro (dramático) teste no horário 'nobre' da transmissão do meio da semana retomou um velho debate: além daqueles que brigam para que o metrô funcione até mais tarde, outros se perguntam se os jogos das 22h não poderiam ser marcados mais cedo.

Vale lembrar, o horário das partidas é definido conjuntamente pela CBF e pela TV Globo, a detentora dos direitos do campeonato, que definiu sua grade de programação nesse formato.

Nesta quinta-feira, corintianos iniciaram um abaixo-assinado para pressionar a Companhia de Transporte Metropolitano, com o objetivo de que as portas do metrô se fechem depois do normal - atualmente é 00h19. Há quem ache, no entanto, que o alvo das campanhas deveria ser o horário do jogo, indiretamente a Globo, e não o do transporte público. Essa é a opinião, por exemplo, da vice-prefeita da cidade, Nádia Campeão.

"O torcedor tem razão ao cobrar melhores condições para desfrutar de seu direito ao lazer. Mas, a meu ver, é mais razoável antecipar o horário das partidas do que mudar o funcionamento de toda a rede de transporte de massa. Como o sistema segue uma série de normas e protocolos para atender ao conjunto da população, o interesse público deve continuar preservado", afirmou a vice de São Paulo, ao ESPN.com.br.

O torcedor que começou a petição pública online, Fabio Petrillo, concorda com a representante do município, mas acredita que seja mais fácil mudar o horário do metrô do que o da TV Globo.

"Acho que não é o horário ideal. Mas a Globo paga (e muito) para os clubes, então, acho que esse é o lado mais difícil de mudar. Poderia ter uma regra sobre o assunto: eventos com mais de 15 mil pessoas que terminem depois das 23 horas deveria ser estabelecido que o metrô funcionasse até uma hora da manhã. Serviria para shows também", afirmou Petrillo, sócio do Corinthians, em contato com a reportagem.

O Metrô, no entanto, também já se posicionou sobre o assunto e tem afirmado que não vai mudar o seu funcionamento, ao menos até agora. Diante da situação, o presidente do Parque São Jorge, Mario Gobbi, entrou em contato com o governo do estado para tentar achar uma solução. O dirigente tem um encontro marcado com os representantes da secretaria de transportes na semana que vem.

Demora na volta para casa

Com problemas no transporte, alguns torcedores chegaram em suas casas mais de duas horas da manhã, ou seja, mais de duas horas depois do jogo ter terminado. Dois foram os problemas principais: alguns chegaram no metrô e os portões já estavam fechados e outros conseguiram pegar ele aberto, mas tiveram dificuldades ao chegar na estação da Luz.

Em contato com a reportagem, Carlos Henrique, uma dessas pessoas que enfrentou as dificuldades no meio do caminho, contou o seu drama para voltar da partida.

"Eu fui embora assim que acabou, mas estava muito tumultuado. Muita gente saindo ao mesmo tempo. Quando cheguei no metrô, as portas estavam fechadas. Eu moro em Guarulhos, não é tão longe. Costumo descer na Penha e pegar um ônibus. A gente sabe andar muito bem de metrô em São Paulo, mas não tão bem de ônibus muitas vezes. Fiquei procurando uma opção pra voltar para casa. Alguns me diziam que iria passar um ônibus, mas não deu certo. Depois de um tempo rodando e procurando informações, desisti. Peguei um taxi e gastei R$ 90 para ir embora", contou o torcedor.