A relação entre Ángel Romero e Corinthians começou muito antes de o atacante ser apresentado no CT Joaquim Grava, há duas semanas. Na infância em Assunção, o paraguaio já tinha o Timão como equipe favorita nos jogos de futebol no videogame: virtualmente, duelava contra o Boca Juniors do irmão gêmeo Óscar.

Hoje, o sonho se tornou real. Com expressão de garoto e riso fácil, se mostra deslumbrado ao vestir a camisa alvinegra e ser identificado por torcedores ao caminhar pelo Parque São Jorge. Aos 22 anos, já se sente à vontade em São Paulo e, especialmente, no Corinthians. Isso ficou evidente diante do Bahia, com um gol, dribles e muitas jogadas em velocidade.

O estilo do cabelo e a cara de criança renderam um apelido instantâneo ao paraguaio no elenco do Timão: Pe Lanza, referência ao vocalista da banda pop Restart, que tem a mesma idade dele.

Brincadeiras à parte, o atacante se impressionou positivamente com a recepção que teve no clube. Entre conversas particulares com o técnico Mano Menezes e também com outros atletas, como o meia Petros, Romero se sente à vontade até mesmo para dialogar em português

– Os companheiros são muito simpáticos. A adaptação está sendo muito rápida, estou conversando com alguns jogadores, tentando entender o português rápido... Aos poucos estou me adaptando. A princípio, me chamaram de Pe Lanza, por causa de um cantor (risos) – explicou.


Romero anda pela capela do Parque São Jorge, no Corinthians

A timidez fora de campo é contrastante com o estilo dentro das quatro linhas. Foram necessários apenas alguns jogos-treinos no CT, um amistoso contra o Uberaba e o jogo contra o Internacional, no qual entrou apenas no segundo tempo, para ganhar a aprovação da comissão técnica. A rapidez para se adaptar à nova rotina de treinos fez com que Mano Menezes o colocasse entre os titulares já diante do Bahia, nesta quarta-feira. Deu certo.

A convite do GloboEsporte.com, Ángel Romero conheceu toda a estrutura do Parque São Jorge, sede do Timão, na zona leste de São Paulo. Foi à capela do padroeiro, admirou as réplicas das taças espalhadas pelos jardins do clube e até tomou a mística água da “biquinha” localizada ao lado da Fazendinha. O sentimento de sonho virando realidade deixa ao jogador uma certeza: quer fazer história e também deixar seu nome gravado na casa alvinegra.
Instinto de carrasco?



Ángel Romero consegue descrever com detalhes os gols que marcou contra o Olimpia, principal rival do Cerro Porteño, quando ainda atuava no futebol paraguaio. O preferido dele foi no ano passado: em jogada de velocidade, seu irmão gêmeo, Óscar, deixou quatro jogadores do arquirrival para trás e fez cruzamento preciso para o atacante, de cabeça, abrir o placar no clássico. Ele assegura: se ganhar uma chance contra o Palmeiras, no próximo domingo, balançará a rede.

– Se eu jogar, vou tratar de fazer um gol. Entrar e marcar. Os clássicos sempre marcam presença, sempre temos de ganhar. É a partida que todos os jogadores se preparam para jogar.

Contratado pelo Corinthians em 2012, o atacante Romarinho é a prova de que marcar contra o Palmeiras pode ser decisivo para cair nas graças da Fiel. Antes de fazer o gol histórico contra o Boca Juniors no jogo de ida da final da Taça Libertadores da América, o jogador fez os dois da vitória por 2 a 1 sobre o arquirrival, no estádio do Pacaembu, e ficou marcado como carrasco alviverde.

Ele já marcou cinco vezes em quatro dérbis.
– Estou acostumado a grandes desafios. O clube onde eu estava, o Cerro Porteño, é o maior do Paraguai. Hoje, estou em um dos maiores clubes do mundo – completou Romero.


Ángel Romero comemora gol do Corinthians contra o Bahia

Para marcar o nome
No passeio pelo Parque São Jorge, um objeto despertou maior atenção de Ángel Romero: a réplica da Taça Libertadores, conquistada pelo Timão em 2012. O atacante disse que acompanhou toda a campanha alvinegra no torneio e também o Mundial de Clubes – principalmente a vitória por 1 a 0 sobre o Chelsea, conquistada com o gol do peruano Paolo Guerrero. No contexto sul-americano, seja no Paraguai ou no Brasil, levantar aquele troféu é sinônimo de glória.

– Acompanhei essa Copa. Depois, o Corinthians foi ao Mundial e o Guerrero fez o gol da história. Vou marcar o meu nome aqui, fazer história neste clube, e também ganhar um torneio internacional.

Na capela de São Jorge, padroeiro do Corinthians, Ángel tirou o boné, se dirigiu ao altar e ali permaneceu parado por alguns minutos. Após a oração, o atacante ainda fez um ato considerado sagrado pelos alvinegros: tomou água da “biquinha”, uma fonte localizada ao lado da Fazendinha, estádio onde hoje treinam as categorias de base do Timão. Diz a tradição do clube que o ritual torna a pessoa envolvida corintiana para sempre, algo que Romero parece, de fato, desejar.

– O clube é muito grande. Desde que eu estava no Paraguai já imaginava um Corinthians como eu encontrei aqui. São torcedores por todo o país, que sempre seguem o time... Isso é muito importante para o jogador, que se sente mais confiante e trata de mostrar serviço no campo. É uma responsabilidade muito grande pra mim.


Romero conheceu a capela e a famosa biquinha do Parque São Jorge