Considerada a "Copa das Copas", a edição do Brasil foi mesmo um sucesso quando se fala no maior objetivo dessa festa: o gol. A Brazuca, bola oficial, balançou a rede 171 vezes igualando à marca alcançada na Copa do Mundo de 1998, na França, como a competição com mais gols marcados.
O Esporte Espetacular usou a ciência e a tecnologia do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo para compará-la com a Jabulani, bola da Copa de 2010, e também fez um teste de campo com quatro jogadores do Brasileirão. Cássio e Jadson, do Corinthians, Denis e Alan Kardec, do São Paulo, aprovaram. (clique aqui e confira a reportagem de Andrei Kampf)
A Brazuca terminou dentro da rede 171 vezes nos 64 jogos em 2014. A média de 2,67 gols por jogo igualou França-1998 como a melhor marca desde que o mundial passou a ter esta quantidade de jogos, superando as médias de Coreia-Japão 2002 (2,52), Alemanha 2006 (2,30) e África do Sul 2010 (2,27).
Mas afinal qual a influência da Brazuca para esse festival de gols no mundial? As bolas são muito parecidas, com peso, circunferência, e absorção de água quase idênticas, porém são bem diferentes.Para quem não lembra, uma revisão histórica. Na África do Sul, a Jabulani roubou dos craques o papel de protagonista em alguns jogos. Em chutes fortes e de longe, ela mudava de direção repentinamente para desespero dos goleiros.
- A Jabulani foi um tormento – afirma o goleiro Denis.
- A pior bola que já existiu. Para a Brazuca eu dou nota nove, para a Jabulani, dois ou três. – diz o também goleiro Cássio.
Com a Brazuca, Jadson acertou o alvo que procurava.
- Você bate e ela toma já vai na direção que você quer – explica Jadson.
CIÊNCIA EXPLICA DIFERENÇA DE PERFORMANCE
Como bolas tão parecidas podem ter resultados práticos tão diferentes? A ciência entrou em campo para analisar minuciosamente o comportamento das duas pelotas e explicar porque a Brazuca impressionou.
- A Brazuca é muito mais precisa que a Jabulani e isso está comprovado cientificamente. Pela ciência, e pelos critérios que envolveram desde peso e circunferência. Pela ciência é a melhor já feita - afirma o pesquisador Gilder Nader.
Nader, que é pesquisador do IPT-SP, explica que a aerodinâmica das bolas é que faz a diferença. A Jabulani tem oito gomos superficiais, mas é mais lisa. A Brazuca tem seis gomos mais profundos e uma rugosidade, e é mais aderente. Dois testes demonstram o que isso significa na prática.
No túnel de vento é testada a resistência da bola ao ar. Por ser mais lisa, a Jabulani sofre menos resistência, por isso é mais veloz, já por causa das saliências, a Brazuca sofre mais resistência do ar e tem menos velocidade.
A Brazuca no gramado do Maracanã, balançou a rede 171 vezes
No teste no canhão, que simula o chute do jogador e mostra o efeito prático, as duas foram submetidas à mesma potência, o equivalente a um chute de 90 Km/h, a média de uma cobrança de falta. A Jabulani muda muito de trajetória e a Brazuca normalmente segue a mesma direção.
Por causa da aerodinâmica, quando a Jabulani atinge 80 km/h ela “entra em crise” e muda de caminho. A “crise” na Brazuca acontece aos 60 Km/h e a mudança quase não é notada. Ou seja: a bola usada na África do Sul é mais rápida e menos precisa, já a que foi usada no Brasil é menos rápida e mais certeira. De acordo com o IPT, em uma pesquisa mais ampla que analisou vinte bolas diferentes usadas nos campeonato inglês, italiano, na Liga dos Campeões da Europa, a Brazuca foi a mais bem avaliada.
Jabulani, o terror dos goleiros em 2010