O duelo entre Vitória e Corinthians neste domingo não reúne apenas equipes com pretensões diferentes neste Campeonato Brasileiro, mas opõe clubes em momentos administrativos completamente opostos.Sem atuar em casa há seis meses devido à reforma no Barradão, que foi usado pela Fifa durante a Copa, o Leão da Barra esofreu técnica e financeiramente. Já o Timão tem um novo estádio a explorar, liderando com folgas a média de público e a renda entre os clubes da Série A.
Amargando a penúltima colocação do Campeonato Brasileiro, o Vitória ainda tem um item a adicionar em sua lista de lamentações. Levando cerca de 5,3 mil torcedores em média ao estádio, o Leão da Barra tem a pior arrecadação com ingressos entre todos os vinte clubes da Série A. Isto porque o preço médio para ver a equipe rubro-negra em campo é de R$ 11,50 – quase seis vezes menor que o do adversário deste domingo.
As dificuldades são consequências da cessão do Barradão à Fifa. O estádio precisou passar por reformas neste primeiro semestre e obrigou o Vitória a mandar seus jogos em estádios que têm capacidade sensivelmente menor: o Roberto Santos, em Pituaçu, e o Joia da Princesa, em Feira de Santana. Deslocada, a torcida do Leão é uma das mais ausentes na Séria A, tendo a quarta pior média de público.
A timidez dos rubro-negros pesa no bolso do Vitória, que tem praticamente pagado para jogar neste Campeonato Brasileiro. Em quatro partidas das quais teve mando de campo, o Leão da Barra arrecadou menos de R$ 250 mil. Comparando ao Corinthians, o valor é 33 vezes menor do que a arrecadação de três partidas disputadas na Arena.
Mas se a Copa do Mundo atrapalhou o Viória, ajudou o Corinthians. O maior evento do futebol, disputado no Brasil, era o gancho que o clube precisava para enfim investir na construção de um estádio próprio. Passado o Mundial, a Arena fica à inteira disposição do Alvinegro, que já tira ampla vantagem de cada partida que disputa em sua recém-inaugurada casa.
O Timão é um dos quatro clubes que mandou seis jogos nas dez rodadas iniciais deste Brasileirão - ao lado de Bahia, Flamengo e Santos. Três deles foram realizados no novo estádio e um no Pacaembu, sendo que todos receberam mais de 30 mil pessoas a cada atuação do Corinthians. A empolgação da Fiel impulsionou a média de público. Mesmo com as limitações do acanhado Canindé – alugado junto à Portuguesa duas vezes enquanto a Arena era administrara pela Fifa –, o Alvinegro levou em média 28,8 mil torcedores por jogo neste campeonato.
A presença em massa dos corintianos começa a pagar a conta da própria Arena. “A receita tem tendência de crescimento, mas o estádio é feito dentro de uma estrutura para termos arrecadação mínima ao redor dos R$ 200 milhões por ano”, afirma o diretor de finanças Raul Correa da Silva.
Neste ano os valores são praticamente inalcançáveis, mas a longa caminhada para sanar os empréstimos contraídos para a construção do estádio já começou. Com preço médio do ingresso em R$ 61,61, o Alvinegro já embolsou nada menos que R$ 10,6 milhões com suas atuações em Itaquera, de longe a maior renda do Brasileirão.
Empurrado pela Fiel, o Corinthians conquistou seu primeiro
triunfo na Arena sobre o Inter na última quinta-feira
As cifras enchem os olhos e os cofres do clube, mas o valor das entradas têm criado reclamações e os protestos têm seus motivos: O Corinthians cobra em média o segundo bilhete mais caro do País, atrás somente do Atlético-PR, que também está de casa nova. Mas nem assim a procura diminui e o Timão vê sua torcida ocupar cerca de 85% da Arena a cada vez que a usa, cenário completamente diferente do vivido pelo Vitória, que ocupou só 18% dos estádios que usou até aqui.
Neste domingo o quadro do Rubro-Negro tem boas chances de melhorar, pois volta a usar o Barradão no embate com o time paulista a partir das 16 horas (de Brasília). A expectativa é que a torcida enfim mostre sua força para apoiar o vice-lanterna contra o segundo colocado. O duelo vale pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro.