Um dos grandes destaques da campanha da finalista Argentina na Copa do Mundo 2014, o volante Javier Mascherano teve seu futebol moldado para melhor durante sua passagem pelo Corinthians. Quem garante isso é o técnico Márcio Bittencourt, que comandou o meio-campista em 2005, ano em que conquistaram o Campeonato Brasileiro pela equipe paulista - único título do Argentino pelo clube alvinegro.

De acordo com o treinador, que hoje comanda o Batatais, Mascherano fazia fazia muitas faltas quando chegou ao Parque São Jorge, contratado pela MSI do River Plate, mas foi aprendendo a se controlar com o tempo.

"O Mascherano, quando veio para o Brasil, tinha uma dificuldade grande com o futebol daqui. Ele era viril, forte, e muito faltoso. O que me surpreende é que agora está fazendo poucas faltas, porque antigamente fazia bastante. Acho que o futebol brasileiro ajudou ele neste aspecto", opinou Bittencourt, em entrevista à Rádio ESPN, antes de elogiar muito o volante.

"É um jogador que não erra passe e que todo treinador gostaria de ter. Joga de terceiro zagueiro, volante, chega bem à frente, é jogador completo. Está no Barcelona com méritos", afirmou.

Na Copa do Mundo, o meio-campista teve sua atuação de maior destaque na semifinal contra a Holanda, quando salvou a equipe albiceleste em diversas investidas do perigoso Robben.

"O Mascherano chegou ao Brasil com essa característica de fazer muitas faltas, levar cartões bobos, mas melhorou demais como atleta. É um menino fantástico, trabalhador demais, e que merece estar onde está", assegurou Bittencourt, que tinha El Jefe, como o atleta é conhecido, como um líder em campo.

"Ele tinha essa qualidade de ser líder. O Tevez era fechado, calado, mas o Mascherano sempre foi de conversa, diálogo, tanto ele quanto o (zagueiro) Sebá. É um menino muito bom, que sempre cobra muito os companheiros em busca do objetivo", revelou.

Volante não queria sair mesmo com pé lesionado

Márcio Bittencourt também lembrou uma história curiosa do tempo em que comandou Mascherano no Corinthians. O treinador contou que, durante uma partida contra o Internacional, o volante não queria ser substituído mesmo jogando com o pé lesionado.

le era extremamente dedicado, mas estava com uma lesão de estresse no tendão de Aquiles. Aí teve um jogo contra o Inter que eu via ele mancando muito, mas ele não queria sair. Chamei o médico e falei: 'Você tá vendo o que eu tô vendo? Ele não tem condição, está mancando demais'. Acabei tirando ele do jogo, e o Mascherano não gostou, não, saiu reclamando", recordou o técnico, aos risos.

"No dia seguinte, ele chegou e falou: 'Professor, muito obrigado'. Ele não estava sentindo dor na hora, mas se continuasse forçando, podia estourar o tendão. Tanto é que depois ele até foi operado na Argentina. Mas essa foi ma passagem bacana, você vê toda a dedicação do cara. Ele não queria sair de jeito nenhum, e eu só tirei porque ele estava mancando demais", contou.

Curiosamente, Mascherano acabou lesionando outra parte do corpo na partida contra os holandeses, na última quarta-feira. Após dar um carrinho para travar chute de Robben, o argentino contou que "rompeu o ânus" na jogada.