A Copa do Mundo já é passado na Arena Corinthians. A semifinal entre Holanda e Argentina, na última quarta-feira, encerrou a participação do estádio de São Paulo no torneio. E o último jogo foi em grande estilo e teve direito até a recorde de público: 63.267 pessoas acompanharam de perto a emocionante decisão por pênaltis que colocou os argentinos na decisão, após 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação.
Com mais acertos do que erros, o estádio deixa o Mundial com saldo positivo. A facilidade no transporte e tranquilo acesso pelas estações Artur Alvim e Corinthians-Itaquera do Metrô e da CPTM deixaram boa impressão.
Como havia anunciado durante a semana, a Polícia Militar reforçou seu efetivo em cerca de 30% para a semifinal. O maior cuidado com possíveis exageros nas provocações entre torcedores de Brasil e Argentina se mostrou válida. Além de brigas, cantos mais exaltados e até guerra de cerveja (todos rapidamente controlados), os responsáveis pela segurança registraram ainda alguns pequenos furtos dentro do complexo.
O que deixou a desejar em todas as seis partidas da Copa disputados na Arena foi a comercialização de alimentos e bebidas. Além das diversas filas, produtos se esgotaram rapidamente e frustraram torcedores. Com o recorde de público na última quarta, o problema se agravou.
PLANTÃO MÉDICO
Dos diversos atendimentos registrados na Arena Corinthians durante a partida, três mereceram atenção especial e tiveram de ser encaminhados para hospitais. Um torcedor português, com suspeita de AVC, foi levado para o Hospital Santa Marcelina, em Itaquera, para ser submetido a uma bateria de exames.
Outro que foi encaminhado para o Hospital Santa Marcelina foi um torcedor nigeriano, com quadro de crise hipertensiva. Outro caso foi o de um brasileiro que sofreu uma entorse no pé e foi levado para o Hospital Albert Einstein, na Zona Sul da capital paulista.
SERVIÇOS
O único ponto que deixou a desejar em todas as partidas da Copa do Mundo na Arena Corinthians foi o serviço de venda de comidas e bebidas. Na última quarta-feira, torcedores ficaram frustrados com a pouca opção de lanches - alguns se esgotaram ainda no primeiro tempo. Além disso, enormes filas se formaram em frente aos banheiros, dificultando a circulação das pessoas.
A venda de bebidas foi outro motivo de reclamação. Alguns pontos de ambulantes não disponibilizavam troco e ofereciam bebidas quentes. O que também incomodou aos torcedores foi o fato de os copos temáticos da competição comercializados pela fornecedora de refrigerantes terem se esgotado rapidamente.
Na “Fan Zone” (área dos torcedores), o que facilitou o trabalho dos vendedores ambulantes na última quarta-feira foi a chuva que caiu na região no intervalo do jogo e durante grande parte da prorrogação. Assim, a quantidade de pessoas nas tendas caiu em relação aos outros jogos.
SEGURANÇA
Preocupada com a importância da partida, a Polícia Militar reforçou seu efetivo na Arena Corinthians para a semifinal da Copa do Mundo. Além de contar com um contingente reforçado em cerca de 30%, os policiais tiveram mais liberdade para atuar dentro do estádio – anteriormente a segurança dos torcedores na arquibancada era de responsabilidade da Fifa, que teve de dar o braço a torcer: a entidade sempre foi contra a utilização de forças militares dentro dos estádios durante as competições que organiza.
A presença da polícia no complexo foi necessária para conter a provocação entre brasileiros e argentinos. Em alguns casos, torcedores mais exaltados chegaram a trocar socos e empurrões. No fim do jogo, duas bombas estouraram no setor leste superior.
Após a partida, porém, com o estádio já vazio e já sem a presença ostensiva de policiais, bandidos tentaram agir na região. Por volta das 23h, no local de onde saíam os ônibus oferecidos pela Fifa aos jornalistas, ao lado do estádio, um carro estacionou próximo e tentou roubar a mala de equipamentos de um fotógrafo. Atento, o profissional estrangeiro viu quando o ladrão tentava levar a mala embora e pulou em cima para defender seus pertences. O ladrão voltou para o carro e fugiu.
LUGARES MARCADOS
Os voluntários da Fifa tiveram de conviver com uma dor de cabeça constante nas seis partidas disputadas em São Paulo na Copa do Mundo: os torcedores que optaram por assistir aos jogos em pé. De acordo com as normas de segurança da entidade, ninguém poderia acompanhar a partida fora do assento marcado em seu ingresso. Na prática, porém, a realidade foi totalmente diferente.
Para evitar aglomeração no setor destinado aos cadeirantes, os “stewards” tiveram de isolar o local com grades. Mas diversos torcedores se amontoaram e tentaram burlar a regra. No setor sul, brasileiros iniciaram uma confusão com um argentino que estava fingindo ser deficiente sentado em uma cadeira de rodas.
Ao redor, algumas pessoas acompanharam o jogo em pé nas áreas internas de circulação. Os espaços com maior quantidade de gente eram os próximos aos telões.
CHUVA
Por falar em chuva, quem foi ao jogo teve uma decepção. Apesar de o estádio ter sido construído para a Copa do Mundo e contar com tecnologia de ponta em diversas áreas, ele não é totalmente coberto. Torcedores argentinos chegaram a reclamar de terem tomado chuva em setores que deveriam ser privilegiados, como as entradas de categoria 2.
VOLUNTÁRIOS
Um dos pontos positivos da administração da Fifa nas partidas da Copa do Mundo em São Paulo foi o trabalho dos voluntários. Desde a chegada, pelas estações de metrô e trem, até a circulação nas dependências internas da Arena, os voluntários foram elogiados pela atenção e habilidade no contato com o público.
Na última quarta-feira, horas depois do apito final da partida entre Holanda e Argentina, um grupo se reuniu no setor oeste e, cantando músicas, celebrou o fim da Copa do Mundo na capital paulista.