Uma bola rasteira, acelerada pelo campo molhado, enganou. Outra, traiçoeira, acertou as costas do companheiro e classificou a Ponte Preta para as semifinais do Campeonato Paulista de 2012. As duas falhas de Júlio César em momentos decisivos deram espaço para a entrada de Cássio, até hoje unanimidade no gol do Corinthians. Elas também causaram autocrítica, ameaças, perseguição e isolamento. Agora tudo é passado, bons e maus momentos. Júlio César não é mais jogador do Corinthians.
O goleiro de 29 anos viaja hoje para o Recife, onde se apresenta ao Náutico para iniciar a preparação para a Série B. Quando acabar o empréstimo, se encerra também o contrato com o Timão, clube onde ele foi formado e atuou por 14 anos: uma vida dedicada ao clube do coração.
Desde 2000, quando chegou do modesto Guapira (que hoje nem existe mais), o goleiro conquistou 11 títulos pelo Corinthians e se tornou o atleta mais campeão dos quase 104 anos de história do clube. Foram dois na base e nove pelo profissional, inclusive o Brasileirão de 2011, brilhando de titular nos braços da Fiel.
Estar ali não era fácil por causa da cobrança exagerada sobre os pratas da casa e pela constante concorrência. De 2005, quando se profissionalizou, a 2011, quando se firmou momentaneamente, dezenas de goleiros passaram pelo clube. Mas nenhum deles, certamente, deixou uma lembrança tão representativa.
– A gente brinca que o Júlio tinha que ser eterno aqui no Corinthians, não tinha que sair nunca. É o cara mais querido do grupo, todo mundo ama ele de paixão aqui – disse, nesta terça-feira, o lateral Fábio Santos.
No último treino do goleiro, que hoje reveza como terceira ou quarta opção para o setor, os companheiros se despediram e atiraram o “eterno” amigo em uma poça d’água. Brincadeira ideal para um jogador marcado por ser bom de grupo, atencioso com os fãs e a imprensa e dedicado nos treinos.
É hora de dar um novo passo.
EVENTOS MARCANTES DA TRAJETÓRIA DO CAMISA 1:
Walter, Danilo Fernandes, Matheus Caldeira e Cássio perderão a companhia de Júlio César
Copinha - Titular do “Timãozinho” desde 2003, Júlio foi o camisa 1 no bicampeonato de 2004 e 2005 na Copa São Paulo.
Estreia - Seu primeiro jogo no profissional do Timão foi em 22 de maio de 2005, contra o Figueirense. Ele substituiu o afastado Fábio Costa.
Pós-Tolima - Após sair da Copa Libertadores da América de 2011 diante do Tolima (COL), o Corinthians venceu o clássico contra o Palmeiras por 1 a 0. Júlio declarou ser esse seu principal jogo pelo Timão.
Centésimo de Ceni - Júlio estava em campo no Majestoso em que Rogério Ceni anotou o gol de número 100 de sua carreira.
Dedo quebrado - Contra o Botafogo, no Brasileirão de 2011, Júlio jogou com o dedo fraturado.
Falha crucial - Contra a Ponte Preta, no mata-mata do Paulistão de 2012, falhou em dois gols, sendo o principal “culpado” pela eliminação do Corinthians.
Números - Em 141 jogos pelo Corinthians, conquistou 11 títulos.