2/7/2014 19:52

Cadê o time do povo na Copa? Onde está o preto do alvinegro?

Cadê o time do povo na Copa? Onde está o preto do alvinegro?
Por: Lucas Faraldo

Em uma de suas ações de aproximação entre clube e torcida por meio das redes sociais, o Corinthians mantém um álbum atualizado jogo após jogo, em sua página no Facebook, com fotos enviadas por torcedores que foram a partidas da Copa do Mundo com camisetas da equipe alvinegra. Das 75 fotos publicadas pelo clube na rede social até aqui (na qual 92 pessoas aparecem com a camisa do Timão), apenas um torcedor negro é visto vestindo a camisa do clube, em contraste a outros 91 corintianos de pele branca.

Conhecido nacionalmente por seu apelo às classes menos favorecidas, o clube do Parque São Jorge (assim como o futebol brasileiro, de forma geral) vem, nos últimos anos, passando por um processo de elitização facilmente observado nas arquibancadas do Pacaembu e, agora, cadeiras da Arena Corinthians.

Há dez anos, o preço médio de ingressos de futebol no Brasil girava em torno de dez reais, segundo levantamento da consultoria Pluri em 2013. Hoje, a entrada mais barata para um jogo do Timão na Arena Corinthians, sem vantagens dadas a sócio-torcedores, custa 50 reais. Na Copa do Mundo, a história é semelhante, em proporções ainda piores. Conforme divulgado pela Fifa, os ingressos chegam ao valor de 1.980 reais (preço máximo, cobrado por entradas para a final do Mundial, a ser disputada no Maracanã).

Tais números dialogam de forma assustadora com a proporção de negros e pobres existente atualmente no Brasil. Segundo censo de 2010, a população negra (pretos e pardos) é maioria (50,7%) no País. A mesma pesquisa aponta que metade do total de brasileiros sobrevive com R$ 375 por mês. Das 16,2 milhões de pessoas vivendo na pobreza extrema (com menos de R$ 70 mensais), 70,8% são negras.

Comparando os dados e fatos acima expostos, é impossível não lembrar daquele famoso alfaiate descendente de italianos, que, lá no longínquo dia 1º de setembro de 1910, junto com operários e demais trabalhadores pobres da zona leste paulistana, foi um dos fundadores do Sport Club Corinthians Paulista. A ideologia da agremiação, desde sempre, foi abraçar as camadas pobres da sociedade. O primeiro presidente do clube, Miguel Bataglia, o tal alfaiate, já dizia: “O Corinthians vai ser o time do povo e o povo é quem vai fazer o time”.

Quase 104 anos depois, em meio a um Brasil semelhantemente desigual e a uma Copa do Mundo comandada por uma das mais capitalistas instituições do planeta, é difícil, proavelmente errado, apontar o Corinthians como um dos culpados pelo embranquecimento visto nos estádios de futebol. O clube alvinegro, neste contexto, se enquadra mais como exemplo da elitização do esporte. Um exemplo que causa espanto. Causa estranhamento. Afinal, onde está o povo do “time do povo”? Onde está o preto do “preto e branco”? Nas arquibancadas não estão.


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