A ideia de viver em um lugar novo, onde nem as pessoas e nem os costumes são conhecidos, assusta muita gente. Imagine quando se é tímido, jovem, estrangeiro e profundamente apegado à família! Tem sido exatamente esse o "drama" de Ángel Rodrigo Romero Villamayor, o atacante paraguaio de 21 anos recém-contratado pelo Corinthians, e que completa nesta segunda-feira sua primeira semana treinando ao lado dos novos companheiros.
Ex-jogador do Cerro Porteño, Ángel jogou praticamente todos os anos da curta carreira ao lado do irmão gêmeo Óscar, e a separação tem sido difícil para ambos. Por mensagens de celular, eles se falam praticamente o dia inteiro - exceção feita somente aos momentos de treino ou sono. E pelo menos uma vez por dia Ángel liga para "doña Lucy", sua mãe. Ou melhor, "mami de los melli".
Nas primeiras entrevistas como jogador do Corinthians, Ángel disse que torcia pelo clube na infância, o que soou estranho para alguns torcedores pelo fato de ele ser paraguaio. Na verdade, Ángel e Óscar tinham uma brincadeira na infância, e escolheram um time diferente em cada país da América do Sul. O primeiro, curiosamente, era Corinthians no Brasil e Boca Juniors, onde passou seis meses em testes, na Argentina.
E no Brasil a identificação com o Corinthians foi imediata. A torcida adotou o paraguaio, e se interessa por cada momento desta semana de treinos em Extrema (MG). Se dentro de campo ele ainda não foi testado normalmente, fora tudo é novo para o "Anjo" do Timão.
Ele ainda não sabe falar português, mas entende praticamente tudo o que lhe dizem. Alguns jogadores têm sido fundamentais para integrá-lo ao elenco: Jadson, responsável por criar dois apelidos que o paraguaio ainda não entendeu, e Paolo Guerrero. O paraguaio, no entanto, ainda está muito acanhado, e só troca palavras rápidas com funcionários e companheiros. Mesmo tímido, faz questão de manter a simpatia, e cumprimenta a todos nos locais onde está, mesmo com a cabeça baixa.
No hotel-fazenda onde o Corinthians está hospedado, Romero é o único com um quarto só para ele, o que aumenta o sentimento de solidão. A cama a seu lado está reservada para o zagueiro Anderson Martins, que ainda não assinou contrato. Isso faz com que o maior companheiro do jogador na concentração seja uma cuia de tereré (bebida feita com erva-mate, água fria, limão e hortelã) personalizada com as cores e o símbolo do Corinthians. Ninguém sabe onde ele arrumou o objeto, e há quem diga que já veio com ele do Paraguai.
Disciplinado nas atividades, o carismático atacante já foi "entrevistado" pelo técnico Mano Menezes e aconselhado a não se empolgar com o status de jogar no Corinthians. E nem desanimar se as coisas derem errado. Pelo visto, isso dificilmente acontecerá.