De todos 713 jogadores estrangeiros que estão no Brasil para a Copa do Mundo, 11 deles já tiveram uma passagem mais longa por aqui do que o mês de duração da principal competição do futebol. Exatamente um time formado - com direito até a treinador, o argentino Alejando Sabella, que defendeu o Grêmio na década de 80. Entre ídolos e campeões, como Lugano, Mascherano e Forlán, também aparecem decepções e nomes que a maioria dos torcedores mal se lembra - destacam-se Johnny Herrera, Edison Méndez e Pinilla -, mas que deram a volta por cima e conquistaram espaço em suas seleções. O caso de Sammir, da Croácia, é diferente:
nasceu no Brasil, chegou a passar por três clubes profissionalmente antes de transferir-se e naturalizar-se.
Hoje, há também sete gringos que estão no país e se espalham entre Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Fechando a conta, são 22 atletas vinculados a clubes brasileiros - se somarmos os convocados por Luiz Felipe Scolari na seleção brasileira. Os primeiros a estrear serão os chilenos Vargas (ex-Grêmio) e Aránguiz, que é titular no Internacional. A partida contra a Austrália está marcada para a sexta-feira, na Arena Pantanal, em Cuiabá.
E aí, esta escalação é melhor do que várias seleções? Teria chance de chegar longe nesta Copa do Mundo? Confira abaixo mais detalhes sobre a passagem de cada um deles pelo Brasil.
JOHNNY HERRERA (CHILE)
Já foi tarde. O goleiro chileno foi contratado em 2006 pelo Corinthians, ainda sob gestão da MSI, mas já após a "fase de ouro", encerrada com as vendas de craques como Tévez e Mascherano. Com um time mais fraco do que o campeão brasileiro em 2005, falhou em jogos importantes, como num clássico contra o São Paulo, e chegou a figurar como terceiro goleiro, atrás de Silvio Luiz e Marcelo. Depois de sua saída, Herrera voltou ao futebol chileno. Passou por Everton, Audax Italiano e Universidad de Chile, equipe que defende atualmente. Em 2009, envolveu-se em um acidente de carro, onde atropelou e matou uma pessoa. Julgado, foi condenado em 2012 a 41 dias de prisão. Cumpriu em liberdade condicional. Nada que impedisse sua participação na Copa, no especial retorno ao Brasil. Será reserva de Cláudio Bravo.
Atrapalhado por contusão. Oriundo do Porto, o lateral-direito, que chegou em 2012 e participou da conquista do Santos na Libertadores, começou muito bem. Chamou a atenção da torcida, principalmente, pela raça mostrada em um clássico contra o Corinthians, na Vila Belmiro. Com o tempo, porém, mostrou que o apoio ao ataque não era seu forte, frustrando as expectativas de torcedores mais exigentes. Uma grave lesão dos ligamentos do pé esquerdo abreviou sua passagem pelo Peixe, e voltou para o clube português, onde atua até hoje. Disputa a posição em sua seleção e deve começar o Mundial como reserva.
DIEGO LUGANO (URUGUAI)
Virou ídolo e pode voltar. Chegou ao São Paulo ainda desconhecido, em 2003, mas ganhou moral com a torcida e foi o xerife tricolor na conquista do Paulista, da Libertadores e do Mundial de Clubes em 2005. Participou do início da campanha do Brasileiro de 2006, primeiro dos três conquistados por Muricy Ramalho no clube. O treinador, novamente no comando são-paulino, já declarou em maio que gostaria de contar com Lugano de novo. Após jogar por Fenerbaçhe, PSG, Málaga e West Bromwich, o zagueiro está sem clube. É titular e capitão na Celeste.
JAVIER MASCHERANO (ARGENTINA)
Raça reconhecida. Colocado como zagueiro, posição onde se firmou no Barcelona, o argentino era volante nos tempos de Corinthians. Chegou ao Parque São Jorge como uma das principais estrelas trazidas pelos investidores da MSI. Ao lado do compatriota Tévez, Mascherano chamou a atenção na conquista do Campeonato Brasileiro de 2005. Revelado pelo River Plate, passou por West Ham e Liverpool após deixar o Brasil. Também tem vaga cativa em sua seleção.
PABLO ARMERO (COLÔMBIA)
Xodó, mas contestado. Famoso pela exótica dança do "Armeration", que arrancou risos inclusive do narrador Cléber Machado em partida entre Palmeiras e Santos em 2010, o lateral-esquerdo chegou ao Palestra Itália contratado junto ao América de Cali-COL para reforçar a equipe comandada por Vanderlei Luxemburgo na Libertadores de 2009. Com a chegada de Muricy Ramalho, porém, foi perdendo espaço após más atuações e chegou até a chorar quando sacado em clássico contra o Corinthians. Marcou um gol com a camisa alviverde.
ão deixou saudades. Chegou ao Botafogo em 2011 com status de grande marcador, mas jamais conquistou a torcida, apesar da raça. Esteve machucado e ficou na reserva até ser liberado para o Tijuana, do México. Mesmo assim, por ter se mantido como titular na seleção com o título da Copa América, foi eleito o melhor volante das Américas na época. No mínimo, muito estranho...
ÉDISON MÉNDEZ (EQUADOR)
Decepcionou. Campeão da Sul-Americana com a LDU sobre o Fluminense em 2009, Edison Méndez chegou ao Atlético-MG no mesmo pacote de Diego Souza, e contou com a forte expectativa dos torcedores, que esperavam que o meio-campo do time desse uma encorpada. O equatoriano que foi contratado com uma lesão no joelho, porém, ficou no clube por apenas cerca de seis meses, participou de 12 partidas e saiu sem marcar um gol sequer com a camisa do Galo. Em 2011, retornou ao seu país de origem, onde passou pelo Emelec antes de voltar para a LDU. Atualmente, defende o Independiente Santa Fé, da Colômbia.
SAMMIR (CROÁCIA)
Lembra dele? Baiano, Sammir passou pela base do Atlético-MG, e posteriormente no Atlético-PR. Era apontado como um dos melhores jogadores da equipe, tinha passagens pelas seleções sub-17 e sub-18. Após um empréstimo para a Ferroviária-SP, foi contratado pelo Paulista de Jundiaí para a disputa da Copa Libertadores, mas entrou em atrito com o técnico Vágner Mancini e deixou o clube. Também teve passagem um pouco apagada pelo São Caetano e, em 2007, foi para o Dinamo Zagreb, da Croácia. Por lá, virou ídolo, naturalizou-se e permaneceu até 2014, quando mudou-se para o Getafe-ESP.
MAURICIO PINILLA (CHILE)
Gostinho de quero mais. Quando desembarcou em São Januário, em 2008, Pinilla causou muita expectativa. Então com 24 anos, o atacante surgiu como goleador, foi jogar na Itália, mas a vida social e posterior depressão quase colocaram tudo a perder. Em má forma física, fez apenas três partidas e foi rebaixado com o Vasco. Mostrou qualidade, e a diretoria tentou sua renovação, mas, diante da situação do clube, preferiu sair para o Chipre. Dali, voltou a brilhar na Itália. Na seleção chilena, é reserva de Vargas e Sánchez, mas costuma guardar seus golzinhos.
EDUARDO VARGAS (CHILE)
Dividiu opiniões. Chegou ao Grêmio como o maior investimento do clube para a Libertadores de 2013. Depois de uma longa briga com o São Paulo, o Tricolor gaúcho comemorou a chegada do chileno. Porém, Vargas nunca chegou a repetir o bom desempenho da Universidad de Chile. Alternou bons e maus momentos, mas nunca fez valer o alto investimento do clube. Ao término do seu período de empréstimo, deixou o Grêmio sem deixar saudades na torcida.
DIEGO FORLÁN (URUGUAI)
Perdeu o fôlego. Após chegar como uma das maiores contratações da história do Inter, Forlán teve um ótimo início com a camisa colorada. Foi artilheiro do Gauchão de 2013 e melhor jogador da equipe na conquista do título. Porém, ao longo da temporada conviveu com algumas lesões e muitas convocações para a seleção uruguaia. A combinação tirou espaço do atacante, que acabou perdendo a posição de titular da equipe. Pouco jogou na má campanha do Inter no Brasileirão de 2013. Saiu sem que a direção fizesse esforço para mantê-lo.
ALEJANDRO SABELLA (ARGENTINA)
Sabella está à frente da Seleção ha três anos (Foto: AFP)
Ex-meia de habilidade, o técnico do maior arquirrival do Brasil jogou no Grêmio entre 1986 e 1987, já com 32 anos. Não obteve muito destaque e nem conseguiu ser campeão no Sul. Sua carreira acumula passagens pelo futebol inglês e títulos por River Plate e Estudiantes, na Argentina. Depois do Tricolor Gaúcho, foi para o Ferro Carril Oeste e encerrou no pequeno Irapuato, do México. Como técnico, nunca teve a chance de trabalhar no Brasil.
OUTROS CASOS INTERESSANTES
Dois brasileiros naturalizados ficaram fora desta relação por não terem atuado profissionalmente no Brasil. Diego Costa e Eduardo da Silva, atacantes de Espanha e Croácia respectivamente, deixaram o país muito cedo e não tem histórico nos clubes. O primeiro teve o Braga, de Portugal, como sua primeira camisa, e o segundo, o Dínamo Zagreb, da própria Croácia.
A lista de gringos que atualmente jogam no Brasil e estão na Copa chega a sete nomes. Três uruguaios (Martín Silva, do Vasco, Álvaro Pereira, do São Paulo e Lodeiro, que acaba de trocar o Botafogo pelo Corinthians), três chilenos (Mena, do Santos, Aránguiz, do Internacional, e Valdívia do Palmeiras) e um equatoriano (Erazo, do Flamengo). Eles se juntam aos quatro brasileiros (Jefferson, Victor, Fred e Jô) como representantes do nacional, totalizando também 11 jogadores.