Ídolo da torcida do Corinthians e tricampeão mundial com a Seleção Brasileira na Copa de 1970, o ex-jogador Rivlelino, 68 anos, fez críticas nesta quinta-feira à Fifa e elogiou manifestantes que foram às ruas no Brasil contra a entidade e contra a realização do torneio no País.
“Acho que o povo brasileiro tem o direito de se manifestar, até demorou”, afirmou o craque. “A Fifa não pode tomar conta do Brasil. Até onde vai querer elitizar o nosso futebol? O torcedor brasileiro que vai ao estádio é e sempre foi o povão”, acrescentou.
O ex-jogador foi a estrela da apresentação da taça da Copa 2014, que fecha, em São Paulo, um tour organizado pela Coca Cola –um dos patrocinadores do evento -- por 27 capitais e 90 países. A peça, em 6,175 kg de ouro 18 quilates, vai ficar exposta ao público em uma área especifica do Shopping Metrô Itaquera, a poucos metros do palco de abertura do Mundial, a Arena Corinthians. O estádio recebe no próximo dia 12 o jogo entre Brasil e Croácia.
O tricampeão, que apontou o Brasil como “um dos favoritos, mas não a melhor seleção” –“tem Alemanha, Argentina e Espanha”, destacou –, disse ter “medo” do impacto que um eventual mau desempenho do time comandado pelo técnico Luiz Felipe Scolari possa exercer no torcedor.
“Na Copa das Confederações, era um momento difícil (de violentas manifestações ao redor de estádios), e o que a Seleção jogou em campo fez com que o torcedor a abraçasse. Tomara que na Copa o time também consiga responder em campo, porque, se acontecer algo errado, eu tenho medo que o povo comece a olhar o lado de fora – aí não sei como ele vai se manifestar, ou qual vai ser a atitude do torcedor”, disse.
Indagado sobre o fato de a Fifa ser um dos alvos preferidos dos protestos já realizados este ano contra a Copa – São Paulo terá um nono protesto do tipo desde janeiro, por exemplo, neste sábado --, Rivellino foi enfático.
“A Fifa não pode tomar conta do Brasil, e é quem está tomando... coitadas das baianas! Proibiram que elas vendam o acarajé delas (na Arena Fonte Nova, em salvador), isso é um absurdo! Está se criando polêmica com uma tradição do povo brasileiro.
Ate onde vão querer elitizar o torcedor brasileiro?”, questionou o tricampeão. “Aqui quem mandamos somos nós, a Fifa não tem que mandar. Um País com cinco campeonatos mundiais (1954, 1962, 1970, 1994 e 2002) tem que ser respeitado”, pediu.
Por outro lado, o ex-jogador se disse preocupado com violência nos atos contra o Mundial. “Acredito que as manifestações vão existir, e desde que não atrapalhem o evento, acho que não há problema nenhum”, declarou.
Seleção de 2014 não tem comparação com a de 1970, diz craque
Autor de três gols da Copa de 70, no México e contemporâneo de jogadores como Pelé, Tostão e Jairzinho, Rivellino se disse emocionado ao segurar a taça da Copa de 2014, na apresentação aos jornalistas, mas admitiu: tanto a Jules Rimet que ele erguera era “mais bonita” que a atual, quanto a Seleção tricampeã “nem se compara à atual”.
“Não tem comparação, não existe comparação entre as duas Seleções. Aquilo (a conquista no México) era um sonho”, definiu. Se daria algum conselho a Felipão? Para o craque, a Seleção poderia ser “menos previsível em termos ofensivos’’ se o atacante Robinho tivesse sido convocado.
“O Felipão tem a maneira dele, e hoje a Seleção tem credibilidade, tem uma cara. Só queria que ele tivesse levado o Robinho não para que fosse exatamente o titular, mas de opção para ajudar o Neymar. Eles são amigos, se conhecem muito, e não podemos cobrar que o Neymar vá resolver todos os problemas", explicou.