A revista Exame publicou reportagem em sua edição desta semana com fortes críticas à operação financeira do Corinthians que possibilitou erguer seu novo estádio em Itaquera, em São Paulo, onde Brasil e Croácia darão o pontapé inicial da Copa do Mundo, no dia 12 de junho.
A reportagem aponta a arena como "o maior mistério" do Mundial e a caracteriza como um "presente" bancado com dinheiro público dos brasileiros. O principal questionamento da matéria é em relação à probabilidade do clube alvinegro ser capaz de devolver os R$ 1,4 bilhão contraídos em empréstimos de bancos públicos, entre eles a Caixa Econômica.
Na opinião do jornalista Carlos Eduardo Éboli, da "Rádio CBN", é difícil apontar se o Corinthians será capaz ou não de cumprir com os compromissos assumidos do ponto de vista econômico.
O convidado do "Redação SporTV" alerta, no entanto, que grandes agremiações de futebol costumam ser blindadas em detrimento do interesse público e, dessa forma, o Timão poderia contornar com facilidade um cenário no qual falhasse em pagar os empréstimos.
- É isso que vem protegendo os clubes brasileiros ao longo desta história centenárias, de muitos, de que é uma instituição que representa a cultura nacional e representa milhões de seguidores. O Corinthians é a segunda maior torcida do país e se protege sim. Usa-se esse escudo para por o poder público contra a parede. Na hora de uma dividida, o futebol leva a melhor no nosso país - disse.
A Exame afirma que a Arena Corinthians teve sua construção permitida pela influência política do ex-presidente Lula e destaca que o Banco do Brasil se negou a atuar como avalizador dos empréstimos contraídos pelo Corinthians. A publicação questiona as garantias oferecidas pelo clube.
A publicação é reticente em relação à previsão de se arrecadar R$ 120 milhões com bilheteria no estádio, valor longe daquele obtido em 2012, quando se conquistou a Taça Libertadores, além da estimativa de se obter R$ 30 milhões com visitação, o que exigiria o mesmo público do Camp Nou, casa do Barcelona. Camarotes, que renderiam R$ 95 milhões, ainda não foram negociados, apontou a matéria.
Para o jornalista alemão Ralf Itzel, o Brasil precisa implementar medidas que exijam dos clubes maior responsabilidade em suas operações financeiras.
- Seria legal ter um organismo como o fair play financeiro, como faz a Uefa, exigindo que os clubes não gastem mais do que ganham. Os meus valores são de ganhar somente o dinheiro que tenho, e não o que talvez eu vá ganhar no futuro. Os cálculos do Corinthians vão nessa direção - disse.
O Corinthians divulgou uma nota na qual se defende da matéria da Exame e aponta equívocos na reportagem. Segundo o clube, quem financia os gastos extras do Alvinegro é a empreiteira Odebrecht. O Alvinegro alega que Lula foi responsável somente pelo pedido de que o estádio fosse construído na Zona Leste de São Paulo e ainda questiona os números apresentados pela revista de gastos no estádio, como o de louças e metais dos banheiros, que seria de R$ 600 mil e não R$ 2 milhões, como divulgado.