23/5/2014 11:57

Ídolo corintiano, Tobias sofre com filhos torcedores de clubes rivais

Um dos heróis da Invasão Corintiana ao Maracanã e do título paulista de 1977 se ressente de não conseguir fazer seus filhos torcerem pelo Timão

Ídolo corintiano, Tobias sofre com filhos torcedores de clubes rivais
Todo pai quer que os filhos sigam seu exemplo e torçam para seu clube do coração. Quando isso não acontece, certamente fica uma ponta de desgosto no ar. Imagine então se o pai é um dos maiores ídolos do Corinthians e os três filhos torcem para Santos, São Paulo e Palmeiras!? Esse é o caso do ex-goleiro Tobias, um dos heróis do famoso duelo entre Fluminense e Corinthians, válido pela semifinal do Campeonato Brasileiro de 1976, que ficou conhecido como "Invasão Corintiana" ao estádio do Maracanã, no dia 5 de dezembro de 1976. Após empate por 1 a 1 no tempo normal, Tobias pegou dois pênaltis e o Corinthians se classificou para a final daquele nacional.

Além disso, no ano seguinte, Tobias foi um dos titulares da equipe que venceu a Ponte Preta na decisão do Paulistão, conquista que pôs fim ao jejum de títulos do clube na competição.
- Não tenho ideia por que eles começaram a torcer por outros clubes. Na época, morávamos em um apartamento do Corinthians, com decoração do Corinthians, eu jogava no Corinthians e eles viraram santista, são-paulino e palmeirense. Não tem explicação – lamenta Tobias, que tem ainda uma filha de outro casamento, Yasmin, essa sim, corintiana.

O são-paulino Marcel, que é o filho do meio, tem uma versão para explicar essa “debandada” dos filhos homens.
- A lembrança que tenho é que quando morava no Mateuzão, prédio do ex-presidente corintiano Vicente Matheus, na Rua São Jorge, onde todos os jogadores do time moravam na época, cada jogador tinha dois ou três filhos e nas brincadeiras que fazíamos no playground, cada um tinha um time, independentemente de o pai jogar no Corinthians. Porque alguns vinham de outros clubes e os filhos já torciam por esses times – conta Marcel, que esclarece a sua predileção pelo Tricolor:

- Eu virei são-paulino por causa de um jogador: Serginho Chulapa. Quando eu via o Serginho com aquela camisa listrada do São Paulo, dava um impacto. E ele era brigador, raçudo... Depois até falei com ele isso, quando tive a oportunidade.
Marcel acredita que o irmão mais velho, Fábio, é santista por causa do Rei Pelé, que uma vez deu uma camisa do Santos para o pai. Ela está na casa da família em Bauru, guardada a sete chaves. Já o irmão mais novo, Paulo Felipe, escolheu o Palmeiras por causa da época da Parmalat no clube alviverde.
- Teve muita mídia naquela época, e ganhava tudo. A mídia influencia muito a criança – completa Marcel.

CANECA DA DISCÓRDIA

Em 9 de maio de 2005, um dia após a vitória do São Paulo sobre o Corinthians por 5 a 1, no Pacaembu (jogo que marcou a estreia de Paulo Autuori como treinador do Tricolor e o primeiro gol de Rogério Ceni contra o Timão), Marcel resolveu tirar sarro dos “rivais” corintianos da família e escolheu o pai como vítima, esperando que ele fosse levar na boa.

- Comprei uma caneca com a imagem de São Jorge para meu pai. Significava um irônico apoio moral e espiritual, mas ele não aceitou o “presente” e o devolveu para mim. Ficou como uma espécie de troféu por aquela grande vitória – conta Marcel, que afirma que é normal os familiares tirarem sarro uns dos outros nesses casos.

Se o pai não quis nem saber da caneca, Marcel resolveu usá-la participar de um concurso do Bar do Léo, tradicional bar do centro da capital paulista. Pelo concurso, quem doasse uma caneca para ornamentar o bar concorreria a um ano de chope grátis.
- Doei seis canecas e esta é especial porque só contei a história dela. E foi com ela que ganhei o prêmio de um ano de chope grátis. Nunca ganhei nada, nunca fui muito sortudo e ainda acho que estou sonhando. Minha mulher que não vai gostar nada (risos).

Moro aqui do lado, na República, por isso saiu para o cara certo – diverte-se Marcel, que também contou qual foi a maior loucura que fez pelo São Paulo:

- Foi quando ainda morava em Bauru, em 1992, no primeiro título mundial do São Paulo. Na cidade tinha um “point” onde ficávamos assistindo aos jogos. Foi quando eu e meus amigos, que tínhamos por volta de 18 anos, prometemos ficar pelados se o time fosse campeão. Mas exageramos, porque subimos num pilar e cumprimos a promessa, abaixando a calça lá em cima. A emoção de ganhar o campeonato mundial foi muito grande. No ano seguinte, ganhou novamente, mas não fiz loucura, não. Já estava acostumado.


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