Desde o anúncio da construção do estádio do Corinthians, no dia do aniversário de 100 anos do clube, o bairro de Itaquera se tornou um dos grandes focos da especulação imobiliária na cidade de São Paulo. Um ano depois, com a confirmação de que o local sediaria a Copa do Mundo, a expectativa sobre o desenvolvimento da região aumentou ainda mais. A menos de um mês para o primeiro jogo do Mundial, muitos setores, como o imobiliário, admitem que a especulação atingiu níveis além do que se imaginava. A oferta de casas para aluguel durante o torneio é grande, mas a procura é praticamente nula.
A reportagem do GloboEsporte.com visitou diversas imobiliárias em bairros próximos à Arena Corinthians. Os corretores questionados sobre a busca de brasileiros ou estrangeiros por apartamentos e casas na região foram unânimes: será praticamente impossível para os proprietários ganharem dinheiro com aluguel de imóveis durante a Copa do Mundo. A esperança de gerar renda neste período específico, nutrida por muitos moradores do local, tornou-se ilusão.
Atualmente, o valor pedido para diárias supera a média de um aluguel mensal. Donos de apartamentos nos bairros de Itaquera e Artur Alvim chegam a pedir de R$ 50 mil a R$ 65 mil por um pacote de 30 dias. No caso dos mais caros, o preço chega a quase R$ 2.200 por dia – preços que ultrapassam até mesmo diárias de hotéis luxuosos na capital paulista. Tudo por conta da proximidade com a Arena.
– A procura por aqui é muito baixa. Eu recebi dois e-mails, um de um boliviano, outro de um nigeriano, cotando preços, mas nenhum dos dois respondeu mais. Aparece muita gente querendo alugar, mas a oferta de apartamentos é bem maior que a procura – afirma Ferreira, corretor em Itaquera.
De 2010 para cá, a venda de imóveis se intensificou, e os preços na região aumentaram. Porém, o momento atual é de estagnação. A poucos dias para o início da Copa do Mundo, a expectativa em relação ao mercado “aquecido” na região é incomparavelmente mais baixa do que há quatro anos. Agora, o foco em Itaquera são os ajustes no transporte público e na segurança para a realização do Mundial.
– Há dois anos, um apartamento com dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço aqui custava uma média de R$ 120 mil. Hoje custa R$ 190 mil. O mercado se desenvolveu, e os preços aumentaram, mas agora estão mais parados – afirma Jeferson Pereira, gerente de uma imobiliária no bairro.
A hotelaria na região é pouco estimulada. A maioria dos hotéis nos bairros próximos à Arena Corinthians são pequenos e atendem mais demandas locais do que externas. Para os funcionários de imobiliárias, o fato de o metrô dar fácil acesso ao estádio torna ainda mais improvável a procura por alugueis temporários em Itaquera.
– O cara que vem para a Copa geralmente não vem para ficar o mês inteiro, mas para assistir a um jogo e ir a outra cidade. Os valores pedidos por alguns moradores são tão fora da realidade que nós até nos assustamos quando eles avisam que os imóveis estão à disposição. Acaba saindo mais barato ficar em um hotel na região central e vir para cá – argumentou Saulo, dono de uma imobiliária no bairro de Artur Alvim.
Além de Brasil x Croácia, abertura da Copa, a Arena em Itaquera também receberá as partidas entre Uruguai e Inglaterra (19 de junho), Holanda e Chile (23 de junho), Coreia do Sul e Bélgica (26 de junho), um confronto das oitavas de final (1° de julho) e uma semifinal (9 de julho).