O Corinthians não tem dúvidas de que as receitas que o estádio em Itaquera pode gerar vão conseguir superar com folga os gastos, que só aumentaram desde que o clube decidiu construir a sua própria arena. A começar pela venda dos naming rights, o direito de batizar a nova casa. Andrés Sanchez, ex-presidente do clube e responsável pelas obras, viaja neste sábado para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para ter uma reunião importante com a Emirates.
Ele esteve lá há poucas semanas, quando levou uma apresentação formal do projeto de naming rights. Acabou chamando a atenção dos árabes, que o convidaram para voltar para o Oriente Médio a fim de esclarecer algumas dúvidas. Tanto que ele fez questão de ir logo, mesmo tendo de embarcar poucas horas depois do evento de inauguração do estádio, a festa da Fiel para 20 mil pessoas.
O pedido, que antes muitos consideravam extravagante, é de no mínimo R$ 400 milhões pelo direito de dar nome ao campo por 20 anos. Para a empresa árabe, o valor não chega a ser tão alto, até porque ela tem ambição de ampliar seu investimento no futebol. Atualmente, patrocina grandes clubes como o Real Madrid, o Arsenal e o Paris Saint-Germain. Também foi patrocinadora oficial da Copa de 2006.
Se o dirigente voltar da viagem com um acerto, já será boa notícia, pois o Corinthians precisa começar a fazer caixa com urgência. Até agora o estádio foi só custo e, com a Copa, a arena não poderá ser usada a partir do dia 21 de maio. Após o Mundial, o clube voltará os esforços para ampliar a receita.
Andrés já revelou em conversa com o Estado ter expectativa de receita de até R$ 200 milhões/ano com o estádio. Pode ser previsão otimista, mas uma ideia para aumentar os recursos é fazer uma espécie de leilão pelos lugares mais nobres do estádio, por um tempo determinado. A lógica corintiana consiste em ceder seus espaços por um curto período, pois caso contrário o aumento do custo de vida e a inflação podem transformar locais privilegiados da arena em ninharia. Assim, o leilão colocaria um "preço de mercado" nos assentos e o clube poderia conseguir uma receita maior.
Em contrapartida, o estádio vai oferecer setores luxuosos para os torcedores de maior poder aquisitivo. Quando o clube pensava na construção do estádio, encomendou uma pesquisa para traçar o perfil da Fiel e chegou à conclusão de que o Corinthians é o clube brasileiro que tem a maior quantidade de torcedores ricos – em números absolutos, não na proporção.
"Nosso estádio nasceu de um estudo de mercado. Outro ponto é que quem fez o projeto foi o Corinthians, não a empreiteira. Fomos nós que dissemos como deve ser, qual o acabamento e qual a proporção de assentos por faixa de ingresso", conta Luís Paulo Rosenberg, vice-presidente do clube.
A partir dessa informação, a diretoria da época pensou em oferecer uma série de serviços que não existem em outros estádios brasileiros. Para se ter ideia, o torcedor vip poderá ficar em área exclusiva, com vaga de estacionamento no subsolo, e terá visão privilegiada do campo. No camarote, ele terá à disposição bebida e comida à vontade, que poderá ser servida por um garçom em sua poltrona confeccionada pela Ferrari. Para isso, basta fazer o pedido por celular.
O maior desafio agora é melhorar o acesso ao estádio. Rosenberg já tem um plano e gostaria de vê-lo em prática. "O trem pode fazer do Memorial da América Latina até o estádio em 20 minutos, com duas ou três paradas. O meu modelo ideal seria alugar o estacionamento do Memorial de quarta-feira e colocar um sistema de vans até a estação de trem. O torcedor iria de trem, de preferência com vagões de primeira e segunda classe para poder cobrar valor diferenciado, e a estação ficaria aberta até a volta. Isso transformaria o estádio em um local praticamente tão acessível quanto o Pacaembu."