Ayrton Senna foi lembrado pelos comandados de Carlos Alberto Parreira logo depois da vitória por pênaltis da Seleção sobre a Itália na final da Copa dos Estados Unidos-1994. No Mundial do México-1986, o piloto corintiano havia confortado os brasileiros após a dramática eliminação diante da França, também nas penalidades.
Nesta semana, quando a morte de Senna completa 20 anos, a Gazeta Esportiva apresenta uma série de reportagens sobre a vida e a carreira do tricampeão mundial, falecido em um acidente em 1º de maio de 1994 no Grande Prêmio de San Marino de Fórmula 1.
Tricampeã em 1970, a Seleção voltou ao México em 1986 com alguns remanescentes da memorável equipe de 1982, como Zico. Nas quartas de final, o ídolo flamenguista perdeu um pênalti no tempo normal diante da França e, após empate por 1 a 1, acabou eliminado com a equipe no Estádio Jalisco, em Guadalajara.
No dia seguinte, também na América do Norte, Ayrton Senna participou do Grande Prêmio dos Estados Unidos, em Detroit. A vitória do então piloto da Lotus teve gosto especial, já que os franceses Jacques Laffite e Alain Prost ficaram em segundo e terceiro colocados, respectivamente. Para completar, ele comemorou com uma bandeira do Brasil de forma inédita.
“O Ayrton levantou a bandeira do país na Fórmula 1 pela primeira vez em um momento muito difícil, quando havíamos perdido inclusive naquilo em que éramos os melhores, a Copa do Mundo de futebol. Ele tinha muito orgulho de ser brasileiro”, disse Viviane Senna, irmã do piloto.
Na edição de 23 de junho de 1986, o jornal A Gazeta Esportiva relatou o episódio. “Senna dava sua volta final, recebendo os aplausos do público. Aí aconteceu uma das situações mais bonitas e emocionantes para o torcedor brasileiro, ainda amargurado com a derrota do futebol. Senna parrou o carro, recebeu a pequena bandeira nacional das mãos de um fã e, agitando-a, percorreu os metros finais.
Para um país ferido, não poderia haver nada mais gratificante que a bandeira brasileira tremulando como vencedora”, descreveu o periódico.
Na visão de Viviane, o patriotismo demonstrado por Ayrton, vítima de um acidente fatal no Grande Prêmio de San Marino-1994, merece crédito especial, uma vez que o Brasil vivia situação delicada na segunda metade dos anos 1980, período marcado pelo final o final do regime militar.
“O Brasil estava sem perspectivas, era uma nação que não dava certo política, econômica e socialmente. A gente tinha vergonha de dizer que era brasileiro, porque o país era malvisto internacionalmente. Já o Ayrton estava disposto a enfrentar todos os desafios do Brasil”, afirmou Viviane.
Eliminada nas quartas de final pelos franceses em 1986, a Seleção, dirigida por Sebastião Lazaroni, parou nas oitavas do Mundial da Itália-1990, diante da Argentina. O Brasil finalmente quebrou um jejum de 24 anos e conquistou o tetracampeonato em 1994, nos Estados Unidos.
No dia 20 de abril daquele ano, Ayrton Senna deu o pontapé inicial de um amistoso do Brasil contra o combinado Paris Saint-Germain-Bordeaux. Após o empate por 0 a 0 no Estádio Parque dos Príncipes, o piloto jantou com a delegação na capital francesa e profetizou que ele ou a Seleção seriam tetracampeões mundiais em 1994.
Como Senna sofreu um acidente fatal 11 dias depois no Grande Prêmio de San Marino – o centroavante Viola compareceu ao velório -, o encontro em Paris foi marcante para o elenco. Após a vitória nos pênaltis sobre a Itália na final da Copa, os jogadores exibiram uma faixa com a seguinte inscrição: “Senna, aceleramos juntos, o tetra é nosso!”.
Embora não se considerasse um torcedor fanático do Corinthians, Ayrton Senna tem sua imagem cultuada pelo clube. No Parque São Jorge, entre estátuas de ídolos históricos, há um capacete usado pelo tricampeão em permanente exibição com a seguinte mensagem: “No peito do piloto frio e corajoso batia um coração corintiano”.
A admiração é compartilhada pelos torcedores do Corinthians.
A Gaviões da Fiel, principal organizada, tem um bandeirão com o personagem Senninha e costuma levar em praticamente todos os jogos faixas em homenagem ao piloto, além de cantar seu nome em datas especiais.
A torcida do Corinthians presta constantes homenagens a Ayrton Senna nas arquibancadas durante as partidas