30/4/2014 09:16
'O Corinthians é um caldeirão, tem gente dentro que trabalha contra', diz Gobbi.
Depois de alguns meses evitando a imprensa fora dos dias de jogos, o presidente do Corinthians decidiu que é hora de falar. A nove meses do fim do mandato, Mario Gobbi enfrenta situação complicada dentro do clube, em meio a uma reformulação no futebol, ainda longe de terminar.
Na primeira parte da entrevista, o comandante alvinegro falou sobre as saídas e chegadas no elenco, e especialmente sobre o momento político do Parque São Jorge, sua relação com o ex-presidente Andrés Sanchez e o "fogo amigo" que tem atrapalhado a gestão.
"[Sobre notícias de que Mano Menezes estava acertado com o Corinthians quando saiu do Flamengo] Isso é uma violência, uma maldade que fizeram, do fogo amigo que tem dentro do Corinthians (...) O Corinthians vive um caldeirão. Tem pessoas que trabalham contra a gestão. Não contra a minha, contra qualquer uma.
Elas inventam histórias, contam mentiras. E é por isso que eu não leio jornais, não leio revistas e nem vejo a televisão. O que se fala são essas fontes que usam vocês para soltar um monte de mentiras para desinformar a população", afirmou o presidente corintiano.
"Claro que está difícil [conviver com o fogo amigo]. Tenho um curriculum que eu me orgulho. Sabe quanto tempo estamos sem ganhar um título? 10 meses. Porque nós ganhamos, minha cara Camila, a Recopa faz dez meses, mas parece que faz 100 anos. Acha que existe clima para se viver bem no futebol?", desabafou.
Ainda assim, Gobbi negou três vezes que exista um racha na gestão.
"Não há racha. Há um processo político, por causa das eleições, mas isso é outra coisa. Está rachado quem falou para você que está rachado. É o movimento dos sem cargos. Quem falou isso para você é um vagabundo e sem vergonha".
O presidente do Corinthians também fez questão de negar qualquer problema com Andrés Sanchez, a quem ele deu o cargo de gestor da nova arena.
"Como vou menosprezar a experiência dele? Como vou menosprezar um presidente que teve uma passagem brilhante na presidência? Um presidente que tem uma história aqui desde as categorias de base? Um empresário como ele... Eu, presidente do Corinthians, conferi ao Andrés o cargo de gestor da arena. É o maior cargo do clube, maior do que o do presidente", disse Mario.
"O Andrés é espanhol, espanhol é sangue que ferve. Ele é um guerreiro, um idealista. Ele pensa que os fatos, tal questão deveria ser conduzida de outra forma, e quando não é, ele fica bravo. Nossa relação é muito boa. Ontem mesmo ele esteve aqui. E tivemos uma reunião muito boa, sobre as contas da arena".
"O que talvez eles tenham cobrado seja uma postura mais pró-ativa do presidente, mais oba oba, mais isso, mais aquilo.. Mas eu não tenho esse estilo. Todo mundo sabia disso. Eu sempre fui um grande articulador, entendo que a postura do presidente não seja a que eles me cobram. Nem por isso eu estou rachado com eles.
Eu espero que o Roberto [de Andrade] venha, ou qualquer outro, e seja esse bum que a minha personalidade não me permite fazer. Cada um dá a contribuição que a personalidade permite".
Sobre o futebol, Gobbi não escondeu a frustração com Pato e mandou recado para Sheik, ao ser perguntado sobre o que achou das declarações do atual jogador do Botafogo em relação a Mano Menezes.
"[Pato] Não deu certo porque ele não jogou o que esperava que ele jogasse. O que ficou foi uma frustração do projeto traçado não ter dado certo. Acho que a gente deve se arrepender do que a gente não faz", afirmou.
"Não faltou nada para o Sheik. Sempre o tratamos com muito respeito e carinho. Nós tivemos muita paciência com o Sheik, cuidamos muito dele, todo mundo. E mais: ele é jogador do Corinthians e quero que em janeiro, quando ele se reapresentar aqui, que ele esteja em forma, jogando o futebol que ele jogou na Libertadores e não o que ele vinha jogando", completou.
Veja a primeira parte da entrevista com Mario Gobbi na íntegra
ESPN.com.br - Quem deu a ideia de contratar o Pato e pagar 15 milhões de euros?
Mario Gobbi - Primeiro que aqui no Corinthians não se contrata jogador sem que seja um pedido da comissão técnica. O Pato foi um pedido do Tite. Pelos valores, nós fizemos uma reunião com o marketing e com a diretoria de futebol, eu ouvi outras pessoas que têm influência aqui no clube, para saber se a gente deveria investir no jogador. Na mesma época, havia no clube um clamor para que o clube voltasse a ter um ícone como teve o Ronaldo.
Não se tinha a intenção de substituir Ronaldo, porque ele é insubstituível. Mas queríamos ter um chamariz que fosse o carro-chefe de venda de produtos, de camisas, para trazer receitas. Como o Tite pediu o Pato, nós passamos a analisar tudo isso, o potencial dele de mercado, a idade dele, é um investimento que certamente teríamos retorno. Foi uma unanimidade que deveríamos apostar. E assim foi feito. Trouxemos o Pato, não só pela capacidade técnica, mas também pelo poder de mídia que ele podia ter.
ESPN - Nem na parte técnica tampouco na parte de marketing isso se comprovou. Qual o tamanho do arrependimento?
MG - Acho que a gente deve se arrepender do que a gente não faz. Da omissão. Se a gente tivesse ficado quieto, se não tivéssemos feito, talvez a gente tivesse hoje aqui pensando que teria sido um bom negócio. E que a gente estaria com o caixa cheio.
Mas o futebol, por mais que você raciocine, que você tenha uma convicção, você só vê quando ela se realiza. Então, o que ficou foi uma frustração do projeto traçado não ter dado certo.
ESPN - Por que não deu certo?
MG - O mundo do futebol é muito complexo para você dizer em uma frase ou em um fato você definir porque não deu certo. Não deu certo porque ele não jogou o que esperava que ele jogasse. Isso não tem explicação.
A gente tem exemplos inúmeros, aqui mesmo no Corinthians, de jogadores que não conseguiram jogar o que se esperava. Não há uma explicação objetiva. O que a gente espera é que ele jogue muito no São Paulo, marque muitos gols, recupere a imagem dele, para que a gente possa vende-lo pelos 15 milhões de euros que nós pagamos. Ele é jogador do Corinthians, ainda vai ter que se apresentar aqui.
ESPN - Quatro milhões de euros pelo Elias não é muito?
MG - Não acho. Acho que o Elias é um jogador com características peculiares, não se tem jogador com essas características, outro semelhante é o Paulinho, que saiu daqui.
O Elias é um segundo volante que joga, que é homem surpresa, que chega na área para marcar gols. Ele tem 28 para 29 anos e três anos de contrato com a gente. O porte atlético dele mostra que ele vai fazer muita coisa aqui. Sem contar que não pagamos luvas e vamos pagar em quatro parcelas. É um grande negócio.
ESPN - Mas não vai ter retorno, né?
MG - Sem retorno. Mas isso já tinha sido pensado. Foi o que pagamos para ter um jogador com o que o Elias tem.
ESPN - Você falou que ouviu muita gente para contratar o Pato, para o Elias também?
MG - Eu ouvi. Eu fui assistir ao jogo de Flamengo e Corinthians no Pacaembu e eu vi 40 mil pessoas em pé gritando o nome do Elias. Acho que 40 mil pessoas é mais do que suficiente para ouvir.
ESPN - Virou uma questão de honra a contratação do Elias?
MG - Não. Nós não fizemos loucura. Falamos para o Sporting o que a gente estava disposto a pagar. O Sporting tentou vender pelo dobro e nós falamos que não queríamos. O Flamengo estava na negociação também. Perto da meia-noite a gente deu por encerrada a negociação. O Sporting soltou uma nota no dia seguinte, dizendo que a gente estava blefando. Como ele falou isso, no jogo de truco você chama 12 e mostra o zap, o copas e o espadilha.
Ele pediu, chorou, pagou sapo e viu a proposta por escrita e teve de aceitar.
ESPN - Tinha gente contra a contratação?
MG - No Corinthians, não existe unanimidade. Só quando a gente é campeão. Me perdoe a opinião de todos, ser contra a contratação do Elias é preciso rever os conceitos de futebol dela.
ESPN - Quem bateu o martelo da renovação do Sheik?
MG - A comissão técnica se reuniu com a diretoria e decidiu fazer mais um período com o Sheik. A gente queria 12 meses, o Sheik queria 24 meses, e ficamos em um impasse, por toda a história dele aqui. E, então, chegamos a um consenso de um ano e meio. Digo a você que se o Coritnhians não tivesse reformado o contrato do Sheik, aqui é um termômetro forte, eu recebo ligações, torpedos, e-mails... o mundo queria que renovasse com Sheik.
Imagina quanta pedrada eu ia levar na minhas costas por não ter renovado o contrato com Sheik. Iam falar que o Corinthians está fazendo essa campanha pífia porque não renovou com o Sheik. O futebol tem dessas coisas.
ESPN - E aí vale a mesma coisa do que o Pato, só se arrepender do que não fez?
MG - Eu aprendi desde pequeno com meus pais e outros líderes de não me arrepender do que fiz, só me arrepender do que não fiz, é meu princípio de vida.
ESPN - Você ouviu as declarações do Sheik sobre o Mano Menezes?
MG - Ouvi.
ESPN - O que você achou?
MG - Achei que quero que o Sheik seja muito feliz, que viva intensamente o Botafogo, que é o clube que hoje ele defende, quero que ele volte a jogar o futebol que ele jogou na Libertadores de 2012. Se ele fizer isso, ele estará fazendo um bem para ele e para o futebol brasileiro.
E mais: ele é jogador do Corinthians e quero que em janeiro, quando ele se reapresentar aqui, que ele esteja em forma, jogando o futebol que ele jogou na Libertadores não o que ele vinha jogando.
ESPN - Ele falou que o Mano deveria ter sentado e avisado que não queria mais...
MG - Não faltou nada para o Sheik. Sempre o tratamos com muito respeito e carinho. Nós tivemos muita paciência com o Sheik, cuidamos muito dele, todo mundo. Se você se recordar, quando essa nova comissão técnica chegou, ele era titular absoluto do time. Depois ele foi perdendo espaço, joga aquele que o treinador entende que está em melhores condições.
ESPN - O Mano falou na eliminação do Paulista que estava fazendo o trabalho que outros não quiseram fazer. Para quem ele falou isso? Tinha que ter sido feito antes?
MG - O que o Mano disse eu também digo. Esse trabalho é desagradável. É impossível montar um novo grupo e ter resultados. O Corinthians fechou um ciclo de seis anos com dez títulos, sendo oito de campeão e dois de vice.
Chega o momento que tem de reciclar para voltar a ciclar novamente. Esse trabalho foi feito em 2008. Os resultados não aparecem rápido, ninguém gosta de fazer. Estamos enfrentando de peito aberto e com coragem. Pode ter certeza que eu vou deixar para o próximo que vier um grupo, uma estrutura pronta, só pra arrumar detalhes que faltarão. O que o Mano quis dizer é que precisamos de paciência.
ESPN - O Mano estava acertado com o Corinthians quando saiu do Flamengo?
MG - Não. Isso é uma violência, uma maldade que fizeram do fogo amigo que tem dentro do Corinthians. O processo de saída do Tite foi assim: o time não fazia um Brasileiro a altura, até que teve o jogo da Portuguesa que ele mesmo se demitiu. Quando eles voltaram de viagem, eu estava lá no CT para dizer a ele que ele não sairia assim. E terminaríamos o ano com dignidade.
Passaram alguns jogos e o time ficou a três ou quatro pontos de rebaixamento. A diretoria, eu, e outras pessoas que nos aconselham, cogitamos trocar o técnico naquela altura do campeonato, com medo de que o time não conseguisse reagir. Isso durou 24 horas, depois decidimos ir com o Tite até o final. Não iríamos demiti-lo e iríamos até o fim do contrato, mas que no fim do contrato não continuaríamos com ele. Isso era consenso entre todo mundo.
ESPN - E vocês falaram com o Tite?
MG - Então, falamos ao Tite que só iríamos falar em renovação quando o time chegasse aos 48 pontos. Quando chegou, eu estava lá para dizer a ele que ele estava livre e ele disse que também achava que era a hora de encerrar o ciclo. Depois conversamos e o nome do Mano aflorou.
ESPN - E aí decidiram pelo nome do Mano....
MG - Ninguém conhece melhor o trabalho do Mano do que eu. Segundo que o Mano deixou um legado que as pessoas do futebol esquecem, elas têm amnésia. Ele deixou um grupo fantástico aqui. Tudo o que o Mano fez ninguém fala, as pessoas que ele revelou, porque quem analisa o futebol é medíocre. Só vê o momento, não vê o histórico. Todo o trabalho demora pra ser feito.
Você sabe que uma reformulação não é rápida. Por que fala isso? Por que falar isso para um torcedor e criar expectativas? Isso gera violência e revolta. Não é dessa forma que se educa. Leva no mínimo oito meses a reformulação, mas ninguém está interessado em dizer pro torcedor. O Mano é extremamente competente e o Corinthians está em excelentes mãos.
ESPN - Quem tem de falar isso pra torcida é a diretoria, não?
MG - Mas eu digo isso sempre, mas ninguém fala. Quem forma a opinião não sou eu. O futebol é composto por jogador, cartola, como vocês gostam de falar, e imprensa, que forma a opinião. E isso não se fala.
ESPN - E a imprensa informa errado?
MG - Não. Mas eu nunca ouvi alguém dizer que era a hora de reformulação, que isso demora, que esse ano não é de vitórias, é de montar o grupo. Nunca ouvi. Pelo contrário. Cobraram porque empatamos em Uberlândia. Empatamos com o campeão da Libertadores, na casa deles e eles não tem que ganhar da gente?
ESPN - Quando eu perguntei sobre o Mano você disse que isso é coisa de fogo amigo. Que fogo amigo é esse?
MG - O Corinthians vive um caldeirão. Tem pessoas que trabalham contra a gestão. Não contra a minha, contra qualquer uma. Elas inventam histórias, contam mentiras. E é por isso que eu não leio jornais, não leio revistas e nem vejo a televisão. O que se fala são essas fontes que usam vocês para soltar um monte de mentiras para desinformar a população.
ESPN - Quem são essas pessoas?
MG - Não sei. As fontes são de vocês. Você não tem as suas?
ESPN - Está difícil trabalhar com o fogo amigo?
MG - Claro que está difícil. Mas mesmo assim, Camila querida, eu fui diretor de futebol por três anos e peguei o time na Série B, quando tinha dez jogadores no plantel, nove da base. Eu, o Mano, o Andrés e o Antônio Carlos. Subimos para a Série A, fomos vice da Copa do Brasil, ganhamos a Copa do Brasil e eu não participei do Brasileiro de 2011, mas agora ganhamos a Libertadores, de forma invicta, ganhamos o Mundial, a Recopa e o Paulista.
Ganhamos a tríplice coroa, não preciso provar mais nada para ninguém. Tenho um curriculum que eu me orgulho. Sabe quanto tempo estamos sem ganhar um título? 10 meses. Porque nós ganhamos, minha cara Camila, a Recopa faz dez meses, mas parece que faz 100 anos. Acha que existe clima para se viver bem no futebol?
ESPN - É importante ter cobrança, não?
MG - Sim, estou falando do fogo amigo e não da imprensa. Ganhamos um monte de coisas.
ESPN - A diretoria está rachada?
MG - Da onde você tirou isso?
ESPN - É uma pergunta...
MG - Quem fala isso? Quem falou isso? Quem falou isso, se for homem para falar que falou, eu respondo. Se for de ouvi dizer não vou responder.
ESPN - A entrevista é pra você responder essas coisas...
MG - Com base em que você tirou isso? Da onde você tirou isso?
ESPN - Então, a diretoria está unida?
MG - Há um processo político, por causa das eleições, mas isso é outra coisa. Está rachado quem falou para você que está rachado. É o movimento dos sem cargos. Quem falou isso para você é um vagabundo e sem vergonha. Acho que você deveria escolher melhor suas fontes.
ESPN - A diretoria está unida?
MG - Não tem racha aqui. Qual é o racha?
ESPN - É a minha pergunta.
MG - Vocês confundem as coisas. Porque eu tenho opinião divergentes do Andrés, você acha que estamos rachados. O fato de eu divergir de uma questão, não significa isso. Na Copa do Brasil de 2009, o Andrés queria uma logística, eu queria outra e nós divergimos. Se isso é rachar... Conhece algum lugar que não está rachado? Vocês divergem em uma reunião de pauta, estão rachados? Não tem racha aqui. Somos todos do mesmo grupo político. Vamos com o mesmo candidato.
ESPN - O Andrés é uma das pessoas que você escuta?
MG - Claro, escuto muito ele. Como vou menosprezar a experiência dele? Como vou menosprezar um presidente que teve uma passagem brilhante na presidência? Um presidente que tem uma história aqui desde as categorias de base? Um empresário como ele... Eu, presidente do Corinthians, conferi ao Andrés o cargo de gestor da arena. É o maior cargo do clube, maior do que o do presidente.
ESPN - Você acha que gente dentro do clube prefere mostrar que a relação de vocês dois é pior do que realmente é?
MG - O que existe é o entorno, que gosta, que vive disso. Como o entorno não tem nada, não tem cargo, ele não se sente muito importante. Esse cara liga para o jornalista pra falar isso. O trouxa mal sabe que está sendo usado e depois vai ser exprimido como uma laranja e será jogado como um bagaço no lixo. Eu tenho pena dessas pessoas que inventam mentiras e histórias para satisfazer seu próprio ego.
ESPN - Andrés falou recentemente que você deveria primeiro aprender a ser presidente para depois falar como vai ser sua vida de ex...
MG - Isso porque quem estava na reunião falou besteira para o Andrés, quis dar uma conotação diferente da que eu dei no Cori. Eu disse que eu ia terminar os projetos e ia sair da vida política do Corinthians, que eu ia voltar a ser uma pessoa comum, um ex-presidente, voltar ao bar da esquina, que eu ia me cuidar muito, porque eu seria um ex-presidente.
Mas o fogo amigo ligou para o Andrés para dizer que eu estava me comparando a ele. Eu não estava. O Andrés não vai parar com a vida dele no futebol. Eu vou parar. Somos diferentes. Eu estava falando da minha pessoa. Tem outros ex vivos aí.
ESPN - Você acha que o Andrés prefere a imagem de estar distante?
MG - Acho que não. Ele fica chateado e eu também não gosto. O Andrés é espanhol, espanhol é sangue que ferve. Ele é um guerreiro, um idealista. Ele pensa que os fatos, tal questão deveria ser conduzida de outra forma, e quando não é, ele fica bravo.
ESPN - Sua relação com ele hoje, você diria, é boa?
MG - Muito boa. Ontem mesmo ele esteve aqui. E tivemos uma reunião muito boa.
ESPN - Sobre o quê?
MG - Contas da arena.
ESPN - Quando você diz que aqui está um caldeirão, é o quê?
MG - Acho que nessa gestão aconteceu um fenômeno que não aconteceu na passada. Muito cedo começou a se falar em sucessão. Isso não é bom para o clube.
Gera interesses, move pessoas. Foi precipitado falar disso seis meses depois de eu tomar posse. Foi um desrespeito com o presidente do Corinthians, não ao Mario, ao presidente do clube, seja ele quem for. Segundo, é um desserviço ao clube. Política se fala três ou quatro meses antes.
ESPN - Quem você gostaria que fosse o seu sucessor?
MG - Eu tenho o meu sucessor, ele sabe quem é, minha diretoria também já sabe quem é o meu candidato, que é o mesmo do meu grupo político e, aliás, o mesmo candidato do Andrés Sanchez, para você ver como estamos rachados. Mas não é hora de falar de candidato. Se a gente falar, a oposição começa a se movimentar e começa a ficar difícil a vida aqui dentro. Temos uma gestão de nove meses pela frente. Quando for a hora certo, vamos fazer isso.
ESPN - Hoje, o que está mais difícil, o futebol ou a política?
MG - O futebol move a política. Existem dois tipos de sócio, o que quer o clube e o que vê o futebol só. O que nós fizemos de benfeitorias, de obras, paisagismo, é fantástico. Nós transformamos o clube social. O caldeirão é o futebol. Se o futebol vai bem, as coisas são calmas. Se não, você vive uma loucura, isso ferve, todos saem para fora. Enquanto estávamos ganhando tudo, estava tudo bem. Dez meses sem título e começou a política de novo.
ESPN - O clube se apequenou nos últimos anos, como disse Andrés Sanchez e Luis Paulo Rosenberg?
MG - O sentido disso pode se levar para tantos lados. Eu não sei o que eles quiseram colocar. Desde quando nós assumimos o Corinthians, a filosofia da diretoria era: faça o futebol dar resultados que o marketing traz receitas para o clube. Em um ano e meio nós ganhos cinco títulos. Grandes títulos.
E não se conseguiu fechar o omoplata da camisa. É incompetência? Eu fui no escritório do Luis Paulo, que eu gosto muito, e ele me disse que o mercado mudou. O que ele falou sobre ter se apequenado, acho que ele quer dizer que o Ronaldo passou, tentamos com o Pato e não deu certo.
O Corinthians não teve gancho para manter o glamour que vinha tendo. Por outro lado, o Corinthians está apresentando o maior estádio do mundo para a sua torcida, demos dez títulos nos últimos anos e fez muitas outras coisas. Eu acho que existe uma diferença entre as pessoas, e não poderia ser diferente, cada um tem a sua personalidade.
ESPN - O que você entendeu do que eles falaram?
MG - O que talvez eles tenham cobrado seja uma postura mais proativa do presidente, mais oba oba, mais, mais, mais... Mas eu não tenho esse estilo. Todo mundo sabia disso. Eu sempre fui um grande articulador, mas entendo que a postura do presidente não seja a que eles me cobram. Nem por isso eu estou rachado com eles. Eu espero que o Roberto [de Andrade] venha, ou qualquer outro, e seja esse bum que a minha personalidade não permite eu fazer. Cada um dá a contribuição que a personalidade permite
. É inegável que em 2008, naquele momento histórico, muita coisa aconteceu para alavancar e fazer muita coisa acontecer. Uma gestão que em dois anos e dois meses ganha quatro títulos, sendo dois que nunca tinha ganho antes, e vai entregar um estádio, com todo o mérito do Andrés Sanchez, que é o pai do estádio e merece isso, ele que começou com tudo... Então, se por um lado não teve isso que eles queriam, tiveram outras coisas. O próximo vai preencher outros tijolinhos.
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