Levantamento realizado pelo "Redação SporTV" mostra que nenhum dos dez jogos que marcaram a primeira rodada do Campeonato Brasileiro contou com mais de 60 minutos de bola rolando.
A estatística contraria o padrão da Fifa, que coloca o valor como mínimo para um espetáculo de futebol, sendo 70 minutos o tempo ideal.
Para o ex-meia Juninho Pernambucano, os dados são prova de que o esporte no Brasil precisa de uma reformulação. Segundo ele, a Confederação Brasileira de Futebol é a principal responsável por esta mudança, mas se esconde atrás de conquistas da seleção brasileira.
- É um assunto grave, porque isso tira o torcedor do campo e o futebol fica menos atraente. Eu prefiro ver um futebol com pegada, mais disputado, mas que a bola role mais, do que aquele em que tem um chapéu ou caneta, mas que seja parado.
Temos que aceitar que paramos no tempo. A seleção brasileira é uma coisa, e o nosso campeonato é outra. Há alguns anos, víamos o São Paulo jogar de igual para igual contra o Barcelona no Mundial.
Naquele jogo em que o Barcelona atropelou o Santos, que era nossa melhor equipe, foi o alarme final. Acho que os jogadores não estão preparados para jogar muito, a condição de trabalho não é ideal. Achamos que pagando era suficiente, mas tem que melhorar muito, com trabalho na base.
A CBF, maior responsável por tudo isso, tem que mudar a base com times de todas as séries. Temos o mais difícil, que é a qualidade técnica, mas com cultura de que futebol é só driblar. A CBF se esconde nos cinco títulos conquistados. Se for hexa, será mais um motivo para se esconder - disse.
Na análise de Juninho, faltam preparo físico aos elencos brasileiros e times capazes de encarar a maratona de jogos sem perder eficiência. Segundo o ex-jogador, o futebol corre o risco de ter menos bola rolando que o futsal, que conta com dois tempos de 20 minutos, mas vê o cronômetro parar quando o jogo é paralisado.
- Os clubes estão desgastados já no início da temporada, não têm um elenco pronto para responder a essa exigência. Se eu não estiver preparado, vou cavar falta, vou tentar fazer com que meu melhor momento no jogo eu possa aproveitar.
O empate em 0 a 0 entre Flamengo e Goiás, no Mané Garrincha, no último domingo, contou com apenas 46 minutos de ação no gramado - o jogo ficou parado por 47 minutos. Ao todo, foram 70 passes errados e 25 faltas. A média da primeira rodada do Brasileirão foi de 54 minutos e 30 segundos de bola rolando.