13/4/2014 11:45

A epopeia para assistir ao Corinthians na final da Libertadores .

A epopeia para assistir ao Corinthians na final da Libertadores

A epopeia para assistir ao Corinthians na final da Libertadores  .
No dia 4 de julho de 2012 a torcida corintiana foi à loucura com a primeira conquista da Libertadores do clube. Na noite daquele dia, 37.959 fanáticos pagaram para entrar no Pacaembu e para assistir ao jogo histórico contra o Boca Juniors (ARG). Esse número poderia ser 37.960. Havia mais um fiel torcedor na arquibancada que não gastou um centavo para estar lá, apesar de não ter uma credencial que o isentasse do ingresso.
Participante do programa Fiel Torcedor, Bruno Paiva bem que tentou adquirir uma entrada tradicional, mas o destino o levou a uma aventura no Estádio Paulo Machado de Carvalho que o premiou com a possibilidade de assistir à conquista inédita sem colocar a mão no bolso. Mas a história não foi tão simples como se pode parecer.

Quem vai contar essa epopeia é o próprio Bruno, mas antes é preciso explicar o contexto em que ele estava inserido. Como todos os loucos do bando, Bruno tentou de todas as formas ir à Argentina para assistir ao primeiro jogo da decisão (empate por 1 a 1).

Ele chegou a acertar a passagem aérea e o ingresso só foi conseguido na tarde do dia do jogo, o que faria com que ele chegasse ao estádio no intervalo, se tudo corresse bem. Mas assim não valeria a pena.

Ele, então, desistiu, ficou muito mal, mas focou o jogo decisivo, no Pacaembu. Ele assume por aqui:

“No jogo aqui no Pacaembu, eu tentei comprar o ingresso via Fiel Torcedor, mas o site travava toda hora e aparecia uma mensagem que os ingressos já estavam indisponíveis 20 ou 30 minutos depois de abrir as vendas. Como isso pode acontecer? Fiquei puto e comecei a peregrinação atrás dos meus contatos.

No dia do jogo, ainda sem ingresso, não ia arriscar comprar um de cambista, que podia ser falso. Então, um dos meus contatos, que ia trabalhar no estádio, comentou que algumas pessoas estavam entrando no Pacaembu com fios, caixas e cerveja por um portão que ficava sempre aberto.

Como tinha a esperança que alguém conseguiria o ingresso para mim, saquei R$ 400 e fui para o estádio por volta de 14h. Nunca cheguei tão cedo, já que o jogo era às 22h!

Passei por uns portões em que havia um monte de policiais. Então pensei que não teria condições de entrar mesmo. Mas ao passar pelo portão 8, vi que ele estava aberto e que pessoas entravam com caixas e sacos nas costas.

Aproveitei a chance e entrei como um turista, falando ao celular e com a camisa do time escondida no bolso da calça. Lá dentro, todo mundo estava com um crachá no peito e eu continuei fingindo que falava ao telefone.

Ao encontrar a pessoa que me deu a deixa, ele disse que eu já tinha feito o mais difícil, que era entrar. Então, fiquei esperando para ver o que aconteceria. Passou um tempo e começaram a instalar as catracas de acesso e alguns policiais começaram a esvaziar o estádio. Um veio subindo em minha direção e eu encostei o peito na grade fingindo que estava tirando fotos com o celular.

Fiquei parado, gelado, esperando ele falar para eu sair, mas ele passou atrás de mim e continuou olhando os crachás dos trabalhadores que estavam atrás. Até falou para alguns que teriam de deixar o estádio, mas para mim não falou nada.

Aliviado, desci a arquibancada e quando estava no meio percebi que só estava eu lá. Fiquei mais visível do que onde estava antes. Mas não subi novamente para não chamar a atenção. Então, continuei descendo.

Como no Pacaembu não tem colunas onde eu pudesse me esconder, vi oito banheiros químicos embaixo de uma cobertura e resolvi entrar em um deles, mais no fundo.

Lá dentro, comecei a festejar, enviando mensagens para os meus amigos para contar a história.

Fiquei achando que ia ficar lá tranquilo até que os torcedores começassem a entrar no estádio. Aí, então, eu sairia e agiria normalmente. Mas, do nada, começaram a bater na porta do banheiro. Ei gritei que estava usando. Fiquei lá mais uns sete minutos para a desculpa ser mais convincente.

Quando saí, eram dois policiais com um cachorro, que estava farejando a porta. Eles perguntaram o que eu estava fazendo lá e, como estava com os R$ 400 no bolso, resolvi contar a verdade.

Disse que havia combinado com um cambista fora do estádio para comprar o ingresso, mas o cara não apareceu. Quando percebi que o portão estava aberto, entrei e fui usar o banheiro. Tentei ser convincente, até xinguei o cambista. Então, um policial olhou para o outro e falou para eu voltar para dentro do banheiro. Nem acreditei. Pensei que ia ser preso e não conseguiria nem assistir ao jogo!

Muito feliz, esperei lá dentro até 19h e pouco, quando a torcida começou a entrar, e fui para a numerada. Havia um monte de gente da Conmebol ajudando as pessoas a acharem seus lugares numerados.

Tudo certinho, nem parecia ser no Brasil. No começo, tive de mudar de lugar três vezes e fiquei com medo de os policiais perceberem e pedirem meu ingresso. Mas depois chegou uma galera que começou a negociar meu lugar, falando que eu estava com o ingresso mais embaixo mas queria ficar junto deles. Virou várzea, sem a disciplina do lugar. E eu pude assistir ao título do Timão.”



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