Caseiro e de poucas palavras, o atacante Luciano vive momentos mais tranquilos após seu início arrasador com a camisa do Corinthians – seis gols em sete jogos. Discreto durante o período de treinos comandado por Mano Menezes no CT Joaquim Grava, ele se acostuma aos poucos com a fama, luta contra a timidez e conta com apoio essencial para manter a cabeça tranquila: seus pais, Luci e Itamar, mudaram-se definitivamente para São Paulo e estão morando com o garoto de 20 anos.

As entrevistas, aos poucos, começam a ser reveladoras. Luciano ainda apresenta defesas naturais de quem está se acostumando aos microfones: o “não” antes de iniciar cada frase e os risos frequentes são mostras disso. A conversa flui justamente quando os pais entram no assunto. Do início em Anápolis, quando Luciano tinha de ir de bicicleta aos treinos, ao sucesso no Timão, com os gols, eles sempre estiveram presentes.

– Não tinha dinheiro para nada, joguei no Anapolina e no Anápolis e tinha de ir de bicicleta aos treinos com meus pais. Por eles, não larguei o futebol. Converso muito com eles, e hoje vemos que o esforço daqueles tempos valeu a pena – comemorou Luciano, em conversa com a reportagem.

– Hoje em dia, sentamos e damos risada de tudo o que vivemos. É muito bom estar assim – completou.

Em São Paulo, Luciano manteve a veia caseira. Só sai para ir ao shopping fazer algumas compras e assistir a algum filme no cinema. Toda vez, é abordado por corintianos.

– Não saio à noite, sou mais na minha. Mas quando vou ao shopping, dá um tumulto. É preciso manter os pés no chão – discursou.

Quando começa a falar de seus principais ídolos, a voz fica mais animada. São dois Ronaldos: o Fenômeno, que encerrou sua carreira no Corinthians, e o Cristiano, astro do Real Madrid e atual dono do título de melhor jogador do mundo oferecido pela Fifa. O início de Luciano foi tão bom que o apelido “Luciano Ronaldo” surgiu nas arquibancadas do Pacaembu.

– Já ouvi, mas prefiro só Luciano – avisou.

– Eu gostava muito do Fenômeno, mas o Cristiano Ronaldo é um jogador completo, que faz muitos gols e é o melhor do mundo. Quero ser um grande jogador como ele – emendou.

Com nove, dez minutos de conversa, o novo xodó do Timão bate papo tranquilamente. Lembra os gols de Ronaldo pelo Timão – “aquele contra o Santos, na Vila, foi inesquecível” –, fala rapidamente sobre a passagem “desvalorizada” pelo Atlético-GO e dá um recado rápido, ao seu estilo, para desejar novas alegrias no Corinthians. Antes de deixar a entrevista, o toque:

– Espero que não pare. Não vai parar, e ainda vou dar muitas alegrias a essa torcida.