1/4/2014 15:11
Panorama: Arena da Baixada tem bola rolando; São Paulo vê mais uma morte
Valcke diz que foi um acerto manter o estádio do Atlético-PR na Copa do Mundo. Arena Corinthians soluciona impasses, mas tem seu terceiro operário morto nas obras
Após um período de nuvens negras, quando chegou a correr riscos de ficar fora da Copa do Mundo, a Arena da Baixada vive dias de muito trabalho, mas navega em mares infinitamente mais tranquilos.
As duras críticas de Jérôme Valcke, em fevereiro, se transformaram em elogios e otimismo, em março. Para celebrar os avanços, o estádio voltou a receber uma partida de futebol depois de 27 meses, no último sábado, apesar de o estádio ainda estar em reforma. Mas nem só de boas notícias nas obras viveu o mês de março. Na última sexta-feira, uma nova tragédia se deu na Arena Corinthians. O operário Fabio Hamilton da Cruz, de 23 anos, que trabalhava na instalação das arquibancadas provisórias, morreu na tarde deste sábado após sofrer um acidente no palco da abertura da Copa do Mundo. Essa foi a terceira morte nas obras do estádio.
Desde o dia 1º de outubro de 2011, o GloboEsporte.com publica no início do mês um panorama com o andamento das obras das 12 arenas, segundo dados divulgados pelos comitês de cada cidade-sede.
ARENA DA BAIXADA: DE VILÃ A ELOGIADA
Foi um início de ano tenso para Curitiba. Durante visita em janeiro, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, colocou em xeque a participação da cidade na Copa do Mundo, devido ao atraso nas obras da Arena da Baixada. A decisão ficou para fevereiro, quando o estádio do Atlético-PR foi confirmado no Mundial. Não antes de receber duras críticas de Valcke, que se disse muito insatisfeito com o andamento dos trabalhos no local.
Pouco mais de um mês depois, o tom mudou radicalmente. Em nova visita ao Brasil, na semana passada, Valcke elogiou a Arena da Baixada, disse que foi um acerto manter o estádio na Copa e se mostrou otimista quanto ao prazo de entrega.
- Confirmamos que foi uma boa decisão a de manter Curitiba na Copa. Eles estão trabalhando bem e tudo vai ficar pronto – disse o dirigente francês.
Os avanços na Arena da Baixada ficaram ainda mais claros quando a bola voltou a rolar no estádio. No último sábado, cerca de 10 mil pessoas – entre sócios, torcedores e operários – acompanharam o empate sem gol no jogo-treino entre Atlético-PR e JMalucelli. Foi o primeiro jogo-teste da arena, embora COL e Fifa não tratem o evento desta maneira. A Arena deve receber mais dois testes antes da Copa do Mundo de 2014. Um em abril, aberto para 43 mil pessoas, e outro na metade de maio, como evento oficial da Fifa.
ARENA CORINTHIANS: SOLUÇÃO E TRAGÉDIA
Sentimentos distintos marcaram a Arena Corinthians em março. Se por um lado o clube, enfim, recebeu boa parte do repasse do BNDES e chegou a um acordo pelas estruturas temporárias, por outro mais um operário morreu nas obras do palco da abertura da Copa.
Março foi um mês de importantes avanços. O Corinthians recebeu o repasse de R$ 260 milhões do BNDES. O valor corresponde a 65% dos R$ 400 milhões a que o clube pode tomar de empréstimo do banco estatal. Por causa da demora na liberação desta linha de crédito, o clube teve que recorrer a dois empréstimos-ponte, com Banco do Brasil e Santander, o que vai encarecer o custo final do estádio. A verba liberada agora será usada para o pagamento destes empréstimos-ponte. Até o meio de abril devem ser liberados os outros R$ 140 milhões por parte do BNDES.
Em relação ao impasse sobre as estruturas temporárias, a Odebrecht, construtora responsável pelo estádio, vai arcar com os aproximadamente R$ 60 milhões. O Corinthians promete ressarcir a empreiteira em até 15 anos.
A nota triste foi a morte do operário Fabio Hamilton da Cruz no último sábado. De acordo com o Corpo de Bombeiros, ele caiu de uma altura de 15 metros, mas a assessoria da Fast Engenharia, responsável pela montagem da estrutura provisória, afirma que a queda foi de oito metros. Esse é o segundo registro de acidente na Arena Corinthians. O primeiro foi no dia 27 de novembro do ano passado, quando três estruturas metálicas caíram na parte de trás do estádio em construção, causando a morte de dois operários.
BEIRA-RIO TAMBÉM ENCONTRA SOLUÇÃO
Na última semana, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou o projeto de lei que concede incentivos fiscais para financiar a instalação das estruturas temporárias do Beira-Rio para a Copa do Mundo. O impasse sobre quem bancaria a conta de R$ 30 milhões ameaçava a realização dos jogos em Porto Alegre, segundo autoridades e o próprio Inter.
Um dos principais problemas em alguns estádios nessa reta final de obras para a Copa do Mundo, a Fifa estuda até mudar seu planejamento para os próximos Mundiais, por conta dos inúmeros impasses no Brasil.
- Esse foi um grande problema que enfrentamos no Brasil. Essas responsabilidades (estruturas temporárias) são conhecidas há muito tempo. Todas as cidades-sedes assinaram os documentos. Vamos descobrir um jeito diferente de trabalhar no Rússia, que também terá 12 sedes. Na Rússia esse problema deverá ser minimizado, uma vez que teremos apenas um estádio privado. Os demais são todos do governo. Estádios privados não querem pagar por estruturas temporárias. Temos que achar um outro jeito daqui para frente – disse Jérôme Valcke, após reunião com membros do governo federal e do Comitê Organizador Local (COL), nesta quinta-feira, no Maracanã, no Rio de Janeiro.
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