Há menos de 80 dias para a Copa do Mundo, a Prefeitura de São Paulo ainda não realizou o credenciamento de vendedores ambulantes para a competição. Foi decidido apenas neste mês que estes profissionais poderão trabalhar durante os eventos do Mundial - jogos, Fifa Fan Fest e exibições das partidas em praças públicas. Uma reunião vai ocorrer nesta terça-feira para acertar os últimos detalhes sobre a venda de produtos no entorno da Arena Corinthians.
Enquanto a situação não se resolve, os vendedores ambulantes do estádio querem se adequar ao padrão Fifa. As irmãs Neusa e Josyneusa montaram uma barraca de comida no local há pouco mais de dois meses e ainda não sabem se poderão trabalhar durante o período da Copa.
- A gente já viu mais ou menos, mas depende muito da quantidade de pessoas que vão vir para o evento. O espaço aqui é muito pequeno, então não vai poder ter barraquinha porque não tem licença e para vender no carro é só se tiver espaço.
Irmãs Neusa e Josyneusa querem se credenciar para trabalhar na Copa
José Vieira, que trabalha na região desde antes do início das obras, está em situação semelhante.
- Eu tentei, já fui até à Prefeitura, estou com um cadastro lá, agora estou esperando o que vai ser. Mas eu preferia vender legalizado.
Porém, nem todos os ambulantes querem trabalhar na área Fifa. Devido a uma imposição da entidade, que permite apenas a comercialização de produtos das companhias parceiras, o sorveteiro Anailton Santos não vai atrás do credenciamento.
- Uma empresa quer que eu trabalhe para eles, mas eu prefiro ficar mais afastado e vender o meu produto, que faço em casa.
Operários 'atacam' o carrinho de sorvete
Embora haja uma divergência sobre trabalhar ou não para a Fifa durante a Copa, os quatro ambulantes têm um ponto em comum: todos enxergaram uma boa oportunidade de ganhar dinheiro.
- De início, a gente queria ter uma independência financeira sem trabalhar em firma. E percebemos que vem bastante gente para cá, tanto quem trabalha, quanto quem visita - disseram Neusa e Josyneusa.
Antes de investirem na sua barraca de alimentos, as irmãs fizeram uma pesquisa durante alguns dias para saber se valeria a pena montar o negócio no entorno do estádio. Já Anailton correu riscos menos calculados, mas se mostra satisfeito com as suas vendas.
Após o almoço, o carrinho de sorvete fica vazio
- Eu trabalhava no Anhembi e resolvi vir para cá porque era mais fácil para ganhar dinheiro e também é mais perto de casa. Os operários não tinham nada para se refrescar, agora tem um sorvetinho. É sempre assim, acaba tudo na hora do almoço - falou o sorveteiro.
Mesmo com o público-alvo formado apenas por funcionários da obra e visitantes, o ambulante José Vieira diz estar feliz com os resultados de seu comércio e faz um elogio aos seus clientes.
- Alguns visitantes vêm aqui, mas o negócio principal é com os operários. Eu vendo o que eu acho que eles precisam. Vendo bem, faço o meu negócio aqui.
- Quando eu não apareço, eles perguntam: "Cadê o seu Zé?". Estes são os verdadeiros clientes fieis.
O operário Robson Ribeira disse gostar do lanche do seu Zé e brinca:
- É mais fácil eu bater o cartão aqui do que na obra.
Seu Zé busca se tornar vendedor ambulante padrão Fifa