22/3/2014 14:36
Paulo André fala sobre sua saída e dispara: 'Marin e Del Nero ficaram felizes'
Paulo André chegou à maior conquista que um jogador pode ter em um clube brasileiro ao sagrar-se campeão do Mundial de Clubes em 2012, no Japão. O título, porém, não foi suficiente para assegurar o futuro dele no Corinthians. Após quase dois anos do título, o zagueiro aceitou a oferta do Shangai Shenhua, da China, e deixou o Parque São Jorge justamente durante um período conturbado depois da invasão de torcedores no CT Joaquim Grava.
Em entrevista exclusiva, ele nega ter se desligado do clube paulista por causa da confusão e provoca o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), José Maria Marin, e o vice Marco Polo Del Nero, também presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol).
Na China, Paulo André já fez dois jogos pelo Shanghai Shenhua - contra o Shanghai Shenxin e Hangzhou - pela Super Liga Chinesa e está de adaptando à nova vida no país. O ex-corintiano tem feito aulas de mandarim e aproveitado o tempo livre para conhecer os pontos turísticos e restaurantes da cidade. Confira abaixo a entrevista na íntegra:
iG: O que contribuiu para a sua saída do Corinthians? Foi a invasão no CT Joaquim Grava?
Paulo André: Foi uma soma de fatores. Diante de todas as possibilidades que eu tinha no fim de janeiro, a China, o desafio de morar na Ásia, aprender mandarim e a estabilidade financeira eram o melhor caminho a seguir. Estou feliz aqui e encontrei exatamente o que vim buscar.
iG: Logo após a sua transferência para a China, alguns apontaram a sua saída por um conflito político no Corinthians. Segundo o portal R7, o presidente Mário Gobbi não queria um atleta que criticasse a CBF. Isso é verdade?
PA: Nunca chegou para mim essa informação. Recebi o apoio público do presidente Mário Gobbi diversas vezes. Agora não tenho dúvida de que o (José Maria) Marin e o Marco Polo (Del Nero) ficaram felizes quando souberam que eu ia parar de pressioná-los publicamente a cada entrevista. É evidente também que eles não têm nada a ver com a minha decisão de jogar na China. Esta foi uma decisão minha, baseada no aspecto cultural e financeiro. Dentre as opções que se apresentaram naquele momento, essa era sem dúvida a melhor para mim. Agora, se o Marin ou alguém pressionou o Corinthians ou se o Corinthians achava que eu estava prejudicando o clube ou se o meu desempenho dentro de campo por causa do Bom Senso e por isso não quis me segurar ou renovar o meu contrato, eu não tive conhecimento. Seria a teoria da conspiração, e eu torço para que seja apenas uma teoria.
“Marin e Marco Polo ficaram felizes quando souberam que eu ia parar de pressioná-los publicamente em cada entrevista. Recebi apoio público do presidente Mário Gobbi"
iG: Você foi ameaçado por parte dos torcedores do Corinthians.Sentiu medo em algum momento? As ameaças o impediram de fazer algo?
PA: Todos os jogadores de todos os times grandes do Brasil são ofendidos e ameaçados nas redes sociais e no dia a dia do clube. Esse é um problema sócio cultural brasileiro, e o futebol é uma das principais vias de acesso para a exposição desse problema. Nunca me incomodei com esse tipo de pressão.
iG: E como está o período de adaptação na China?
PA: A adaptação está ótima. Estreamos com vitória, e a cidade de Shanghai é maravilhosa. Estou sendo muito bem tratado e desfrutando da escolha que fiz.
iG: Como você analisa um clube chinês, cujo o país não tem a tradição no futebol, dispor de uma estrutura tão boa? Você consegue comparar com os clubes o Brasil?
PA: O Futebol chinês está se desenvolvendo. As grandes empresas e os "novos ricos" decidiram investir no futebol e a tendência é que o mercado cresça substancialmente nos próximos anos. A segunda maior economia do mundo não ficará de fora desse bolo. Vai demorar um pouco, mas a China está no rumo certo para desenvolver seus talentos e atingir um bom patamar no cenário do futebol mundial.
iG: No Shanghai Shenhua você reencontrou o Afu. Você pode nos contar como vocês se conheceram?
PA: Quando eu jogava nos juvenis do São Paulo, morava em Cotia, e no centro de treinamento havia uma equipe de chineses que ficaram dois anos fazendo intercâmbio. Dividíamos o alojamento, o refeitório e os campos de treinamento. O Afu era um dos atletas que melhor falava português. Foi muito bom reencontrá-lo aqui e poder contar com a ajuda dele nessa adaptação a Shanghai.
iG: Para finalizarmos, como é a sua rotina no país? Tem tido aulas do idioma? Está conhecendo a cidade nas horas vagas?
PA: Comecei as aulas de mandarim e já estou bem instalado em um apartamento. Sempre que posso saio para jantar. No clube, há um tradutor que fala castelhano por causa dos dois colombianos do time e outro que fala inglês por causa de um jogador sírio. Eu estou sempre entre eles, pegando as informações para não ficar perdido nos treinos e jogos (risos).
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