20/3/2014 08:04
Com 14 rodadas de atraso e eliminado no Paulistão, Mano Menezes resolve escalar Corinthians no ataque.
Para duelo contra o frágil Bahia de Feira, técnico abre mão de esquema com três volantes
Em setembro do ano passado, Mano Menezes deixou o comando do Flamengo com a justificativa de que os jogadores rubro-negros não conseguiram compreender sua visão de futebol. E a julgar pelo péssimo início de trabalho no Corinthians, é provável que os atletas e, sobretudo, os torcedores alvinegros, também não estejam acompanhando o raciocínio do treinador gaúcho.
Várias decisões desastradas, ou no mínimo incompreensíveis, do técnico ajudam a explicar a eliminação do time no Paulistão – tratado como “Paulistinha” pelo próprio Mano Menezes, numa infeliz depreciação à história do maior campeão estadual. Mas a cereja do bolo foi mesmo abdicar do esquema com três volantes apenas nesta quarta-feira (18).
Antes de mais nada, gostaria de deixar claro que admiro o trabalho e a personalidade de Mano Menezes e acredito que ele conseguirá colocar o Timão nos eixos. Contrariei vários colegas ao aprovar seu retorno e a saída de Tite no fim do ano passado.
Mas seus primeiros três meses foram desastrosos e cheio de incoerências. Para começar, Mano bateu de frente com a principal estrela da equipe, Alexandre Pato, por considerar que o mimado atacante "transferiu responsabilidades" ao reclamar de seu posicionamento. Mas no último final de semana, o técnico fez muito pior, ao insinuar que o São Paulo teria contribuído para a eliminação corintiana. Isso sim é transferir responsabilidade!
Para piorar, Mano Menezes se intimidou com as críticas ao comportamento da defesa e se apegou a uma retranqueira formação com três volantes, sendo dois deles nada criativos (Ralf e Bruno Henrique). É verdade que a mudança deu resultados e contribuiu para a reação do time no Paulistão/Paulista/Paulistinha. Mas é inadmissível que um time bicampeão mundial entre na última rodada, precisando de vitória contra o Penapolense, sem um meio de campo mais criativo.
O técnico pode até dar a desculpa de que não teve Renato Augusto em forma durante o início de trabalho - outro fato inexplicável -, e dizer que a saída de Douglas prejudicou o setor. Mas como explicar a presença constante de Danilo no banco de reservas, ainda mais após o Corinthians ter renovado contrato com o meia de 34 anos? Isso sem falar no pobre Rodriguinho, que começou a temporada como titular e atualmente é uma espécie de assombração no elenco.
Por falar em contrato, Mano Menezes parece disposto a corrigir a todo custo a burrada da diretoria de ter renovado com o desinteressado Emerson Sheik. Para isso, no entanto, o técnico precisará reforçar o ataque, que tem no lesionado Guerrero e no jovem Luciano suas maiores referências no momento.
Mano Menezes terá tempo de sobra para dar a volta por cima e encontrar um esquema tão vencedor quanto o de sua primeira passagem. Mas se insistir em um meio de campo inoperante e em atacantes que não fazem gols, não me surpreenderia se o Timão desse outro vexame no segundo semestre. O "novo Corinthians" de Mano poderá ser visto nesta noite, na estreia da Copa do Brasil.
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