13/3/2014 08:19
Clubes podem ir à justiça contra a FIFA para atuar em casa no Brasileiro.
Entre os dias 19 e 24 de maio, tem início o período-exclusivo Fifa nos estádios que receberão jogos e treinos durante a próxima Copa. Por acordo firmado ainda em 2011, todos os clubes são obrigados a passar a chave de suas casas para que a entidade assuma o controle, mas um conflito de datas com as rodadas do Brasileiro tem feito dirigentes procurarem a CBF e cogitarem até mesmo a entrada na Justiça para reverem a situação.
Ao todo, os times irão a campo quatro vezes no intervalo para o Mundial. Boa parte deles não terá alternativa a não ser 'fugir' para outros locais por causa do contrato e terão, assim, afetados não só seus desempenhos técnicos como também suas rendas.
Até aqui, a resposta às solicitações para revisão na data de entrega tem sido todas negativas.
Os responsáveis por analisar os pedidos são o gerente de competição e serviços do COL (Comitê Organizador Local), Frederico Nantes, e o diretor financeiro da federação paulista, Rogério Cabloco, também ligado à CBF e ao próprio COL. O ESPN.com.br teve acesso a uma resposta encaminhada a uma das equipes pelo órgão.
Eles reforçam no documento o acordo firmado entre o fim de 2011 e início de 2012, e deixam claro que o repasse dos estádios 15 dias úteis antes dos primeiros compromissos não permite 'excepcionalidade' no tratamento.
O conselho arbitral da Série A, realizado no começo do mês, na sede da CBF, no Rio de Janeiro, foi palco de diversas sondagens feitas por clubes nesse sentido. O Inter foi um dos que aproveitou para tornar oficial o desejo de reversão de seus mandos contra Cruzeiro e Chapecoense nas rodadas 7 e 8, respectivamente.
Dessa forma, o time gaúcho não teria, por exemplo, de se refugiar no interior - o estádio do Vale, em Novo Hamburgo, também está 'comprometido' com a Fifa.
O problema é que, no período, o Cruzeiro também sofrerá com o mesmo dilema - o Mineirão foi escolhido como sede em Belo Horizonte e o Independência estará à disposição como campo oficial de treinamento (COT). Não existe esse conflito em relação à Arena Condá, em Chapecó, por outro lado.
Outros times também se movimentam. Existe entre eles, contudo, uma crítica a um suposto 'complô' por parte de CBF e COL no discurso para a rejeição de suas solicitações.
Alegando 'falta de bom senso e flexibilidade' por parte das entidades, o Vitória entrou em contato recentemente com o Comitê Organizador notificando sobre atrasos no Barradão em virtude das chuvas. Nos bastidores, membros do clube não descartam tirar proveito da justificativa para 'atrasar' em maio o repasse do palco à Fifa. Em último caso, conforme apurado pela reportagem, o caso pode parar até na Justiça.
A equipe rubro-negra está investindo mais de R$ 1,5 milhão em reformas no local - desse montante, o COL tem participação apenas na troca de gramado.
'É verdade. A gente fez esse pedido para que, ao invés de repassar o Barradão no dia 19, fazermos na manhã do dia 22, pois jogamos no dia 21 (contra o Atlético-MG). Seria a chance de nos despedirmos de nossa torcida e recuperar parte do alto investimento que estamos fazendo em toda a estrutura para receber as seleções. Até agora, a resposta foi negativa, mas entramos com pedido de reconsideração e estamos aguardando', afirma o presidente Carlos Falcão ao ESPN.com.br.
O cartola rubro-negro cita o gasto de R$ 300 mil somente com as mudanças nos vestiários.
Oficialmente, ele nega qualquer intenção de adotar uma postura unilateral em relação a esse assunto e partir para o confronto contra CBF e COL.
Durante a última Copa das Confederações, o estádio Independência, por exemplo, ficou ocioso por quase 30 dias e não chegou a ser utilizado por nenhuma das delegações que passou pela capital mineira - Taiti, Nigéria, Japão, México, Brasil e Uruguai.
Em conversas informais com representantes locais, o CEO do Comitê Organizador, Ricardo Trade, disse que, ao abrir precedente para qualquer equipe, terá de fazer o mesmo para as demais. Na Série A, os prejudicados pelo acordo com a Fifa seriam os seguintes: Atlético-MG, Atlético-PR, Bahia, Botafogo, Corinthians, Coritiba, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Goiás, Grêmio, Inter, Santos e Vitória.
Através de nota, o COL se manifestou a respeito do impasse.
'Com o objetivo de garantir que os estádios ofereçam as condições ideais para atender com conforto e segurança as 32 seleções da Copa do Mundo da FIFA, os milhares de torcedores e os cerca de 16 mil jornalistas, as sedes se comprometeram, por contrato, a disponibilizá-los 15 dias úteis antes do primeiro jogo em cada uma das estruturas.
A mesma garantia foi dada nos acordos assinados com os Campos Oficiais de Treinamento (COTs) - neste caso, são 15 dias úteis antes do primeiro treino, previsto para dois dias antes da partida.
O chamado 'período de uso exclusivo' garante que elementos fundamentais como, por exemplo, o gramado, estruturas e equipamentos necessários e sinalização estejam em plenas condições de uso.
Essas medidas são essenciais para garantir o sucesso operacional de um evento do porte da Copa do Mundo da FIFA e, por isso, exceções aos compromissos assumidos não serão feitas', explica a entidade.
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