12/3/2014 09:24
Responsabilidade de dirigentes sobre dívidas é ponto de conflito em proposta do Bom Senso
Com todos os estudos finalizados, o Bom Senso FC vai apresentar na próxima segunda-feira sua ideia de fair play financeiro para o futebol brasileiro. A implementação, no entanto, vai depender de muita negociação, especialmente por causa de um ponto: a responsabilização legal dos cartolas. A proposta pode custar uma reformulação no salários dos jogadores.
O movimento dos atletas parte de dois princípios para sugerir as mudanças: nos últimos cinco anos, o endividamento das 24 maiores equipes do Brasil teve um aumento de 74%; e a falta do pagamento de salários e direitos de imagens daqueles que estão em fim de contrato tornou-se uma prática mais do que comum no país.
De acordo com apuração do ESPN.com.br, o projeto final que será divulgado na semana que vem tem como base a criação de uma entidade, independente de governos e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), para controlar a vida financeira dos clubes, com a representação de vários segmentos. Dessa forma, os atletas esperam dois resultados: que os dirigentes não gastem mais do que possam e que os pagamentos estejam em dia.
Inspirados no modelo utilizado na Europa, a proposta prevê sanções que variam de caso para caso e vão desde um aviso e uma multa até a perda de um título ou prêmio. A cada janela de transferências, as diretorias dos times terão de enviar um relatório do dinheiro gasto até ali, para poderem entrar ou continuar nas competições em disputa, o que aumentaria a transparência nas gestões.
A ideia da entidade autônoma para ficar de olho nas contas e do compromisso de balanços periódicos para continuar nos campeonatos acaba com um importante problema vivido em São Paulo. A federação estadual comandada por Marco Polo Del Nero já possui um sistema semelhante de fair play financeiro, mas seu funcionamento é questionado: ele depende de denúncias dos próprios jogadores para que haja punição. Com medo de retaliações, isso raramente acontece e os departamentos financeiros seguem com dívidas.
Além desse instrumento, o Bom Senso FC quer que os dirigentes sejam responsabilizados legalmente por aquilo que deixam em seus clubes, especialmente no fim de mandatos, e aí é que vem o problema. De acordo com informações obtidas pela reportagem, esse ponto específico tem apoio do Ministério do Esporte, mas nem tanto dos deputados que discutem o tema no Congresso Nacional, junto com o Proforte, que trata das dívidas tributárias das agremiações com os governos municipais, estaduais e federal.
E o problema não está só em Brasília: os clubes aceitam discutir o assunto, mas têm outras reivindicações para colocar na proposta final.
"Os dirigentes têm uma série de reivindicações. O conceito [de responsabilidade legal de dirigentes] isolado não pode ser tratado. Esta é uma questão complexa que tem outras implicações", afirmou o presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro, representante da comissão formada pela CBF para debater a questão, para o ESPN.com.br.
"Só será consenso se o conjunto de reivindicações dos clubes também for atendido", completou o dirigente, que disse que não pode divulgar quais são as demandas levantadas pelos clubes nas últimas reuniões.
Segundo apuração da reportagem, uma das 'contrapartidas' a ser exigida pelas diretorias dos times é a questão da mudança no modelo de pagamento aos jogadores. A proposta de salários por produtividade tem ganhado força entre os cartolas, o que implicaria de cara em uma diminuição dos valores pagos no meio do futebol brasileiro, como o Palmeiras já começou a fazer e enfrentou dificuldades por causa do restante do mercado.
No fim do ano passado, o Bom Senso FC emitiu uma nota oficial falando sobre os problemas da modalidade no país e indicou que tinha "consciência" que o fair play financeiro implicaria em uma adequação dos salários, o que não é consenso na categoria.
Articulações
Antes de divulgar publicamente sua proposta, o Bom Senso se reuniu na última segunda-feira com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e o secretário Toninho Nascimento para compartilhar as ideias. O movimento foi representado pelo goleiro do Palmeiras Fernando Prass. De acordo com o jogador, o projeto foi bem recebido no encontro.
O governo ficou responsável por articular um encontro com as outras partes envolvidas no assunto, como os clubes e deputados que estão debatendo as dívidas do futebol em Brasília. Nesta quarta-feira, a comissão do Congresso Nacional realizará uma audiência pública sobre o tema.
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