O torcedor do Corinthians costuma dizer que "tudo para o time é mais sofrido" e tende a supervalorizar vitórias dramáticas. Foi exatamente isso que o brasileiro Mauro Vinícius da Silva, conhecido como Duda, fez há três dias, em Sopot (Polônia), depois de faturar o bicampeonato mundial indoor do salto em distância. Nesta terça-feira, no desembarque em Guarulhos (São Paulo), o saltador comemorou a conquista "corintiana" e revelou ter convivido com gozações por causa do revés do time alvinegro no domingo.

Duda, que já havia sido campeão mundial indoor em Istambul (2012), conquistou o segundo título em uma bateria emocionante. Nas cinco primeiras tentativas, ele ultrapassou apenas duas vezes (na primeira e na quarta) a marca de oito metros. Ele era o quinto colocado até o último salto, quando cravou 8,28m e ficou com o ouro.

A classificação para a decisão já havia sido igualmente emocionante. Duda entrou na prova final com um salto de 8,02m, sétimo melhor entre os postulantes ao ouro, mas essa marca só foi obtida pelo brasileiro no último salto.

"A delegação do Brasil tem muitos torcedores de outros times, como São Paulo e Palmeiras, e eu fico brincando que esse sofrimento é coisa de Corinthians. Quando eu acertei o último salto, o [fisioterapeuta] Rodrigo [Solla Iglesias] comemorou brincando comigo e perguntou se tinha de ser tão sofrido. Eu respondi que aqui é Corinthians", contou Duda nesta terça-feira.

O sofrimento necessário para a conquista gerou incômodo até para Aristides Junqueira, o Tide, técnico do saltador brasileiro. "Eu acho que ele tenta se vingar de mim. Como eu judio muito dele nos treinos, ele tenta fazer algo igual nas competições e deixa sempre para o fim. Tem de ser assim, com sofrimento", brincou o responsável pela preparação de Duda.

Só que o estilo "Corinthians" do saltador não gerou apenas comemoração. Isso também rendeu uma série de provocações ao bicampeão mundial. Sobretudo porque o time alvinegro perdeu para o São Paulo por 3 a 2 no último domingo, em clássico válido pela fase de classificação do Campeonato Paulista.

"Eu não vi o jogo, mas o pessoal tem um serviço que recebe mensagens no celular sempre que sai um gol. Nós ficamos acompanhando, e o Rodrigo, que é são-paulino, ficou me zoando depois", relatou o atleta.