O ambiente nos bastidores do Parque São Jorge se intensifica com as discussões em torno da SAFiel e da reforma do estatuto do Corinthians. Conselheiros do clube expressam insatisfação devido à falta de tempo adequado para debater o projeto elaborado por Romeu Tuma Júnior, levantando até a possibilidade de judicializar a proposta. Conforme noticiado pela Gazeta Esportiva na última semana, Tuma, que preside o Conselho Deliberativo, mantém a intenção de levar o projeto de reforma estatutária à votação até o final deste mês, apesar da crescente pressão para uma discussão mais abrangente.

A reunião para tratar desse assunto está agendada para o dia 24 de novembro. Entretanto, os planos de Tuma têm gerado um conflito interno, uma vez que Paulo Pedro e outros membros do Conselho de Orientação (Cori) acreditam que os conselheiros necessitam de mais tempo para avaliar o projeto em profundidade. Eles prometem judicializar a reforma caso não haja uma discussão ampla do texto que foi apresentado em coletiva no dia 27 de outubro.

Os conselheiros esperam que possam ocorrer mais reuniões além do encontro previamente marcado, tendo em vista a complexidade do assunto. Contudo, Tuma se mostra inflexível, argumentando que os conselheiros podem se reunir informalmente para discutir o projeto ou enviar propostas ao Conselho Deliberativo, de modo que o dia 24 fique exclusivo para a votação do novo estatuto. Ele já manifestou publicamente o desejo de concluir esse processo antes do final de 2025.

Por outro lado, as discussões acaloradas em torno da reforma estatutária podem impactar o processo de votação da SAFiel. Esta proposta, que visa transformar o Corinthians em uma Sociedade Anônima do Futebol, ainda está estagnada. Uma das principais razões é a recomendação do departamento de compliance, que levantou questionamentos a respeito da proposta apresentada pelo grupo a Tuma e ao presidente do clube, Osmar Stabile, sugerindo que a diretoria não assine a carta de intenções por ora.

Foram três pontos críticos identificados pelo compliance do clube. O primeiro deles diz respeito ao fato de a empresa Invasão Fiel S.A ter sido criada recentemente, com um capital social considerado baixo, de apenas R$ 3 mil, enquanto promete arrecadar R$ 2,5 bilhões para quitar dívidas do Corinthians e investir no futebol. Além disso, um dos idealizadores da SAFiel, Maurício Chamati, foi mencionado em um processo por estelionato, que foi arquivado, mas está registrado na investigação. Também é relevante o histórico de Chamati, cofundador do Mercado Bitcoin, com a gestão anterior do clube, liderada pelo ex-presidente Augusto Melo, tendo ele atuado por sete meses no Comitê Independente de Finanças do Corinthians.

Após a dissolução deste Comitê, extinto após o impeachment de Melo, Chamati passou a trabalhar na elaboração da SAFiel ao lado de Carlos Teixeira e Eduardo Salusse. O projeto foi oficialmente lançado em 28 de outubro deste ano. Em resposta às 'red flags' levantadas, a SAFiel declara que está aberta ao diálogo com os conselheiros e sócios do clube em relação à proposta.

A responsabilidade de decidir se o Corinthians irá ou não assinar a proposta da SAFiel está nas mãos de Osmar Stabile. Contudo, as chances de que o presidente avance com a proposta neste momento são reduzidas, considerando a recomendação do compliance. Em uma declaração recente, após o evento de lançamento do Campeonato Paulista de 2026, Stabile afirmou que não assinará nada enquanto os questionamentos levantados não forem devidamente esclarecidos.

"Nós recebemos o projeto e levamos para o compliance. O Corinthians possui um compliance que funciona, e não vamos deixar nenhuma herança maldita para frente. Se houver apontamentos, o Corinthians vai aguardar suas resoluções antes de discutir a parte técnica e de marketing", concluiu Stabile, reafirmando a política de cautela em relação a propostas semelhantes.