No início desta semana, Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, apresentou o anteprojeto de reforma do estatuto do clube. Este documento propõe mudanças significativas, incluindo a concessão do direito de voto ao Fiel Torcedor e a possibilidade de transformação do Corinthians em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Além disso, há diretrizes que afetam a gestão financeira e a estrutura organizacional do clube.

Uma das principais modificações propostas é a ampliação dos mandatos dos dirigentes, que passariam de três para quatro anos. Essa nova norma se aplicaria ao presidente, vice-presidentes e membros dos Conselhos Deliberativo, de Orientação e Fiscal. Outro destaque é a redução do período mínimo de associação necessário para que um sócio possa votar na Assembleia Geral, que agora será de quatro anos, ao invés de cinco.

Outra iniciativa relevante apresentada no anteprojeto é a criação de um Plano de Cargos e Salários (PCS), que permitirá a remuneração de dirigentes do clube. O artigo 103-A do projeto estabelece que esse plano deve detalhar claramente as posições, funções, atribuições e salários dos profissionais que compõem a estrutura do Corinthians, com a transparência garantida através da publicação dessas informações no Portal da Transparência.

O projeto também prevê a contratação de um CEO (Chief Executive Officer) para supervisionar a gestão operacional do clube. O CEO deverá ter experiência comprovada em gestão esportiva e será selecionado através de um processo recrutado por uma empresa especializada. As diretrizes para sua nomeação e demissão buscam garantir a estabilidade administrativa, exigindo aprovação do Conselho Deliberativo para qualquer eventual desligamento.

Além do CEO, a proposta sugere a contratação de um 'Prefeito' do Parque São Jorge, que coordenará as atividades operacionais e administrativas do clube. O mandato deste profissional é de até quatro anos, com a possibilidade de prorrogação, e deverá, como o CEO, atender a critérios de qualificação.

No que tange à gestão financeira, o anteprojeto apresentará normas mais rigorosas de fiscalização, proibindo, por exemplo, que a diretoria antecipe receitas de forma descontrolada ou descumpra obrigações tributárias. Além disso, uma prática de gestão irregular poderá resultar em responsabilização pessoal, afetando até mesmo os bens particulares dos dirigentes envolvidos.

Os cartões corporativos, frequentemente alvo de polêmicas, agora também terão regras definidas. O uso destes cartões será restrito ao presidente e aos vice-presidentes, com um rigoroso sistema de prestação de contas e limitações específicas em relação aos gastos.

Outra proposta relevante é destinar até 0,5% do orçamento do clube ao Conselho Deliberativo, para que este possa manter sua independência, embora não implique numa remuneração direta a conselheiros. O presidente do Conselho esclareceu que essa medida é essencial para viabilizar a atuação autônoma desse órgão de fiscalização.

As mudanças propostas também incluem a ampliação da Comissão de Ética do clube, que passaria de cinco para 11 membros, assegurando assim uma diversidade de opiniões e uma supervisão mais efetiva das atividades do Corinthians.

O anteprojeto ainda deverá ser submetido a duas votações: inicialmente pelo Conselho Deliberativo e, posteriormente, pelos associados em Assembleia Geral. Caso aprovado, as novas diretrizes poderão entrar em vigor imediatamente, enquanto a possibilidade de voto ao Fiel Torcedor deverá ser aplicada a partir de 2030.