A sala de treinamento cognitivo do Corinthians, localizada no CT Dr. Joaquim Grava, é um espaço inovador que integra tecnologia avançada para aprimorar o desempenho mental dos atletas. Equipamentos como telas interativas, óculos de realidade virtual e atividades tecnológicas visam treinar o cérebro em paralelo ao treinamento físico tradicional. De acordo com o preparador mental Lulinha Tavares, que se juntou à equipe em janeiro, a proposta vai além do cuidado com a saúde mental; trata-se de desenvolver a performance mental do jogador, um aspecto essencial no esporte de alta competição.
A performance mental é dividida em autoconhecimento e habilidades como controle da ansiedade, respiração e batimentos cardíacos, além de treinar a atenção, reação e controle de impulsos. Essa abordagem é cada vez mais relevante, especialmente em um ambiente esportivo onde cada milésimo de segundo pode fazer a diferença nas decisões tomadas durante a partida. Com isso, os atletas se tornam mais conscientes e preparados mentalmente para enfrentar os desafios nas competições. Lulinha cobra que os atletas admitam a importância do treino para a superação em campo.
Os jogadores têm a opção de participar das atividades na sala de treinamento cognitivo, embora sua adesão ainda não seja obrigatória. A vitória é convencê-los dos benefícios proporcionados. Por exemplo, o atacante Gui Negão relatou que, após vencer seu medo inicial com a ajuda de companheiros mais experientes, se tornou um dos frequentadores mais assíduos da sala, reconhecendo os ganhos em concentração e tomada de decisões que obteve.
Um dos exercícios preferidos de Gui Negão envolve usar óculos que vedam a visão em certas áreas ao piscar. O jogador deve identificar letras enquanto toca uma bola. Lulinha explica que esse tipo de atividade estimula a neuroplasticidade, melhorando a velocidade de reação dos atletas, aumentando sua confiança e autocontrole. Além disso, Gui lidera o ranking de um exercício chamado "toque rápido", onde deve tocar o máximo possível em círculos que aparecem em uma tela dentro de um minuto.
Outro exercício importante é o "trilhas de números", que ajuda no desenvolvimento do raciocínio e da atenção sustentada. O goleiro Felipe Longo se destacou nesta atividade, que desafia os jogadores a tocarem círculos com números na ordem correta. A prática é essencial no contexto das partidas, pois prepara os atletas para tomarem decisões rápidas e assertivas, mesmo em momentos de cansaço.
Lulinha, que também acompanha a equipe durante os jogos, vê a integração do treinamento cognitivo como um desenvolvimento necessário. Ele enfatiza que, enquanto o corpo tem limites, a capacidade do cérebro ainda pode ser explorada. Ao integrar práticas de neurociência no cotidiano dos atletas, o Corinthians se posiciona na vanguarda do treinamento esportivo no Brasil, buscando não apenas melhorar a saúde mental, mas a performance global de cada jogador. A perspectiva é que, no futuro, todos os jogadores passem por avaliações cognitivas ao iniciar a temporada, similar aos exames médicos e físicos já realizados.
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