Augusto Melo, presidente do Corinthians, foi intimado pela Polícia Civil de São Paulo a prestar depoimento no inquérito que investiga o acordo e as consequências do contrato entre Corinthians e VaideBet, firmado no início de 2024. Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo do clube, mas ainda ativo na rotina da diretoria, e Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing do clube e um dos líderes estratégicos da campanha eleitoral de Augusto, também foram notificados pela Polícia nesta quarta-feira. O trio foi qualificado como "investigado", e não como testemunha. As oitivas foram agendadas para os dias 14, 15 e 16 de abril, ou seja, daqui a duas semanas. Marcelo Mariano será o primeiro a ter de se explicar. No dia seguinte, Sérgio Moura é quem responderá aos questionamentos das autoridades. Por fim, na terceira data, a Polícia espera ouvir Augusto Melo. O caso está sendo conduzido pelo Delegado Tiago Fernando Correia, do DPPC (responsável por casos de lavagem de dinheiro), com o apoio do Promotor de Justiça do Gaeco (Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Juliano Carvalho Atoji. Cerca de 20 depoimentos já foram colhidos nesta investigação, que começou em maio de 2024. As notificações de Augusto Melo, Marcelo Mariano e Sérgio Moura, como investigados, sinalizam que o inquérito está perto do fim. Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, é comum os principais suspeitos serem os últimos a depor em casos semelhantes a este. Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing do Corinthians.
O risco de todos os investigados, neste momento, é a Polícia Civil concluir que há indícios, de autoria ou materialidade, de crime. Nesta hipótese, a Polícia encaminha o indiciamento dos indivíduos ao Ministério Público, responsável por fazer a avaliação das provas colhidas. Por último, um promotor de Justiça pode oferecer a denúncia ou optar pelo arquivamento do inquérito policial. O acordo entre Corinthians e VaideBet ganhou a atenção das autoridades públicas após a descoberta de repasses de receitas oriundas de pagamentos do clube para a Rede Social Media Design LTDA, empresa citada no contrato como intermediadora do negócio.

Na sequência, parte destes valores foram transferidos para uma empresa 'laranja' e chegaram a uma conta vinculada ao crime organizado. Esta participação deu à empresa o direito a receber 7% do valor total do acordo entre o clube e a VaideBet, o que, à época da vigência da parceria, renderia, ao fim do período de três anos, R$ 25,2 milhões, quantia que deveria ser repassada pelo clube, em parcelas mensais de R$ 700 mil. Em dezembro de 2024, José André da Rocha Neto, proprietário da VaideBet, em depoimento à Polícia, tornou o caso ainda mais suspeito ao não reconhecer Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, dono da Rede Social Media Design LTDA, como a responsável pela intermediação do negócio.

Rocha Neto ainda apontou Antonio Pereira dos Santos, conhecido como Toninho Duettos, como o intermediário de fato. Ouvido pela Gazeta Esportiva e pela Polícia, Toninho, que é sócio do cantor Gusttavo Lima, argumentou que chegou em Augusto Melo por meio de Washington Araújo, que trabalhou na campanha do presidente corintiano junto com Cassundé, Marcelo Mariano e Sérgio Moura e atualmente tem um cargo no clube. Washington Araújo teve o depoimento registrado nesta quarta-feira. Marcelo Mariano, à esquerda, ao lado do presidente Augusto Melo.