O atacante Ángel Romero, do Corinthians , disse nesta sexta-feira que o Brasil "é o país com mais racismo" e que "tem que arrumar o problema que tem internamente e depois ver o que acontece fora." As declarações de Romero foram dadas a uma rádio do país dele, o Paraguai. O tema da discriminação racial ganhou destaque por lá nas últimas semanas, depois de o atacante Luighi, do sub-20 do Palmeiras, ter denunciado ataques racistas durante uma partida contra o Cerro Porteño, pela Conmebol Libertadores da categoria.
Aqui é o país com mais racismo. Sempre digo isso, comento isso aqui. Creio que o Brasil tem que consertar primeiro as coisas internamente. Obviamente, eles se preocupam mais com o que acontece fora, Paraguai, Espanha, em todos os lados. Claro que não é bom sofrer esse tipo de discriminação, de racismo, mas aqui, internamente, os brasileiros são muito racistas também entre eles. Creio que primeiro eles têm que arrumar o problema que têm internamente e depois ver o que acontece fora – disse Romero, à "Rádio ABC Cardinal".
Eu vivo isso diariamente, discriminação, preconceitos, todos os tipos de insulto contra meu país, minha nacionalidade. Uma vez comentei isso numa entrevista coletiva. É algo diário. Eu tenho muito orgulho de onde veio. Se me chamam de índio, eu tenho orgulho de ser paraguaio, ser índio, ter essa raça Guarani. Creio que passa por esse motivo. Sempre que me insultam, eu me sinto lisonjeado porque é de onde venho, sou paraguaio, sou dessa raça, não chega a ser um insulto para mim.
Em 2018, Romero já havia se queixado de sofrer ataques xenofóbicos no Brasil. Na época, ao criticar o atacante, um radialista declarou que o Paraguai era uma "aldeia indígena" e que "movimentava a economia através de tráfico de drogas e contrabando de armas." – Eu, supostamente, ofendi a um clube, o Santos. E vocês, na maioria, insultam um país, que é diferente. Uma nação. E não é de agora. Faz quatro anos que estou aqui, e sinto que não só aqui no Corinthians se vê essa situação. Não só com Kazim, Balbuena e Romero. Mas com os estrangeiros que vêm jogar no Brasil – declarou o jogador na época.