Os bastidores do Corinthians estão pegando fogo. Na próxima segunda-feira, o Conselho Deliberativo se reúne no Parque São Jorge para votar o pedido de impeachment do presidente Augusto Melo. Mesmo na corda bamba e correndo real risco de ser afastado do cargo, o dirigente se diz confiante em uma vitória política. – Os nossos conselheiros hoje são pessoas qualificadas que conhecem as coisas e entendem do Corinthians . Eles não vão cair nesse golpe. Tenho convicção de que estarei aqui na terça-feira. Deus me colocou aqui e só Deus me tira. Se Ele me colocou aqui é porque tem um propósito – afirmou Augusto em entrevista ao canal "Identidade Corinthiana".
Na visão do presidente do Timão, o processo de impeachment está amparado em interesses pessoais de determinadas pessoas que frequentam o clube. Em sua defesa às vésperas da eleição que pode mudar os rumos da equipe do Parque São Jorge para esta temporada, Augusto fez duas críticas aos seus opositores. – O Corinthians está sendo melhorado em tudo, vai voltar a ser protagonista, mas eles (oposição) não querem deixar a gente trabalhar. Não vou abandonar jamais o meu cargo. A princípio, me sufocaram financeiramente com toda aquela coisa orquestrada de empresário, justiça e bloqueio. Com tudo isso, estamos honrando nossos compromissos. De que forma? Buscando receitas fora e dando credibilidade para o clube.
A votação deveria ter sido realizada no dia 2 de dezembro, conforme convocação prévia do Conselho Deliberativo. Contudo, o presidente do Corinthians obteve uma liminar na Justiça minutos antes do início do processo e conseguiu adiar a reunião. Agora, no entanto, os conselheiros foram novamente convocados para darem o parecer sobre o pedido de impeachment. Caso a maioria dos presentes vote favoravelmente, Augusto será imediatamente afastado do cargo de maneira provisória.
A destituição precisa ser referendada pelos sócios do clube em assembleia geral. Se isso ocorrer, a presidência do Corinthians será assumida temporariamente pelo primeiro vice-presidente, Osmar Stábile, até que uma nova eleição seja marcada, com a participação apenas de conselheiros. Entretanto, se os associados não aprovarem o impeachment, o Augusto Melo é reconduzido ao cargo. O presidente alvinegro tem mandato até o fim de 2026.
O processo de impeachment é essencialmente político, embora se baseie em argumentos jurídicos. O estatuto do Corinthians determina que são motivos para destituição: a) ter praticado crime infamante, com trânsito em julgado da sentença condenatória; b) ter acarretado, por ação ou omissão, prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do Corinthians ; c) não terem sido aprovadas as contas da sua gestão; d) ter infringido, por ação ou omissão, expressa norma estatutária; e) prática de ato de gestão irregular ou temerária.
O pedido de impeachment de Augusto Melo se baseia primordialmente nas supostas irregularidades do contrato com a VaideBet, que ainda está sob investigação da Polícia Civil. Os signatários do documento argumentam que, devido a atuação e omissão de Augusto, "a imagem da instituição foi arremessada num lamaçal de notícias degradantes" e teria infringido também a Lei Geral do Esporte.