Ramón Díaz, técnico do Corinthians, ao lado de seu auxiliar, Emiliano, seu filho, chegaram ao clube com o claro objetivo de evitar o rebaixamento. A missão foi cumprida com sucesso, inclusive com uma sequência de nove vitórias na reta final do Campeonato Brasileiro. E essa arrancada tem a marca da mentalidade argentina implementada pelos dois: psicológico blindado e intensidade de jogo.
Desde a época em que era jogador, Ramón entendeu a necessidade de investir tempo e dedicação à parte mental. O treinador já falou diversas vezes sobre a responsabilidade que a comissão técnica tem sobre a confiança dos atletas e, por isso, é adepto a ter um profissional de psicologia integrado ao CT. O UOL apurou que pai e filho foram responsáveis por dar uma "injeção de ânimo" no elenco pelo método de trabalho.
Os técnicos não têm medo de criar conexões com os atletas, abrir espaço para diálogo e adaptar o esquema tático aos jogadores, quando necessário. Inclusive dividem funções e treinos ao longo da semana: Emiliano é o mais presente dentro do gramado, enquanto Ramón desenvolve as estratégias.
Em um exemplo recente, os treinadores evitaram o rebaixamento do Vasco em 2023, apesar da limitação técnica e falta de contratações. Além disso, a mudança de mentalidade é uma proposta dos Díaz, que não desejam brigar pelo rebaixamento em 2025. "O Corinthians tem que pensar e mudar de mentalidade, não tem que jogar mais pelo rebaixamento, nunca mais. É um grande clube e tem uma das melhores torcidas do Brasil. Tem que pensar grande, pensar em conseguir coisas importantes. Tivemos duas semifinais, no ano que vem temos que apontar para brigar por coisas importantes", afirmou Ramón.
O segredo para o Corinthians ter engrenado no Brasileirão foi a maior intensidade do time. Ramón é adepto ao esquema 4-3-1-2, em formato de losango de meias na região central e uma dupla de ataque.
Porém, esse sistema — que conta com adaptações e variações durante os 90 minutos — não funciona sem um alto volume de jogo. Isso porque o ataque depende de jogadas de velocidade e uma transição inteligente com o meio-campo. Até por isso, o modelo tático adotado por Ramón Díaz é uma quebra de paradigma no futebol brasileiro.
O argentino atingiu um aproveitamento de 66,6% no Timão no Campeonato Brasileiro — só perdendo para Tite, que teve 69,6%. Foram 22 partidas, 13 vitórias, 5 empates e apenas 4 derrotas. O que estamos falando com os jogadores, que temos que nos adaptar ao adversário, a quem formos encontrar. A equipe tem capacidade e características e jogadores para jogar de maneiras distintas. Pensamos que tínhamos que jogar assim, porque era uma equipe que joga bem por dentro, que tecnicamente é incrível, está brigando em cima. Creio que os jogadores interpretaram muito bem e todo o trabalho que fizemos nestes três, quatro dias, estamos felizes, com Emiliano, com todo o corpo técnico e jogadores. Souberam se adaptar ao que pretendíamos e ao jogo que iríamos jogar. Estamos contentes por isso. Ramón Díaz, após vitória sobre o Bahia por 1 a 0, em julho
Pai e filho estão totalmente alinhados com Fabinho Soldado, executivo de futebol, na manutenção do elenco em 2025. A expectativa é que o grupo mantenha o alto nível em busca de um título. A exigência será maior, porque muitas vezes quando vivíamos momento delicado, tínhamos que lidar com certas coisas que são difíceis. No momento ruim, o planejamento é brigar por tudo, com mais vontade, com mais concentração. Cometemos erros que não podemos cometer, e o planejamento é esse. Estamos fazendo coisas boas há quatro meses, duas semifinais e um segundo turno em segundo. É seguir com o que estamos fazendo e ter mais exigência porque será um ano de mais pressão. Estamos preparados, elenco está preparado, de pressão como corintianos, sabemos o que temos que suportar. Foi um dos anos mais difíceis do clube, o grupo colocou a cara, acho que estamos acostumados. O pior passou e o melhor está por vir. Emiliano Díaz, auxiliar técnico do Corinthians, em coletiva na última rodada do Brasileirão 2024