A segunda-feira é decisiva para o futuro do Corinthians . Nesta noite, o Conselho Deliberativo do clube se reúne no Parque São Jorge para votar o impeachment do presidente Augusto Melo. O tema vem agitando os bastidores do Corinthians e gera dúvidas entre os torcedores. Para esclarecê-las, o ge apresenta abaixo perguntas e respostas sobre o processo de destituição. Confira! Quem participa? Os membros do Conselho Deliberativo do clube. Atualmente, o órgão tem cerca de 300 conselheiros, sendo 200 trienais e 100 vitalícios. Em votações importantes, aproximadamente 250 pessoas costumam comparecer. Como será a reunião? Ela está prevista para começar às 18h, mas a tendência é que atrase. Espera-se que o encontro possa durar de duas a três horas. Por determinação do estatuto do clube, Roberson Medeiros, presidente do Comissão de Ética e Disciplina, fará uma apresentação de até 30 minutos. Ele defenderá a suspensão ou arquivamento do processo a fim de aguardar o fim do inquérito policial que investiga o contrato de patrocínio do Corinthians com a Vaidebet - um dos principais argumentos para o impeachment. O presidente Augusto Melo ou um representante dele também terá direito de apresentar a defesa por até meia hora. Caso queiram, um membro da Comissão Jurídica do Conselho e um dos representantes do grupo que protocolou o pedido de impeachment também poderão falar. Como funciona a votação? Após as apresentações, será aberta a votação por meio de cédula de papel, de forma sigilosa. Conselheiros pediram que a votação fosse nominal, mas o pedido foi rejeitado, uma vez que o estatuto determina que o sigilo em casos desse tipo. A apuração dos votos acontece logo na sequência. E se o impeachment for aprovado? Se houver maioria pela destituição de Augusto Melo, ele será afastado imediatamente do cargo. No lugar dele assume o primeiro vice-presidente, Osmar Stábile. Porém, Augusto só será afastado definitivamente do comando do Corinthians se os sócios do clube ratificarem essa decisão. O presidente do Conselho tem até cinco dias para agendar uma assembleia geral dos associados. Não há prazo pré-definido para essa votação acontecer. A tendência é que ela seja marcada para a primeira quinzena de janeiro. Caso os sócios rejeitem o impeachment, Augusto Melo volta à presidência. Se a destituição for aprovada, o Conselho Deliberativo é convocado para eleger o novo presidente - podem concorrer e votar no pleito apenas os membros do órgão. O que embasa o impeachment? Embora se baseie em argumentos jurídicos, o processo de impeachment é essencialmente político. O estatuto do Corinthians determina que são motivos para destituição: a) ter praticado crime infamante, com trânsito em julgado da sentença condenatória; b) ter acarretado, por ação ou omissão, prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do Corinthians ; c) não terem sido aprovadas as contas da sua gestão; d) ter infringido, por ação ou omissão, expressa norma estatutária; e) prática de ato de gestão irregular ou temerária. O pedido de impeachment de Augusto Melo se baseia primordialmente nas supostas irregularidades do contrato com a VaideBet, que ainda está sob investigação da Polícia Civil. Os signatários do documento argumentam que, devido a atuação e omissão de Augusto, "a imagem da instituição foi arremessada num lamaçal de notícias degradantes" e teria infringido também a Lei Geral do Esporte. Embora a Comissão de Ética tenha recomendado a suspensão do processo neste momento (ou seja, seja contrária ao impeachment agora), os conselheiros do clube podem votar pela destituição do presidente.
Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians — Foto: reprodução